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O Lobo de Wall Street

Assim como na vida real, não, o bad guy  não se ferra no final. Moralismos à parte (muitos dos familiares dos envolvidos e pessoas prejudicadas pediram boicote ao filme), os valores por trás do modo de vida de Jordan Belfort, o rapaz simples que se tornou milionário em pouco tempo vendendo ações de empresas de fundo de quintal para pessoas humildes e ignorantes prometendo um futuro — não cumprido — de riqueza e prosperidade, são a base do sistema capitalista. Dos operadores de Wall Street às letras do funk-ostentação, na evangelização do dinheiro o importante é tê-lo. E demais é um limite que não existe.

O Lobo de Wall Street, novo filme de Martin Scorsese, quinta parceria entre o diretor e Leonardo diCaprio, é um filme cheio de energia, drogas, dinheiro (milhares de Benjamins  na tela), mulheres nuas, grifes, boy toys, sexo, orgias (no escritório, em casa, em aviões fretados); sem nenhum pudor, assim como os personagens (reais, devemos nos esforçar para lembrar). Muito bem contada (o filme é baseado na autobiografia homônima de Belfort lançada em 2008), não se sente as três horas de filme passarem.

DiCaprio está excepcional e entregue (especialmente nas cenas em que ele discute com Naomi sobre “Venice” e abusa da expressão corporal tentando chegar à sua Lamborghini branca; ah, ele também aparece pelado várias vezes e tem até uma vela vermelha — e acesa — enfiada em suas nádegas, pela Venice); Margot Robbie interpretando sua esposa é belíssima; e ainda contamos com a participação mais que especial — e com frases ótimas — de Joanna Lumley, a eterna socialite-and-addicted  de Absolutely Fabulous. #WeLoveYouForeverPatsy No quesito glamour, também é ótimo ver o figurino de Naomi (a esposa de Belfort no filme, que na vida real se chama Nadine), seguindo a moda grifada da época: os modelos Versace (na época by  Gianni) e o look  camisa de seda e bota da primeira coleção de Tom Ford para Gucci (outono-inverno de 1995).

Nos anos 1990, as pessoas que investiram no mercado de ações através da empresa de Jordan Belfort perderam US$ 250 milhões de suas economias. Em 1998, ele foi indiciado por lavagem de dinheiro e fraude. Pagou uma multa de US$ 110 milhões e cumpriu 22 meses de prisão. Hoje, ele está fora do mercado e é um palestrante motivacional. Continua rico e influenciando um monte de gente com o seu sucesso (e que o filme, já indicado ao Oscar, corrobora). Numa sociedade que tem o dinheiro como objetivo principal de vida, pessoas que conseguem ganhar muito em pouco tempo, mesmo prejudicando milhares de pessoas são sempre respeitadas, não importa o quão repugnantes elas sejam. Ainda mais com suas roupas impecáveis e o discurso sempre afiado e confiante.

TheRealWolfThe Real Wolf: o bonitão Jordan Belfort no auge dos negócios. 

Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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