Cipriani: Dos hotéis míticos do mundo, o mais completo de Veneza (e um sonho de hotel)
Depois de me hospedar no Cipriani em Veneza e no Brenners Park em Baden Baden {leia nossa crítica completa, clicando aqui}, eu definitivamente vou precisar criar uma categoria hotéis-míticos-e-com-alma-que-sobreviveram-bem-ao-tempo. Distante na medida certa da confusão claustrofóbica das hordas de turistas em Veneza, o Cipriani é praticamente um oásis que ocupa a ponta da ilha de Giudecca, que dá de frente para San Marco (jantar no terraço de um dos restaurantes do hotel, o Cip’s Club, com vista para tout Venise é uma experiência imperdível até para quem não está hospedado, e ainda tem uma das melhores tartes tatin que já comi na vida; você vê nas fotos no fim da matéria). Mas não só: qual hotel do mundo possui funcionários — há décadas trabalhando lá — que são personagens tão míticos quanto o Cipriani? (O barman Walter Bolzonella é amigo de várias figuras de Hollywood incluindo o ator George Clooney; e na cidade que abriga alguns dos eventos de arte mais importantes do mundo, as Bienais de Arte e Arquitetura e o Festival de Cinema, espere sempre encontrar uma clientela importante no Cipriani nas aberturas dos eventos). Onde mais — além de dormir em lençóis de linhos impecavelmente passados — você pode pedir pelo serviço de quarto um autêntico tiramisù veneziano às 3h da manhã? (Uma das histórias que se conta sobre a origem da sobremesa é que o tiramisù teria sido criado no Vêneto para o famoso escritor-conquistador-libertino-colecionador-de-mulheres Giacomo Casanova). E em qual hotel de Veneza, você vai encontrar jardins, spa, uma linda e espaçosa piscina olímpica outdoor — a única piscina na Veneza central, cuja água (salgada) está sempre a 29 graus — e o Roberto, o portiere cantor e filósofo que te recebe com um sorrisão assim que você desce do barco?
O luxo do Cipriani, no entanto, não é aquele dos palazzi venezianos que a gente ama — Loredan, Albrizzi, Pisani Moretta —, com suas fachadas de influências mouriscas, estuque e afrescos cheios de esplendor, pintados pelos maiores artistas de épocas passadas — pense em Tiepolo, Zanchi, Guardi — quando a Serenissima era uma das repúblicas mais ricas do mundo. Inaugurado em 1958, por Giuseppe Cipriani, o fundador do também mítico Harry’s Bar de Veneza (onde foi criado o Carpaccio e o Bellini), o hotel foi concebido para ser uma casa de amigos, mais informal, e é essa a atmosfera do hotel apesar de todos os caros Murano nos quartos (vasos, luminárias, e uma delicada e belíssima moldura de vidro no espelho do banheiro feita a mão com ouro e prata pelos artesãos das ilhas vizinhas; Murano é um grupo de sete ilhas a três quilômetros daqui). E na suíte Dogaressa, de número 63 (no palazzo Vendramin, anexo posteriormente ao hotel), um sonho de quarto com vista para a lagoa e o skyline de San Marco (a maioria dos outros quartos têm vista para o outro lado da ilha ou saem na piscina), você ainda tem na decoração tecidos antigos e originais Fortuny e Rubelli, dois grandes nomes históricos dos ricos tecidos venezianos. Foi com o Cipriani de Veneza que começou a história da Orient-Express, que comprou o hotel do Signor Cipriani em 1976, rede de hotéis que em 2014 passou a se chamar Belmond, já com mais de 40 propriedades no mundo incluindo vários hotéis históricos como o Copacabana Palace, o Grand Hotel Timeo, o Reid’s Palace e o trem Orient-Express, cuja jornada termina em Veneza.
Aberto apenas sete meses por ano (de março a outubro), aproveite o delicioso café-da-manhã-com-vista servido no Oro, o restaurante gastronômico que tem um macarron Michelin, até às 11h da manhã (no quarto, o café pode ser servido até às 11h30); tome um drinque na piscina no fim da tarde; e use e abuse do barquinho de madeira com estofados de veludo do Cipriani, que tem um píer próprio a alguns passos da Piazza San Marco e do Harry’s Bar (o trajeto dura apenas cinco minutos), que te busca e leva a qualquer hora do dia, da noite ou da madrugada (é só usar o telefone do ponto e pedir para te buscarem), porque, além das vistas, não há meio de locomoção mais charmoso.
COMO CHEGAR AO BELMOND HOTEL CIPRIANI
Se locomover em Veneza é sempre um desafio para os não iniciados. O Cipriani fica numa ilha, a Giudecca, e para ir do aeroporto Marco Polo [VCE] para o hotel, você pode 1. organizar o transfer de 40 minutos com um barco só para você com o hotel (calcule € 200) ou 2. pegar um barco público do aeroporto até a Piazza di San Marco pagando 15 euros (mas o trajeto é de 90 minutos) e de lá pegar o barco exclusivo do Cipriani que faz o trajeto 24 horas por dia entre San Marco e o canale della Grazia, onde fica a entrada do Cipriani (para já entrar no clima do hotel antes mesmo do check-in ). Atenção: são uns dez minutos a pé entre a área de desembarque do aeroporto até o píer de onde saem os barcos-táxi. Assim, se você estiver com muitas malas, é bom negociar um táxi para fazer esse trajeto. Na foto, a ponta de Giudecca ocupada pelo hotel Cipriani (o jardim lindo também é do hotel).
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Chegando ao Cipriani depois de aterrissar no aeroporto Marco Polo. Imagem: Shoichi Iwashita Descendo do barco-táxi, sendo recebido por Roberto, com vista para a igreja de San Giorgio Maggiore. Imagem: Shoichi Iwashita O meu quarto, número 33, uma Poolside Junior Suite com terraço privativo e acesso direto para a piscina. Neste móvel em frente à cama, fica a televisão (uma delícia ver TV com a tela tão próxima da cama). Imagem: Shoichi Iwashita Sofá, mesinha com mimos de boas vindas (também tem uma mesa de trabalho com tomadas de todos os tipos) e as portas que levam para o terraço. Imagem: Shoichi Iwashita Banheiro com vasos Murano, parte de mármore (mármore do chão ao teto só nas suítes mais importantes). Imagem: Shoichi Iwashita Amenities by Bulgari e Molton Brown. Imagem: Shoichi Iwashita Foto de outro quarto. Imagem: Divulgação O jardim por onde você acessa o spa. Imagem: Shoichi Iwashita Todo o conforto e proteção do vento, da chuva e do frio, no barco de madeira que faz o trajeto entre o hotel a Piazza San Marco a qualquer hora do dia e da noite. Imagem: Shoichi Iwashita Na Piazza San Marco, o píer exclusivo do Cipriani. Imagem: Shoichi Iwashita O barco ancorado no píer esperando hóspedes e visitantes do hotel. Imagem: Shoichi Iwashita À noite, é só pegar o telefone e pedir para o hotel te buscar na San Marco. Imagem: Shoichi Iwashita A academia. Imagem: Shoichi Iwashita Pesos livres! Imagem: Shoichi Iwashita Aí, você encontra no vestiário da academia escovas de dentes biodegradáveis e sua pasta de dentes favorita. Imagem: Shoichi Iwashita Depois do ótimo jantar no Cip’s Club, um dos restaurantes do Cipriani, uma das melhores tartes tatin que eu já provei, com sorvete de baunilha. Imagem: Shoichi Iwashita Chegando no quarto com o turndown service feito e a TV levantada (ela fica escondida no móvel). Imagem: Shoichi Iwashita Na mesa ao lado da cama, água e a previsão do tempo para o dia seguinte. Imagem: Shoichi Iwashita Café da manhã incrível servido no salão do Oro, o restaurante gastronômico do Cipriani. Imagem: Shoichi Iwashita Gosta de mel? In natura direto dos favos e de várias procedências. Imagem: Shoichi Iwashita Sucos e pratos quentes são preparados na hora. Imagem: Shoichi Iwashita Jantar no restaurante Oro, um macaron Michelin, do chef Davide Bisetto, com excelente adega. Imagem: Shoichi Iwashita Frutos do mar são abundantes na gastronomia veneziana. Excelente risotto com sardinha. Imagem: Shoichi Iwashita Depois de um menu-degustação e um delicioso carrinho de queijos, que tal chocolate pós-sobremesa? Imagem: Shoichi Iwashita O lustre do restaurante Oro, caindo de um teto folheado a ouro. Murano, claro. Imagem: Shoichi Iwashita Ambiente do salão à noite. Para variar, fomos os últimos a sair. Imagem: Shoichi Iwashita Caixa de chaves antiga. Amo. Imagem: Shoichi Iwashita Um dos ambientes do lobby. Imagem: Shoichi Iwashita Indubitavelmente, um dos melhores bares do mundo. Imagem: Shoichi Iwashita