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Armani/Ristorante Milano: Um macaron Michelin, com sobremesas que valem 3

Enquanto para ser bem sucedido na moda, gerar desejo é um dos maiores desafios para o sucesso, na restauração e na hotelaria são muitas  outras complexas variáveis envolvidas para atingir o mesmo resultado. Apesar do sólido sucesso de Giorgio Armani no mundo da moda, dos perfumes e do design  (já são 40 anos de uma carreira sem igual de tão bem sucedida), foi com desconfiança que muita gente recebeu a notícia da abertura do hotel e restaurante do estilista em Milão (cidade com tradições hoteleira e gastronômica bastante consolidadas, e um público internacional bastante exigente). Seria apenas uma aventura com prazo de validade definido (como o Gold do Dolce & Gabanna, que já fechou)?; Com filiais em Nova York e Tóquio, o restaurante seria apenas mais um lugar da moda, para ver e ser visto? Mas, depois de cinco anos de sua abertura e algumas correções ao longo do caminho, não dá para não dizer que o restaurante é um sucesso. E uma delícia. A vista panorâmica do ristorante, que fica no sétimo e penúltimo andar do edifício que concentra o império do estilista (tem lojas das marcas secundárias — a loja Giorgio Armani flagship  fica na Montenapoleone —, livraria, boate, doceria, floricultura, hotel, um restaurante Nobu); a comida criativa feita com ingredientes locais num país com tradições gastronômicas conservadoras (já reconhecido com um macaron  Michelin); o cinematográfico piso xadrez de ônix creme e preto, iluminado por baixo (o que faz com que você se sinta numa passarela); e, por fim, sim, o fato de ser um restaurante assinado por um estilista em uma das capitais da moda do mundo, fazem com que uma refeição no Armani Ristorante — café da manhã, almoço ou jantar (vá cedo para aproveitar a vista do skyline  no pôr do Sol) — seja uma das experiências quintessenciais de Milão.

O menu do chef  Filippo Gozzoli, atualizado a cada três meses para aproveitar os ingredientes da estação, tem como base a busca pelo umami  (talvez por isso os pratos sejam tão saborosos; saiba o que é o quinto gosto  clicando aqui). E, diferentemente da grande maioria dos restaurantes milaneses (sempre tradicionais, conservadores), o que se encontra aqui são pratos leves e elaborados com ingredientes nem sempre óbvios (como crista de galo; ’nduja, um salame de porco bem temperado; pil pil; tem de dar uma perguntada) mas que dão certo. Só o cardápio enxuto que torna a vida dos vegetarianos ou dos que comem apenas peixe um pouco difícil (o risotto  e o polvo podem levar tutano e caldo de carne; a massa pode levar carne, porco ou coelho; e duas das três opções de peixe levam ou uma quantidade generosa de presunto cru ou foie gras ).

Como as porções são pequenas, não tenha medo de pedir o antipasto (com uma taça de Franciacorta, o espumante com denominação de origem controlada da região, para acompanhar), o primo piatto (que na Itália é geralmente um risotto ou uma massa), o secondo (peixe ou carne)… Só não deixe de pedir uma sobremesa, ou duas, se você aguentar: são lindas, sofisticadas, inesperadas, cheias de sabores e texturas (com o café vêm mais pequenas delícias para a mesa). Mesmo em restaurantes com três macarons Michelin é difícil encontrar sobremesas desse nível.

De resto, peça para ir ao banheiro (é tão invisível que alguém terá de te levar até lá), tome um drinque pré-jantar no lindo lounge  com pé-direito de quase sete metros que antecede o restaurante, o Armani/Bamboo Bar (aberto das 9h à 1 da manhã), ou estique a noite no Armani/Privé, a boate com door policy rigoroso que fica no subsolo do edifício para ter uma experiência Armani completa.

armani-ristorante-milao-milano-1200-5Sobriedade na decoração com inspirações orientais que tem como destaque a vista para o skyline de Milão (na foto, com a Duomo ao fundo) e o piso xadrez de ônix. Imagem: Divulgação | Armani Hotel Milano
armani-ristorante-milao-milano-1200-7
O chão e as bancadas estão sempre iluminados, até mesmo para o café da manhã. Imagem: Divulgação | Armani Hotel MilanoArmani-Ristorante-MilanoComo antipasto, bacalhau cremoso com polenta di Storo (uma região próxima), oyster leaf (uma folha que tem gosto de ostra! que cresce de forma selvagem em lugares bem frios como o Norte do Canadá e a Groelândia) e redução de sake. Muito, muito bom. Imagem: Shoichi IwashitaArmani Ristorante MilanoLagosta com ’nduja (um salame de porco bem temperado), jamón  Pata Negra e coentro. Lagosta impecavelmente cozida e muito umami. Imagem: Shoichi IwashitaArmani Ristorante MilanoAs sobremesas são impressionantes. Na foto, Cassis: creme de cassis, biscoito de chocolate salgado e sorvete de vinho brûlé. Imagem: Shoichi IwashitaArmani Ristorante MilanoSegunda sobremesa, seguindo a mesma linha de contraste de texturas e temperaturas, Avelã (Nocciola): parfait  de avelã com caramelo crocante, espuma de alcaçuz e limão. Divino. Imagem: Shoichi Iwashita

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Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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