Hamburgo: Os 15 passeios essenciais
Para ver o que a cidade tem de mais emblemático, a primeira coisa que você deve fazer ao chegar em Hamburgo, caso você não esteja hospedado no hotel Vier Jahreszeiten, é ir para Jungfernstieg. Para isso, desça na estação de metrô (U-Bahn, em alemão) Rathaus, cruze a praça Rathausmarkt — centro da Cidade Antiga onde está o Parlamento da cidade-estado; e onde também acontece o famoso mercado de Natal —, não sem antes admirar sua arquitetura neorenascentista e sua fachada ricamente decorada, e você já verá do outro lado um canal com prédios de cinco andares onde ficam as charmosas e fotogênicas arcadas do Alsterarkaden. Chegando lá, vire à direita, caminhe até a ponte e você já verá o Binnenalster, que é o lago-irmão do bem maior Alster (ou Aussenalster), e que fica entre o Alster e o canal que leva para o Rio Elba, onde está a alma de Hamburgo: o porto, com mais de 850 anos de idade (leia mais abaixo).
O imponente Rathaus (“parlamento”, em alemão) visto do lago Binnenalster, um dos pontos de encontro de Hamburgo. Imagem: Divulgação
JUNGFERNSTIEG
A Jungfernstieg é o nome desta rua-promenade de comércio elegante (é aqui, de frente para o lago, que fica a Alsterhaus, a loja de departamentos mais sofisticada de Hamburgo), onde no passado os pais traziam suas filhas solteiras (as “jungfern”) para apresentá-las para a sociedade. Foi a primeira rua da Alemanha a ser pavimentada, em 1838. Como na Alemanha você pode beber na rua, compre uma cerveja local, a Astra, e vá sentar-se nos bancos do terraço em frente ao lago para apreciar a vista e a arquitetura dos prédios neoclássicos do século 19 que o circundam; foram todos construídos logo depois do Grande Incêndio de 1842.
NEUER WALL E AS LOJAS DE LUXO
Se você se interessa pelas marcas de luxo, é na Neuer Wall, uma travessa da Jungferstieg, onde você vai encontrar não só quase todas marcas globais de moda como Hermès, Tod’s, Loro Piana, Burberry, mas também objetos para casa e móveis (no número 63 da Neuer Wall, mais ao fundo da rua, não deixe de visitar a loja de porcelanas de manufatura real de Berlim, a KPM, Königliche Porzellan-Manufaktur Berlin; e para conhecer a primeira manufatura de porcelanas da Europa que desvendou o mistério da porcelana chinesa, clique aqui). Para fazer o tour completo das marcas, entre à direita na Bleichenbrücke, atravesse a ponte sobre o canal (são muitos e muitos canais pela cidade, como uma Veneza mais moderna e organizada), siga pela Heuberg e entre à direita na Hohe Bleichen, que é a rua onde você vai encontrar Brunello Cucinelli, Prada, Ralph Lauren e uma das minhas papelarias preferidas no mundo, a Bethge. Se você virar à esquerda na ABC-Strasse, vai encontrar a loja da Chanel, em frente à pracinha do hotel Marriott. Nesse espaço de quatro-quarteirões-quadrados, estão das marcas de luxo a lojas como Diesel, Zara, H&M, North Face, Apple etc.
TERMINE O SEU PASSEIO COM KAFFEE UND KUCHEN
Deixe o afternoon tea para Londres e as pâtisseries para Paris. Aqui em Hamburgo, o costume entre familiares e amigos é comer bolo — e como os germânicos fazem bolos deliciosos, nossa — e tomar café (sem açúcar), que acompanhados de uma boa conversa vira um ritual chamado de Kaffeeklatsch. No Vier Jahreszeiten, nosso hotel preferido em Hamburgo, ao lado da Jungfernstieg, você tem três opções de ambientes: o luxuoso e tradicional Wohnhalle, com suas boiseries de madeira, chão de mármore, antiques e lareira (aberto todos os dias das 8h à meia-noite); e os Condi Café e Lounge, com acesso pela rua, mais informais mas não menos saborosos (de segunda a sábado, das 10h às 21h e, aos domingos e feriados, das 10h às 18h). Passeio em volta do lago, compras e bolo com café, o que mais pode se querer?
HAFENCITY — MARITIMES MUSEUM
Depois de ver alguns dos cartões postais históricos de Hamburgo, é hora de conhecer aquele que é um dos projetos de urbanização mais interessantes — e caros — do mundo: o bairro HafenCity. E o nosso passeio só veio para cá porque é muito importante que você visite o Maritimes Museum, aqui situado, ANTES de ir fazer o passeio de barco pelo porto. Quando a gente pensa em porto, a gente pensa em contêineres e cruzeiros, e é a visita ao Maritimes, esse museu nascido da obsessão de um homem muito-muito-rico pelo mundo das navegações, que você terá repertório para entender o quão importante é o porto não só para a cidade de Hamburgo mas como para a história do mundo. Para chegar aqui, é só pegar o U-Bahn da linha azul (U4) na estação Jungfernstieg e descer na linda e futurista estação Überseequartier. Pegue o elevador e já saia direto na rua, no meio do nada. Atravesse a rua, passe pelo hotel 25hours HafenCity e, caminhando pela Osakaallee, você já verá o prédio de tijolos escuros à beira do canal à sua direita. A coleção do Peter Tamm, já bem velhinho, é impressionante e abrangente. E pensar que esses objetos — que cobrem 3000 anos de história das navegações e ocupam dez andares de um prédio (!) — ficavam na casa dele.
SPEICHERSTADT
Aproveite que você já está no Maritimes Museum, que fica num dos mais antigos galpões de tijolos vermelhos que formam o maior complexo de armazéns do mundo, para dar uma volta pela fotogênica região, que fica ainda mais bonita com o cair do dia, quando a iluminação cenográfica se acende sobre as fachadas. Esses prédios, com entradas por terra e por água, foram construídos nos anos 1880 à beira dos canais de forma que as mercadorias fossem trazidas do porto até aqui em pequenos barcos. Cordas presas em ganchos no topo dos prédios içavam as sacas de café do Brasil, os enormes carregamentos de tapetes persas (até hoje, negociantes orientais ocupam alguns dos armazéns), de especiarias e, mais recentemente, de eletrônicos. Para as melhores vistas, se dirija às pontes de Kehrwiedersteg ou Poggenmühle. Se tiver um tempinho e quiser entender sobre a história do lugar, visite o pequenino e simples Speicherstadt Museum (dá para fazê-lo em meia hora tranquilamente), que tem bastante material sobre o Brasil, já que grande parte das exportações brasileiras desde o começo do século 20 tinha como destino o Porto de Hamburgo.
ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA
Na rua Am Sandtorkai, onde fica o Speicherstadt Museum, você tem de um lado os armazéns do século 19 e de outro, o que há de melhor em arquitetura contemporânea, representada por edifícios comerciais e residenciais que fazem parte do novíssimo bairro HafenCity, cujo maior símbolo — já — é o Elbphilarmonie, uma sala de concertos projetada pelos starchitects Herzog & de Meuron sobre um enorme armazém do Speicherstadt construído nos anos 1960 e que serviu para abrigar cacau, chá e tabaco até os anos 1990. Passeie pelas pontes para chegar até o canal Sandtorhafen (pela Sandtorkai), onde, além de barcos antigos, você terá uma ótima vista da Elbphilarmonie.
MINIATUR WUNDERLAD & DUNGEON
Com entrada pela Kehhwieder quase esquina com a Auf dem Sande e também ocupando armazéns de Speicherstadt, estão duas atrações incríveis para jovens que fascinam — e ensinam também — os adultos. O Miniatur Wunderland é o maior parque de miniaturas do mundo e em apenas 15 anos de existência, já se tornou a atração mais visitada da Alemanha. Saiba como visitar o Miniatur Wundeland, clicando aqui. Ao lado, fica o Hamburg Dungeon, uma atração de terror que conta, em uma hora e meia, o lado macabro — mas real — de 600 anos da história da cidade, através de bem montadas encenações (em alemão, mas eles te dão uma revistinha em inglês). Para ambas as atrações, é preciso comprar ingressos com antecedência.
O PORTO
Para se chegar ao porto, o Hamburger Hafen, a estação de metrô que você terá de descer é a Landungsbrücken, da linha U3, amarela (se você estiver no Speicherstadt, pode ir a pé, fica a 1 km de distância, pela Elbpromenade). Ao descer pelas escadas, você já verá o famoso edifício construído nos anos 1900, de tufo vulcânico, que leva os visitantes, através de 10 pontes, para o píer flutuante de 700 metros de extensão, de onde saem os passeios turísticos de barco pelo porto e também as balsas HADAG (transporte público). E por mais que você não se interesse por navios, em Hamburgo, viver o porto é absorver a alma desta cidade que nunca deu as costas para a região portuária (em muitas outras cidades, o porto é sempre uma região afastada, degradada) e tem grande orgulho e amor por ele. O aniversário do porto, que já tem 852 anos de idade, é comemorado em grandes estilo todos os anos, é a maior festa da cidade e dura todo o fim de semana. Passeie pelo píer, tome uma cerveja e vá até o barco Rickmer Rickmers, construído em 1896 com várias aventuras nos mares do mundo, da Ásia à África, que é aberto para visitação.
ALTES ELBTUNNEL, IMPERDÍVEL
Saindo dos prédios do Landungsbrücken, vire à esquerda, procure por um prédio redondo e encontre a entrada do Elbtunnel, um túnel subterrâneo para carros, pedestres e bicicletas, com elevadores com chão de asfalto (!), que passa por debaixo do Elba, te levando para a outra margem do rio. Desça pelas escadas se sentindo uma formiga e admirando o maquinário dos enormes elevadores, atravesse o túnel a pé, suba pelos elevadores e, chegando do outro lado do rio, aprecie a vista do rio e do Landungsbrücken. Para voltar, pegue uma balsa HADAG com o seu Hamburg Card (tem uma estação pertinho da saída) e volte para o píer cruzando o rio, agora de barco.
REEPERBAHN, PROIBIDO PARA MENORES
O bairro St. Pauli, pertinho do porto, é o bairro da noite em Hamburgo. A mítica avenida Reeperbahn é hoje BEEEM mais comportada do que já foi no passado, quando os navios ficavam ancorados por alguns dias e tudo o que os marinheiros faziam era se divertir com bebidas e mulheres. Hoje, com a tecnologia aplicada à logística, um navio não fica mais que nove horas ancorado no porto e, com isso, a Reeperbahn perdeu bastante do seu brilho barra-pesada. Mas turistas de toda a Alemanha continuam a vir aqui para beber, ver shows de pole dance e assistir a peças de teatro. A prostituição na Alemanha é legalizada e é na Davidstrasse, quase esquina com a Reeperbahn, que ficam as meninas (ao lado da principal delegacia de polícia da região!). E é numa travessa da Davidstrasse, numa rua chamada Herbertstrasse, fechada com tapumes nas duas entradas da rua e com acesso proibido para menores e mulheres, que você encontra uma experiência igual à do Red District de Amsterdam: mulheres nas vitrines convidando possíveis clientes para programas lá mesmo. Voltando à avenida Reeperbahn e virando à esquerda, a algumas quadras à direita, você vai encontrar uma das ruas mais famosas de St. Pauli: a Grosse Freiheit, a “grande liberdade” em alemão. A rua, fechada para automóveis com uma “balada” atrás da outra, com caixas de som na rua (para atrair — ou afastar — clientes), vitrines e janelas que te permitem ver até os shows que estão acontecendo lá dentro (incluindo mulheres nuíssimas) e apinhada de gente, começa na Beatles Platz, uma pracinha com esculturas da banda inglesa que começou a sua carreira tocando nas casas da Grosse Freiheit, onde ficou por dois anos antes de explodir nas paradas de sucesso. Como a Alemanha é um país cuja religião predominante é a protestante, é no meio desta bagunça que fica a primeira igreja católica da cidade, a St. Joseph. Dica importante: homens de boates podem ser um pouco insistentes tentando te levar para dentro de seus estabelecimentos. Diga sempre: “Nein, danke” ou mesmo um “No, thank you” e continue andando. NÃO PARE.
SCHANZE, A WILLIAMSBURG DA CIDADE
Paredes pichadas, lojas de designers locais, brechós, cafés charmosos, não muito limpa, imigrantes vendendo roupas velhas na saída do metrô Feldstrasse, Schanze — cujo coração é a Marktstrasse — é a região alternativa de Hamburgo. Para os dândis modernos, não deixe de conhecer a loja do estilista local Herr Von Eden na Marktstrasse 33. Se quiser uma comidinha vegana — e gostosa — ou simplesmente tomar um café, suba a Glashüttenstrasse e pare no número 85a, na Monkey Deli, um lugar pequenino e charmoso, do jeito que a gente gosta. Continue subindo (coloque no Google Maps) até a Lagerstrasse, uma rua nada fotogênica, até chegar no minicomplexo hipster-gastronômico que ocupa um antigo matadouro formado pela imperdível loja e fabricante de cervejas, a Ratsherrn Brauerei, o restaurante delicioso de comidinha orgânica Das Altes Mädchen, o café e casa de torrefação Elbsgold Kaffee e o restaurante do Jamie Oliver da Alemanha, Die Büllerei. Aí, é só procurar pela estação de U-Bahn ou S-Bahn que fica logo atrás (mas tem de dar uma voltinha para chegar na entrada da estação) e prosseguir com o passeio por outra região ou voltar para o hotel.
SAINT GEORG, O QUARTIER GAY
Pertinho da estação principal de trem de Hamburgo, a Hauptbahnhof, fica a Lange Reihe, artéria deste bairro friendly e cosmopolita, com cafés e restaurantes de várias nacionalidades. O nosso lugar preferido na Lange Reihe é o Café Gnosa (no número 93), que serve comidinhas e cafés o dia todo e fica aberto todos os dias das 10h à meia-noite. Com mesinhas na calçada e um salão com dois ambientes muito agradáveis e aconchegantes (lembra o Ritz em São Paulo), nós vamos ao Gnosa principalmente pelos bolos. Vá até a vitrine, veja o que eles têm no dia, e prove todos que conseguir. São deliciosos o de pera, o de ruibardo (rhababerkuchen), o de sementes de papoula (mohnkuchen). Na avenida você ainda encontra supermercadinhos bio, indiano e ibérico; padarias (Dat Backhaus), o ótimo restaurante Cox (no número 68), restaurantes italianos, restaurante (Vasco da Gama, no número 67) e doçaria portugueses (Pastelaria Caravela, no número 13), lojinhas charmosas, cafés com mesas nas calçadas perfeitos para people-watching (Grüneberg, no número 86, e Kyti Voo, no número 82). No cair da noite, o legal é ir ao número 22, no bar M&V Gaststätte, onde você pode tomar uma cerveja Kölsch (uma cerveja mais leve) no melhor estilo kneipe (taverna). Na Danziger Strasse, quase esquina com a Lange Reihem, ao lado do Café Balzac, você encontra a loja gay Brüno’s, que é de uma das maiores editoras de livros gays do mundo, a Bruno Gmünder, com todos os seus livros, filmes, roupas e acessórios possíveis e imagináveis. Para os teens, a dica é o Generation Bar, na Lange Reihe, número 81, aberto todos os dias (incluindo segunda), até às 2h da manhã. Também não faltam outros bares nas ruas adjacentes (incluindo para adeptos de S&M). Para saber de toda a programação de bares, festas, saunas da semana, basta pegar as revistas gratuitas disponíveis em vários estabelecimentos da Lange Reihe, ou a Hinnerk ou a Blu, para conhecer todos os endereços.
HAUPTBAHNHOF
Na região da estação de trem principal de Hamburgo estão também os mais importantes museus de arte da cidade: o lindo e imponente Hamburger Kunsthalle com uma importante coleção permanente (não perca os quadros do pintor alemão Caspar David Friedrich, incluindo o impressionante Die gescheiterte Hoffnung ) e as ótimas exposições temporárias do Museum für Kunst und Gewerbe. Também ao lado do Hauptbahnhof, fica o lindo teatro Deutsches Schauspielhaus, com excelente programação. Mas só dá para aproveitar quem fala fluentemente o alemão.
BLANKENESE, UM VILAREJO BUCÓLICO
Esse é daqueles passeios-escapadas, ainda dentro da cidade (mas bem distante do centro), para um dos bairros mais charmosos do mundo, uma antiga vila de pescadoras, à beira do rio, com ruazinhas em curvas sinuosas e muitas escadarias: Blankenese. Mas como aqui a região é puramente residencial (não tem galerias, lojas, teatros, cafés, ou seja, não tem nada para fazer), a desculpa que sempre nos traz aqui é a gastronomia. No topo da colina mais alta de Blankenese está o hotel Süllberg que tem um dos melhores restaurantes da cidade, o Seven Seas, um dos dois restaurantes dois macarons Michelin de Hamburgo. Mas não precisa deixar para vir só à noite. O hotel tem mais um restaurante que fica aberto o dia todo (também com comida e sobremesas incríveis) e um terraço, que você pode aproveitar no verão, com uma bela vista para o rio Elba e a fábrica da Airbus, que fica do outro lado do rio. Para chegar ao Süllberg, pegue o S-Bahn até a estação Blankenese, procure pelo ponto de ônibus fora da estação e peque o ônibus número 48. Peça para o motorista te avisar o ponto mais próximo do hotel, desça e comece a caminhar por esse bairro lindo, tendo a disposição para subir muitos lances de escada até chegar no topo da colina, nos restaurantes do Hotel Süllberg. A comida vale muito a pena.
FÁBRICA DA AIRBUS
Para terminar a nossa estadia em Hamburgo, se você é fã de aviões, agende com antecedência para visitar a fábrica da Airbus, que, de Blankenese, fica do outro lado do rio. São duas unidades de fabricação de aviões Airbus: a matriz em Toulouse e essa segunda planta, com direito a porto e aeroporto exclusivos, em Hamburgo. Há três tipos diferentes de visita e elas podem acontecer em alemão, inglês ou francês. É preciso ter sorte para encontrar vagas no idioma que preferir. O blog Passageiro de Primeira foi o único site brasileiro a visitar a fábrica e você confere o relato do Fábio Vilela, com fotos, clicando aqui.
E CONFIRA O NOSSO GUIA COMPLETO DE HAMBURGO:
— Hamburgo: informações práticas