La Cave
Fazer compras nas Galeries Lafayette é para os corajosos. São milhares de pessoas por dia (imagine que uma quantidade superior à metade da população da França passeiam pelas Galeries a cada ano; só perde para a Torre Eiffel em número de visitantes). Muita gente, muito grande, muita informação, muito barulho. Mas, a partir de agora, uma visita às Galeries Lafayette é obrigatória. O seu destino, você amante da boa comida e dos bons vinhos, será a Cave du Lafayette Gourmet, seção de vinho das Galeries que tem a maior adega de Bordeauxs do mundo, no primeiro andar do edifício Lafayette Maison et Gourmet, todo dedicado às coisas de casa e à gastronomia (prédio mais tranquilo, que fica atravessando a rua a partir do prédio principal, o Lafayette Coupole).
Dos 450 m² da Cave das Galeries (que também tem grandes Bourgognes, grandes Champagnes), 250 m² são dedicados aos vinhos dessa região que tem um dos terroirs mais famosos do mundo, só possível através de uma parceria inédita com a família Moueix, dona do Grupo Duclot, o maior comerciante de Bordeaux há mais de 130 anos (fundada em 1886), que, por sua vez, é dona da Pétrus, um grand cru do Pomerol (os vinhos vêm direto dos châteaux, não passando por nenhum intermediário). Dos vinhos de Bordeaux, são 1.200 rótulos e 12 mil garrafas de vinhos, incluindo TODOS os Grands Crus Classés da margem esquerda do Rio Gironde (Lafite, Latour, Haut-Brion, Margaux, Mouton) e grandes nomes da margem direita (Pétrus, Cheval Blanc), muitíssimo bem representados por safras atuais e históricas. (Na Cave, são 2.500 rótulos e 22.000 garrafas!)
Todos esses vinhos especialíssimos ocupam lugar de destaque na Cave: a Rotunda, uma “capela” decorada com imagens de filósofos gregos, dedicada ao crème de la crème dos vinhos bordaleses. No centro do pequeno salão circular, numa estrutura de acrílico, 24 safras do Sauternes Château d’Yquem em safras que vão de 1899 (!) a 2006 (é impressionante a variação de cores das safras mais antigas para as mais novas). É como se fosse um museu mesmo, com os mais belos exemplares da arte desses grandes châteaux. A única diferença é que dá pra levar algumas dessas obras pra casa.
Fora da Rotunda, os vinhos bordaleses estão organizados por localização geográfica: começando por Saint-Estèphe, na região do Médoc, na marguem esquerda, e terminando por Saint-Emilion que fica na margem direita. Tem também a seção com grandes garrafas: imperiais (6 litros), balthazars (12 litros), nabucodonosores (15 litros). Mas, por segurança, todas as garrafas de safra inferiores a 1975 ficam fechadas em gavetas.
E não pense que a Bordeauxthèque é apenas para quem tem milhares de euros no limite do cartão de crédito. Tem uma seção de bons vinhos com garrafas que começam em 5,90 euros para tintos (4,90 se for uma caixa com 6 garrafas) e 5 euros para brancos, e são muitas as garrafas a 30, 50 euros. Mas, claro, o céu é o limite se você quiser algo inesquecível. E você ainda conta com a expertise do sommelier brasileiro Maurício Macedo que, em nossa última visita, nos indicou um champagne blanc de noirs (só com uvas pinot noir ) da Egly-Ouriet.
Uma das garrafas mais caras (45 mil euros) da Cave: um Mouton Rothschild 1945, ano da vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, uma das safras históricas do château. Uma jeroboam (com 3 litros) do mesmo vinho pode custar 125 mil euros. Imagem: Shoichi Iwashita Essas garrafas maiores (incluindo o Pétrus 1989, de 6 litros, impérial, à direita, que custa 60 mil euros) ficam trancadas nas gavetas e só podem ser abertas por um vendedor. Imagem: Shoichi Iwashita A Bordeauxthèque é uma parte da Cave das Galeries Lafayette, que também tem vinhos de todo o mundo. Na foto, os vinhos franceses organizados por região: Beaujolais, Bourgogne, Rhône… Imagem: Shoichi Iwashita Essa foi a dica de champagne do sommelier brasileiro Maurício Macedo: um blanc de noirs, feito exclusivamente com uvas pinot noir, da maison Egly-Ouriet, que custa 80 euros.
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