Hotel de Russie: Renascido na Piazza del Popolo em Roma, a melhor suíte deste palazzo histórico não é a mais cara
Da rua, com sua fachada simples, cor de areia e austera, é impossível imaginar o pátio, os terraços e os jardins do hotel. Imagem: Shoichi Iwashita
Não estranhe o nome da Rússia, em francês, deste hotel em Roma localizado entre duas das mais lindas e icônicas praças da Cidade Eterna: a Piazza del Popolo e a di Spagna (porque o Hotel de Rome, também da rede Rocco Forte, fica em Berlim, olha só).
Quando o Hotel de Russie abriu, no fim do século 19, com um nome ainda mais estranho para um hotel romano — Grand Hôtel de Russie et des Îles Britanniques —, ocupando um palazzo construído em 1818 para a família Torlonia e projetado pelo mesmo arquiteto que redefiniu a Piazza del Popolo, ele era frequentado principalmente por membros da aristocracia e da intelligentsia russa: pense na princesa Zinaida Yusupova, herdeira da maior fortuna do país (fora a da família imperial) e mãe do príncipe Felix, que matou Rasputin; em Sergei Diaghilev e seus Ballets Russes, junto com Picasso; e em Igor Stravinsky, parceiro de Diaghilev e um dos mais importantes e influentes compositores do século 20, que dá nome ao bar-lounge-com-área-al-fresco do hotel, que adotou a grafia oficial e não-anglicizada Stravinskij. (Nessa época, a França era referência de sofisticação para a elite russa, que não só era fluente em francês, mas também era grande consumidora das maisons de luxo que nasciam no Hexagon: Baccarat, Limoges, Saint-Louis, Fabergé, Christofle, Lalique etc.).
Mas a lista de ilustres frequentadores não para por aí. Jean Cocteau, ao se hospedar no de Russie, teria registrado em carta para sua mãe: “Estou no paraíso… Consigo colher laranjas da janela do meu quarto”. O príncipe Jerôme Bonaparte (ou em italiano, Girolamo Napoleone #amo), sobrinho do imperador-lui-même, passou tantas longas temporadas no hotel que foi aqui que ele morreu (uma placa dedicatória pode ser vista na fachada do edifício).
—
Quer contar com a expertise Simonde para planejar a sua viagem? Nós temos uma parceria com a mais exclusiva agência de turismo de luxo do país. Enquanto ela nos oferece a estrutura necessária para o trabalho, eu assumo o planejamento e a curadoria de experiências da sua viagem, usando meu repertório e contatos para que você colecione lindas memórias. Para isso, basta me mandar uma mensagem direct pelo Instagram no @iwashitashoichi, clicando aqui.
UM HOTEL NA MELHOR LOCALIZAÇÃO DE ROMA COM 2800 METROS QUADRADOS DE JARDINS

Um dos mais belos projetos urbanísticos do século 16, está é a Piazza del Popolo vista do terraço da suíte del Popolo. E foi Giuseppe Valadier, o arquiteto responsável pela atualização da praça, que desenhou o palazzo que ocupa hoje o Hotel de Russie. Imagem: Shoichi Iwashita

Chegando ao Hotel de Russie no anoitecer, na Via del Babuino, essa que é a Saint-Honoré de Roma. Imagem: Shoichi Iwashita
Na Via del Babuino, a rua que liga a Piazza di Spagna à Piazza del Popolo (que assim como a Place de la Concorde em Paris, possui um obelisco egípcio ao centro, ainda mais alto, com 24 metros, e mais antigo, com 3400 anos), o Hotel de Russie possui a vantagem de estar no nível da rua, diferentemente do Hassler e do Eden — outros bons hotéis da região —, acessíveis a pé via escada ou ladeiras.
Se hospedando aqui, é a pé que você vai explorar grande parte das atrações da cidade: da via dei Condotti, a rua que concentra grande parte das marcas de luxo que abriga o Caffè Grecco, fundado em 1760 (só o Florian de Veneza é mais antigo na Itália), ao museu onde está o Ara Pacis, à Fontana di Trevi, ao Pantheon, à gelateria Giolitti; tudo, no máximo, a 15 minutos “planos” do hotel.
Sem falar que a “praça do povo”, a 45 metros de distância do Russie e de onde partem três ruas conhecidas como Il Tridente, intercaladas por duas igrejas-quase-gêmeas (da qual a Via del Babuino faz parte, sendo a mais sofisticada das três), é dos mais belos projetos urbanísticos da Europa do século 16. A piazza ainda serve de entrada para o histórico parque della Villa Borghese, frequentado tanto pelo Imperador Adriano no século 2 quanto por pintores de todos os tempos, onde você pode fazer sua corrida matinal e que é praticamente uma extensão do jardim do Hotel de Russie com impressionantes 2800 metros quadrados — completamente invisível de fora —, cheio de passeios, terraços e cantinhos, perfeito para a leitura ou uma boa conversa regada a uma taça de vinho (amo os jardins ao estilo romano do mesmo jeito que amo os jardins mais naturais à inglesa e o rigor dos jardins franceses dos séculos 17 e 18).
E tem mais: na Piazza del Popolo você ainda pode tomar um café ou o aperitivo no Canova, o bar-restaurante que tinha como habitué o cineasta Federico Fellini (que prepara excelentes tramezzini, os sanduichinhos típicos para acompanhar drinques), admirar duas obras-primas (menos conhecidas) de Caravaggio na basílica de Santa Maria del Popolo, e, passando a Porta del Popolo, ainda pegar o tram que te deixa praticamente na porta do Maxxi, o incrível museu de arte contemporânea desenhado pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid.
O RESSURGIMENTO DO RUSSIE NO ANO 2000, SUCO DETOX NO CAFÉ DA MANHÃ E A SUÍTE COM A MELHOR VISTA
O Hotel de Russie original funcionou do fim do século 19 até 1969, quando fechou e se transformou nos escritórios da TV estatal italiana RAI. Mas logo quando a Rocco Forte Hotels foi fundada (assumindo o também histórico Balmoral de Edinburgo, em 1997), a companhia comprou o palazzo romano e, depois de uma reforma milionária, reinaugurou o Russie em 2000, da melhor forma possível. Na decoração idealizada pela irmã e sócia de Sir Rocco Forte, a elegante Olga Polizzi, espere por ambientes cheios de vida — com aquelas combinações de cores, texturas e estampas que só os italianos conseguem fazer (sem falar nos ricos tecidos e os mosaicos dos banheiros que seguem a tradição greco-romana) — e estrutura completa com spa, academia pequena mas completa, saunas, jacuzzi de água salgada, salão de cabeleireiro, bar animado, restaurante e ainda uma loja da 100% Capri (que eu amo); além dos jardins mencionados acima. No café da manhã completo, eu amei a mesa que disponibiliza todas as folhas, frutas e legumes frescos — mais a centrífuga — para o suco verde (tudo bem que assim que você se aproximar um garçom irá se oferecer para fazê-lo), e a mesa, mais baixa, só com opções para crianças: o Kid’s Corner. Só não se esqueça de sempre acessar o restaurante pela manhã pelo jardim em vez de ir pelo interior do prédio. É muito mais charmoso e a melhor maneira de começar seu dia a Roma.
Dos 88 quartos e 33 suítes, a menor unidade para duas pessoas, o Classic Room, tem 30 metros quadrados (existe também a opção de quarto para uma pessoa, com 23 metros quadrados), e todas as categorias têm TVs enormes, banheiros de mármore (com banheira), os amenities Forte Organics (incríveis, todos fabricados com ingredientes orgânicos na propriedade deles da Sicília) e água mineral fornecida diária e gratuitamente na mesa de cabeceira (a garrafa de 750 ml do frigobar custa 5 euros); mas apenas os quartos a partir da categoria Deluxe têm camas king size (a Classic e a Executive têm camas tamanho queen). Minha única restrição foi com a velocidade do wi-fi, disponibilizado nas versões paga e gratuita, que era tão lenta que me vi forçado a assinar o serviço para conseguir postar os stories no Instagram. Já no quesito suítes, o Russie talvez seja o único hotel que eu conheço cuja suíte mais cara — a Nijinsky, em homenagem ao bailarino e coreógrafo russo — não tem a vista mais linda, um privilégio da suíte Popolo. Veja nas fotos abaixo por quê.
FAÇA A SUA RESERVA
Você pode reservar sua hospedagem com benefícios exclusivos falando diretamente comigo pelo Instagram @iwashitashoichi, clicando aqui.
Matéria originalmente publicada em 26 de abril de 2018.
LEIA TAMBÉM:
— Cipriani: Dos hotéis míticos do mundo, o mais completo de Veneza (e um sonho de hotel)
— A gastronomia do Norte da Itália
— Armani Hotel Milano: Experiência milanesa autêntica
— Taormina: A cidade siciliana com paisagens improváveis onde a máfia nunca esteve presente
— O vinhedo de Leonardo da Vinci, um belíssimo passeio pela Milão renascentista

Como boas-vindas no quarto, tudo o que você precisa (gin, vermute extra seco, gelo e azeitonas) para começar sua viagem em grande estilo: com a versão Stravinskij do dry martini. Imagem: Shoichi

O salotto que antecede o quarto nas suítes. Imagem: Shoichi Iwashita

Amo as camas arrumadas de forma mais despojada, alla romana. Imagem: Shoichi Iwashita

TVs enormes tanto na sala quanto no quarto. Imagem: Shoichi Iwashita

Mosaicos lindos no banheiro do meu quarto, uma Executive Suite. Os banheiros dos quartos são todos em mármore também, mas tem trabalhos mais simples. Imagem: Shoichi Iwashita

Apesar do ótimo tamanho do quarto, os banheiros não são muito grandes (incluindo a pia). Mas têm tudo o que gente precisa. Imagem: Shoichi Iwashita

A vista para o pátio do meu terraço, a suíte de número 401. Imagem: Shoichi Iwashita

O Jardin de Russie, o restaurante do hotel, vestido para jantar. Imagem: Shoichi Iwashita

Depois de um amuse-bouche e a salada Le Jardin, um ravioli Cacio e Pepe. Comfort food na veia. Imagem: Shoichi Iwashita

Saindo do restaurante — sempre passando pelo jardim e sua escadaria — e tendo esta vista. Imagem: Shoichi Iwashita

Turndown service feito e enxoval de altíssima qualidade. Imagem: Shoichi Iwashita

Che tempo fa domani. Imagem: Shoichi Iwashita

O café da manhã é servido no Jardin de Russie e pode ser tomado no terraço. Imagem: Shoichi Iwashita

Muito amor por essa bancada com centrífuga para o suco verde. Imagem: Shoichi Iwashita

Ovos beneditinos com espinafre (em vez de salmão ou presunto), frutas frescas (incluindo figo-da-Índia) e jornal do dia. Imagem: Shoichi Iwashita

Os cantinhos do jardim de 2800 metros quadrados dentro do Hotel de Russie. Imagem: Shoichi Iwashita

Mais cantinhos do jardim. Imagem: Shoichi Iwashita

O banheiro da Suite del Popolo é um espetáculo. Imagem: Shoichi Iwashita

Uma jacuzzi com hidromassagem gigante, mais saunas, academia e salas de tratamento fazem parte do spa do hotel. Imagem: Shoichi Iwashita

