A rota do champagne
Além do fascínio que o champagne exerce sobre o mundo, essa bebida cheia de contradições que é a quintessência dos sentidos tem uma história tão fascinante quanto a da região onde nasceu. Região essa que deu o nome a esse vinho branco espumante indispensável em momentos especiais. Reims, Hautvillers e Épernay está a uma horinha de Paris, o que torna obrigatória uma peregrinação etílica e histórica, pelo menos uma vez na vida, pelas grandes maisons produtoras da bebida, e pela história da realeza francesa.
HISTÓRIA E CULTURA
Champagne-Ardenne. Região árida que fica no nordeste da França, vizinha a leste da Île-de-France (região onde fica Paris), no cruzamento de uma das maiores rotas comerciais da Europa. É uma das mais frias áreas produtoras de vinho do mundo. Foi aqui que ocorreu uma das batalhas mais sangrentas da história, quando Átila, rei dos hunos, o perigo do Oriente, no ano de 451, reuniu seu exército de 700 mil homens (!) contra seus inimigos – também povos bárbaros – gauleses, visigodos e francos, numa batalha que deixou 200 mil mortos em um dia e corpos despedaçados espalhados pelas colinas de Champagne. Foi também palco de cenas importantes da Guerra dos Cem Anos (protagonizadas pela out-of-this-world Joana d’Arc), entre a França e a Inglaterra nos séculos 14 e 15. Foi nesse terroir que foram travadas batalhas das Guerras dos Trinta Anos, da Fronde, das Guerras Napoleônicas, pela sucessão espanhola e os maiores embates da Primeira Guerra Mundial, o período mais sombrio da região. E em cada um desses episódios, as cidades eram saqueadas, vinhedos, queimados. (Isso, sem falar nas guerras entre um feudo e outro, entre cavaleiros sem terra e senhores ambiciosos, desde sempre).
É essa terra cheia de sangue que nos dá o vinho com o qual celebramos a vida.
(Foi também em Champagne que, em 1893, Louis 16 e Maria-Antonieta foram capturados quando tentavam fugir da Revolução para a Alemanha, para serem conduzidos de volta a Paris direto para a guilhotina, acusados de traição.)
O ROTEIRO
1. REIMS, a cidade dos reis (clique nas imagens para ir aos posts 😉