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Céladon: O fascínio da cor e do brilho nas cerâmicas 4.000 anos atrás

Apesar de não conhecermos exatamente a origem do nome, sabemos que o termocéladon” foi uma criação francesa. Os chineses, os inventores da técnica, nem conhecem a palavra francesa, mas sim “qingci”. Talvez os franceses tenham se inspirado no nome do pastor, protagonista de uma peça francesa do século 17 – L’Astrée  de Honoré d’Urfé –, que vestia roupas de tonalidade verde acinzentado. Há ainda uma teoria que homenageia o sultão árabe Saladino, e ainda outra que remonta à obra-prima de Homero, A Ilíada.

O céladon  é um tipo de cerâmica e porcelana chinesa, de esmalte feldspático (o esmalte é aplicado para dar cor e textura), com cores que variam do verde-oliva, passa pelo verde claro ou escuro, e tem nuances que vão do amarelo ao azul. São essas cores e a superfície esmaltada (uma inovação, 3.500 anos atrás) as responsáveis pela magia destas peças.

As peças mais antigas de céladon  (continuamente produzido na China desde o século 15 a.C.) são anteriores ao aparecimento da porcelana, que surgiu entre os séculos 4 e 3 a.C.

É interessante pensar que, hoje, ao olhar um desses vasos, eles pareçam simples e nada especiais. Mas, numa época em que havia apenas a cerâmica rústica e fosca, quando as cores no dia a dia eram raras, o surgimento do céladon – em tons de verde translúcido que lembram o jade, com uma superfície lustrosa e esmaltada, em formas simples e puras – era tão fascinante que chegou a inspirar poetas e conquistar diferentes culturas ao longo dos séculos.

Lendas surgiram. No Japão, apesar de o céladon ter começado a ser produzido apenas no século 17 (a Coreia já produzia peças no século 10), os japoneses foram responsáveis por um dos “boatos” mais interessantes: diziam que um prato céladon se quebraria ou mudaria de cor caso uma comida envenenada fosse colocada nele… Considerando que as famílias reais em todo o mundo eram constantemente vítimas de envenenamento, definitivamente a “lenda” fazia com que o céladon fosse considerado algo especial e o boato se espalhou até pela Europa.

No século 18, a moda da chinoiserie na França faz com que o céladon seja a nova atração. Além de apreciarem as porcelanas na pureza de suas linhas, os franceses fizeram algumas adaptações, enfeitando as peças com rebuscadas guarnições de ormolu (que é aquele bronze dourado, que imita o ouro, e que era usado ostensivamente como detalhes – bordas, frisos, cantos, pés, ferragens – no mobiliário fino do século 18).

‘Habilmente moldada como a lua cheia tingida de água, 
Primorosamente transformada em um turbilhão de gelo fino guardando nuvens verdes’
Xu Yin, poeta chinês sobre o céladon, século 9

 

ONDE ENCONTRAR IMPORTANTES COLEÇÕES DE CÉLADON
The Metropolitan Museum of Art, em Nova York
Museum of Oriental Ceramics, em Osaka, no Japão
Topkapi Palace Museum, em Istanbul, na Turquia

Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

shoichi_iwashita disse:

Ótimo!!!!

shoichi_iwashita disse:

vdd

Maria Schreuders disse:

Sempre trazendo cultura e belezas de suas viagens!

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