As instituições culturais de SP que você precisa conhecer e frequentar
São Paulo, assim como outras importantes cidades do Hemisfério Sul, não tem grandes museus ou uma programação cultural à altura de cidades como Nova York, Paris e Londres. E é provável que muitas das coisas que você veja aqui, você já tenha visto lá fora, e em escala bem menor. Mas, muito foi feito nos últimos vinte e cinco anos para fomentar a cultura na cidade. Desde maiores investimentos para o cinema e teatro, reformas de museus e prédios antigos e a brava tentativa de trazer para o país companhias de dança, orquestras e exposições de todo o mundo (geralmente de artistas com maior apelo popular). E posso dizer que, hoje, nossa programação anual de música e dança é bem boa… A seguir, você confere os lugares que a gente mais ama — e frequenta — em São Paulo.
PINACOTECA DO ESTADO [Centro] Ótimo acervo, a melhor programação ao longo do ano
Fundado em 1905 como uma coleção de pinturas para estudantes de arte num edifício imponente de tijolos aparentes em estilo neoclássico italiano (projetado por Ramos de Azevedo, o mesmo arquiteto do Theatro Municipal, do Mercadão, da Casa das Rosas), a Pinacoteca do Estado é o museu mais antigo de São Paulo (outro gigante da arquitetura nacional seria responsável pela bem-sucedida reforma de 1998: Paulo Mendes da Rocha). E o acervo permanente, uma coleção de 9 mil obras — das quais 1000 permanentemente expostas no segundo andar — é uma importante viagem pela arte brasileira dos séculos 19 e 20. É aqui que venho para ver as obras de Almeida Júnior (das 48 obras dele que o museu tem, não perca Caipira Picando Fumo e Saudade, uma das coisas mais lindas da arte brasileira), Oscar Pereira da Silva (Escrava Romana), Eliseu Visconti (Torso de Menina), esculturas de Rodin, Maillol e Bourdelle e até uma fonte de Niki de Saint-Phalle. A curadoria das exposições temporárias (são quase 30 ao longo do ano) é sempre interessante e a Pinacoteca está ao lado da Estação da Luz (“A Inglesa”; e o metrô sai na porta) e dentro do agradável Parque da Luz, o primeiro espaço de lazer — e de apreciação de várias esculturas — dos paulistanos, fundado em 1825. Imperdível para conhecer e frequentar. PINACOTECA DO ESTADO: Praça da Luz 2, ao lado de uma das saídas do metrô Luz, Centro, 11 3224-1000. Segunda, das 10h às 17h30; terça-feira fecha; e quarta a domingo, das 10h às 17h30, com permanência até às 18h. Tem bicicletário e estacionamento gratuito. Ingresso a R$ 6 e grátis aos sábados. Para acessar o site, clique aqui.
SALA SÃO PAULO [Centro] Uma das salas de concerto mais lindas do mundo
Não só é considerada uma das melhores — e mais lindas — salas de concerto do mundo, a Sala São Paulo tem uma programação enorme com quatro a dez apresentações sinfônicas, corais e de câmara por semana (mais de 200 concertos por ano), só tirando férias nos meses de janeiro, fevereiro e algumas semanas de julho, quando a OSESP sobe para Campos do Jordão para o Festival de Inverno da cidade. Ocupando parte de uma antiga estação de trem (a outra parte do prédio continua a ser uma estação da CPTM!), para ter acesso aos melhores lugares, o ideal é fazer a assinatura anual (o público que faz as assinaturas ano após ano é cativo e é bastante gente), mas dá para comprar ingressos em bons lugares para os espetáculos menos concorridos. Para ir sempre e deixar se sensibilizar pelo som tridimensional da orquestra em ambiente solene. Para saber TUDO sobre a Sala São Paulo, confira a nossa matéria exclusiva, clicando aqui. SALA SÃO PAULO: Praça Júlio Prestes 16, Luz, uma caminhadinha do metrô Luz (melhor ir de carro ou táxi), 11 3367-9500. Ingressos variam de R$ 40 a R$ 250, dependendo de quem se apresenta (quanto mais famosa a orquestra ou o solista, mais caro). Para acessar o site, clique aqui.
MASP [Paulista] Acervo internacional no edifício-ícone da cidade
Símbolo de São Paulo, o projeto da arquiteta italiana modernista Lina Bo Bardi (uma caixa de concreto e vidro de 74 metros de comprimento suspensa por apenas quatro colunas vermelhas nas extremidades — para que a gente não perdesse a vista para a Serra da Cantareira :- ) tem um acervo à altura: a mais importante coleção de arte europeia da América Latina. Fundado em 1968 depois de doze anos de trabalho, o MASP é o lugar para ver obras de alguns dos grandes nomes da arte mundial sem sair de São Paulo: Rembrandt, Velázquez, Goya, Degas, Renoir, Van Gogh, Modigliani, Toulouse-Lautrec, Matisse… Muito felizmente, depois de anos descaracterizada por uma tentativa mal-sucedida de “modernizar” o museu que já nasceu moderno, a administração resolveu trazer de volta os cavaletes de vidro do projeto original de Bo Bardi. No andar inteiro sem paredes, é como se as 120 obras — do século 4 a.C. a 2008 — estivessem flutuando pelo salão. É único. Grande parte das exposições temporárias são recortes do acervo. MASP: Avenida Paulsita 1578, Paulista, metrô Trianon-Masp, 11 3251-5644. Segunda-feira fecha; terça e quarta, das 10h às 17h30; quinta-feira, das 10h às 20h; sexta a domingo, das 10h às 17h30, com permanência até às 18h. É o mais caro dos museus paulistanos: ingresso a R$ 25 e grátis nas terças-feiras. Para acessar o site, clique aqui.
CCBB [Centro] Prédio lindo, programação extensa, circulação confusa
O Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo não é tão grandioso quanto o do Rio, mas não é menos bonito (o Banco ainda tem outro centro cultural — só que modernista — em Brasília). Ocupando um edifício histórico de esquina, construído em 1901 e que foi comprado pelo BB em 1923, numa região exclusiva para pedestres no centro da cidade, o CCBB tem uma programação extensa de música, cinema, teatro, palestras e exposições de arte que costumam atrair multidões (quando for assim, sempre agende seu horário pelo site da IngressoRápido; a entrada é gratuita para as exposições e bem baratinho para os shows, peças e mostras de cinema). O único problema do CCBB é que os andares são pequenos e as exposições ocupam o prédio todo. Aí, tem de toda hora entrar e sair das salas, pegar elevador, descer escada, indo até o subsolo. CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL: Rua Álvares Penteado 112, esquina com a Rua da Quitanda, Centro, próximo ao metrô São Bento, 11 3113-3651. Segunda-feira, das 9h às 21h; terça-feira fecha; quarta a domingo, das 9h às 21h. Tem um estacionamento conveniado que te leva de van até o CCBB: o Estapar da Rua Santo Amaro 272. Para acessar o site, clique aqui.
MAC [Ibirapuera] Coleção importante, Niemeyer e vista para o parque
São dez mil obras de arte moderna e contemporânea brasileira, latino-americana e internacional, que ficavam escondidas lá na USP e que, felizmente, desde 2012, ocupa o edifício de seis andares anexo ao Ibirapuera também projetado por Oscar Niemeyer (é só cruzar uma ponte passando por cima da avenida 23 de maio para chegar ao parque) . Quase todo o acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (mais fácil MAC mesmo) vem do antigo MAM, formado pelas coleções particulares do casal de mecenas Ciccillo Matarazzo e Yolanda Penteado, que continuou a crescer com as aquisições do museu — e muitas doações — ao longo das últimas décadas. A entrada é gratuita e não deixe de subir até o terraço no último andar para uma bela vista do parque, do obelisco, de São Paulo. MAC: Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301, Parque Ibirapuera, não tem metrô próximo, 11 2648-0254. Segunda-feira fecha; terça a domingo, das 10 às 18h. Ingresso gratuito. Para acessar o site, clique aqui.
THEATRO MUNICIPAL [Centro] Óperas e concertos em volta no tempo
É uma pena que, com a crise, a programação de ópera foi cortada pela metade em 2016. Mas o Theatro Municipal agradou MUITO nos últimos dois anos na montagem de grandes óperas do repertório internacional — umas mais, outras menos conhecidas do público brasileiro —, sob a direção do maestro John Neschling, sempre com a presença de ótimos solistas brasileiros e estrangeiros (graças ao maestro e à Orquestra Sinfônica Municipal, não perca também a programação de concertos). Inaugurado em 1911 pelo prefeito Antônio Prado, depois de grande pressão por parte da elite paulista nos anos 1900 — que tinha de viajar para o Colón ou o Scala para ver óperas, imagina —, tanto o Municipal de São Paulo quanto o do Rio foram inspirados no Opéra de Paris, desenhada por Charles Garnier (em uma escala bem menor, claro). E, apesar das duas grandes reformas, de 1951 e 1991, frequentar o Municipal é como voltar no tempo, mas com as ótimas comidinhas do Capim Santo para beliscar antes e durantes os espetáculos THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO: Praça Ramos de Azevedo, Centro, próximo ao metrô Anhangabaú, 11 3053-2100. Para acessar o site, clique aqui.
FUNDAÇÃO MARIA LUISA E OSCAR AMERICANO [Morumbi] Casa e jardim
Meio fora de mão (tem de ir de carro lá pro Morumbi), a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano faz parte da série milionários-que-transformaram-suas-casas-e-coleções-em-museus. Em São Paulo tem também a Fundação Ema Klabin, na Avenida Europa (mas não sei por que, eu gosto mais da Fundação Eva Klabin, a casa de sua irmã tão-rica-quanto, na beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro). A bela casa-caixa-de-mármore modernista em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, foi desenhada pelo arquiteto Oswaldo Bratke em 1950 e serviu de residência para a família do engenheiro Oscar Americano por 20 anos. Só quando sua esposa Maria Luisa faleceu, em 1974, Oscar decidiu transformar a casa, o enorme jardim (praticamente um parque com 75 mil metros quadrados e 25 mil árvores, incluindo jacarandás e paus-brasil!) e a coleção de mobiliários, pratarias, porcelanas, tapeçarias e arte sacra, dos séculos 17 ao 20 (móveis portugueses, Companhia das Índias, Frans Post, Di Cavalcanti), em uma fundação. FUNDAÇÃO MARIA LUISA E OSCAR AMERICANO: Avenida Morumbi 4077, não tem metrô próximo, Morumbi, 11 3742-0077. Segunda-feira fecha; terça a domingo, das 10h às 17h30. Ingresso a R$ 10 e grátis aos sábados. Para acessar o site, clique aqui.