Quando na Grécia, avião ou ferry? Tudo o que você precisa saber para viajar entre as ilhas cicládicas — e sobreviver ao desembarque nas balsas

São duas as formas de se viajar pelas ilhas cicládicas: avião ou balsa, palavra que, na Grécia, é usada na versão em inglês “ferry” e incorporada ao grego como φέρι (pronuncia-se “féri”), tanto no singular quanto no plural, mudando apenas o artigo.
O que é importante saber, no entanto, é que as viagens de ferry podem ser bem desconfortáveis por três motivos: 1. a falta de estrutura nos portos para aguardar sua balsa confortavelmente, mesmo tendo um bilhete Platinum, a primeira classe; 2. a bagunça das filas com milhares de pessoas, o embarque e o desembarque sem sinalização, especialmente caótico na hora de tirar suas malas para conseguir descer rapidamente nas curtas paradas de 15 minutos por escala; e 3., por último mas não menos importante, as condições do mar, principalmente na alta temporada do verão europeu, entre junho e setembro, quando ventos fortes podem deixar o mar agitado, atrasando as partidas e fazendo os passageiros passarem mal durante o trajeto. Mesmo que você não tenha o costume de enjoar a bordo, a depender das condições do mar, vale tomar remédio antienjoo antes de embarcar.
Das mais de 200 ilhas que formam as Cíclades, apenas seis possuem aeroportos, só com voos indo-e-vindo de Atenas. Por isso, caso a sua viagem comece ou termine em Santorini, Mykonos, Paros, Naxos, Milos e Syros, não há o que pensar: faça o trecho de avião sem conexão, a não ser que você alugue um carro em Atenas para viajar com ele pelas outras ilhas.
Mas o fato de não existirem voos diretos entre Santorini e Paros ou Mykonos — sempre é preciso fazer conexão em Atenas —, faz com que as viagens de avião entre-ilhas sejam mais longas que as balsas rápidas (e com as conexões rápidas nos aeroportos, sempre existe o risco de as malas não irem junto). Assim, para explorar as ilhas menos óbvias deste arquipélago no Mar Egeu, é difícil escapar das balsas, esse meio de transporte que é uma instituição nacional e parte indissociável do cotidiano dos moradores das ilhas gregas.
Ao longo da alta temporada do verão europeu, vale considerar também os voos diretos que conectam Mykonos e Santorini, as mais famosas das ilhas cicládicas, com várias capitais da Europa e do Oriente Médio: Londres, Amsterdã, Paris, Madri, Genebra, Oslo, Istambul, Dubai, Doha e Abu Dhabi.
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BALSAS RÁPIDAS: SEM ÁREAS EXTERNAS PARA APRECIAR AS PAISAGENS
Se as balsas convencionais — e mais lentas — têm áreas externas para apreciar a vista e até cabines privativas (com camas, para viagens noturnas), não espere por uma viagem cênica nas balsas rápidas, porque elas não têm janelas que abrem nem deques externos; nem adianta procurar. Ou seja, ao pegar uma balsa em Atenas com paradas em Syros, Tinos, Mykonos, Paros, Naxos, Santorini e Heraklion, não tem como contemplar as lindas paisagens a olho nu — e fazer fotos —, a não ser observar a vista através dos vidros quase nunca limpos.
COMPRE SEMPRE OS BILHETES MAIS CAROS

As poltronas numeradas da primeira classe de uma balsa rápida da Seajets entre Paros e Santorini. Além do assento confortável e com boa reclinação, você tem a garantia de que vai viajar sentado em todo o trajeto. Imagem: Shoichi Iwashita
É preciso saber que as balsas rápidas têm capacidade para transportar 1000, 1200, 1400 pessoas. Por isso, sempre compre os bilhetes mais caros, pois eles garantem assento marcado e confortável em uma área exclusiva. Os bilhetes mais baratos não dão garantia de assento. Comprando um bilhete na econômica, a depender da lotação da balsa, pode ser que você só tenha o chão para se sentar; situação nada agradável para um trajeto de duas ou três horas.
A PROBLEMÁTICA DO EMBARQUE, DESEMBARQUE E DAS MALAS

Na hora de desembarcar, encontrar a sua mala dentro da balsa pode ser um desafio. Desça sempre para a área das malas um pouco antes de a balsa chegar ao destino. Imagem: Shoichi Iwashita
As balsas rápidas são embarcações grandes, de vários andares, e o processo de embarque e desembarque pode ser fisicamente exigente para viajantes com limitação de mobilidade. Para embarcar, é preciso subir uma rampa metálica carregando-você-mesmo toda a sua bagagem, em meio à multidão, tendo cuidado para não escorregar tanto na subida na hora do embarque quanto na descida ao deixar a balsa. Tênis com solados emborrachados são recomendados.
Assim que se sobe a rampa com as malas, é preciso deixá-las em uma área demarcada junto aos carros — organizada por ilha de desembarque — e seguir com a bagagem de mão um lance de escada até a área reservada aos passageiros, onde ficam o bar, os banheiros e as poltronas (mesmo quem está viajando de carro precisa fechá-lo e subir para o andar de passageiros, comprando dois bilhetes: um para o carro e outro para o assento).
O desembarque costuma ser caótico. É preciso localizar sua mala no meio daquela montanha de bagagens a tempo de conseguir sair da embarcação: o tempo de parada em cada porto para desembarque e embarque costuma ser de apenas 10 a 15 minutos, ou seja, é fácil perder o ponto. A menos que o seu destino seja a última parada, quando o desembarque é bem mais tranquilo, vale acompanhar pelo GPS quando a balsa estiver se aproximando do seu destino, para que você possa já procurar sua mala quando faltar uns 10 minutos para a balsa atracar.
Se sua ilha for uma das primeiras paradas, não se afaste muito da área de desembarque. Se estiver na área premium — que geralmente fica dois andares acima da área das malas —, saiba onde estão a escada ou elevador mais próximo para descer rapidamente.
Ah, não existe nenhum controle sobre as malas. Tenha sempre um mínimo de atenção para que outra pessoa não pegue sua mala por engano e desça com ela em uma ilha qualquer; as empresas das balsas não se responsabilizam por perda, roubo ou dano de nenhum item pessoal trazido a bordo. A operadora Seez Travel — empresa que cuidou do roteiro nesta última viagem — oferece o serviço de transporte de bagagem entre ilhas, que é perfeito para pessoas que viajam com muitas malas. A partir de EUR 800,00, um carro com motorista pega suas malas no hotel, pega a balsa com o carro e as malas, deixando-as no seu próximo destino para que você viaje confortável e despreocupadamente — seja de avião, helicóptero ou balsa — apenas com a bolsa de mão.
Outras coisas importantes a saber:
— Se é a sua primeira vez naquela ilha, naquele porto, chegue sempre com uma hora de antecedência, para ter tempo de se encontrar, saber qual é a fila certa para a sua balsa. Os ferries chegam e saem o tempo todo para destinos diferentes, a sinalização é precária e eles só conferem o seu bilhete quando você já está dentro da balsa;
— As estradas que dão acesso aos portos são estreitas e, com carros, caminhões e dezenas de ônibus de turismo, pode haver trânsito para chegar até lá. Tenha isso em mente na hora de calcular o horário de sair do hotel com destino ao porto; e
— Grande parte das balsas está equipada com sinal de internet. Basta ir ao bar para comprar uma senha por EUR 3,00 para uso da conexão por três horas.
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