Breizh Café Paris: crêpes, galettes e sidra típicas da Bretanha no coração do Marais
Apesar de serem consumidas há mais de 8 mil anos, em diversas formas, as crêpes — e as galettes (saiba a diferença entre elas, clicando aqui) — fazem parte da identidade gastronômica da Bretanha, região do Norte que só foi anexada ao Reino de França no século 15. E, com filiais na França e no Japão, engana-se quem pensa que o Breizh Café (“breizh” quer dizer “Bretanha” em bretão), que tem lojas em Saint-Malo e Cancale (ambas à beira mar), em Paris (uma no Marais) e no Japão (dez lojas!), nasceu na região dos crepes. O percurso foi completamente o contrário.
Casado com uma japonesa, o bretão Bertrand Larcher foi morar com sua esposa no Japão em 1995. E foi em Tóquio, em 1996, que abriram a primeira crêperie, lugar que se transformaria no bastião da tradição bretã no país do Sol Nascente. Só onze anos depois, em 2007, e cinco crêperies no Japão que Bertrand abriria a filial do Breizh Café no coração do Marais, do ladinho do La Perle e atrás do Musée Picasso, e passaria a servir o melhor crepe de Paris. As duas lojas na Bretagne só seriam abertas em 2013.
E lá são servidos crêpes (com farinha de trigo branca) em receitas doces e galettes (com trigo sarraceno, escuro, o soba japonês) em receitas salgadas, misturando os “buracos na massa” da tradição das galettes da Haute-Bretagne e a crocância das crêpes de blé noir da Basse-Bretagne (entenda a diferença, clicando aqui). Mas sendo as crêpes/galettes uma base versátil para centenas de combinações, não espere que você vá encontrar a mesma variedade de receitas das pizzarias paulistas: são menos ingredientes (muito ovo, muito presunto, muito queijo; tradição, tradição, tradição), mas todos de procedência. A farinha de trigo sarraceno, moída na pedra, vem da Bretanha (onde os produtores possuem uma indicação geográfica protegida), o chocolate é Varlhona, a manteiga é Bordier; e a grande maioria dos ingredientes é orgânica e vem de produtores locais.
Para acompanhar as crêpes e as galettes impecavelmente preparadas, outra tradição bretã (esqueça o vinho): a carta de sidras — muitas delas orgânicas — possui mais de 60 opções (incluindo a sidra da casa, servida numa jarrinha de porcelana), com garrafas entre 13 e 28 euros, que você deve beber numa bolée, um tipo de xícara de porcelana, como pede a tradição. O ambiente é descontraído (tem mesas altas e baixas, dentro e na calçada), mas sempre lotado. Por isso, faça reservas se quiser visitar o Breizh Café no almoço ou no jantar. E não deixe de visitar a épicerie fine bretonne que eles têm na casa ao lado, onde eles conseguem acomodar alguns clientes (numa mesa comunitária que senta oito pessoas) quando a casa está muito cheia.
Sentados na pequena mesa da calçada, pedimos uma seleção de queijos da Bretagne e a tradicional galette Bretonne: champignons, ovo, queijo, bacon, crême fraîche e pimenta Espelette. Simplesmente divina, por apenas € 12,80. À esquerda, a bolée, a xícara de porcelana onde se toma a sidra, essa bebida alcoólica fermentada de maçã, bastante tradicional na Bretanha e a Breizh Cola, o refrigerante da casa. O salão. A crêpe de morango e ruibarbo.