Hotel Four Seasons DIFC: Existe uma Dubai elegante e em escala humana
Elegância raramente rima com grandiosidade (“a elegância não grita, ela sussurra”, li uma vez). E, apesar de refletir a cultura emirati com ricos veludos e o brilho dos metais dourados e das madeiras laqueadas, o Four Seasons Dubai DIFC não segue a proporção dubaiana, felizmente: é um hotel com apenas oito andares — são mais de 100 quartos, mas a sensação é a de que se está num hotel boutique — no coração deste minúsculo e jovem emirado que, em pouco mais de vinte anos, já tem mais arranha-céus que Tóquio e Chicago. Por isso, numa cidade onde o céu é — literalmente — o limite, o Four Seasons Dubai DIFC é uma belíssima opção ao extenso cardápio de hotéis de luxo em Dubai, e com ótima relação custo-benefício (praticamente todas redes estão aqui, com um ou até mais hotéis, como é o próprio caso da Four Seasons, que tem um resort de praia em Jumeirah, e você pode utilizar a estrutura pagando uma taxa por dia de uso).
A localização não poderia ser melhor. Você está no coração do DIFC, o Dubai International Financial Centre, um bairro-jurisdição vizinho ao complexo Burj Khalifa — Dubai Mall (hoje considerado o “centro” de Dubai; e por ser vizinho, o Four Seasons garante ótimas vistas para o edifício mais alto do mundo), que, além de ser uma zona de livre comércio — tem até cortes independentes; tudo para facilitar os negócios num país regido pela restrita lei islâmica, a charia —, é também o bairro mais gastronômico de Dubai. A alguns passos do hotel, em uma enorme e meio labiríntica área exclusiva para pedestres (eu me perdi algumas vezes porque a sinalização é escassa, e até para o concierge é meio complicado explicar como chegar até o metrô, a algumas quadras), você vai encontrar alguns dos melhores restaurantes do emirado como o Zuma, o La Petite Maison, o Cipriani Downtown, o Boca, além de vários cafés, lojas e galerias de arte (tudo internacional, nada típico). E o melhor é que, por ser uma região com leis especiais, só os restaurantes que estão no DIFC têm permissão para vender bebidas alcoólicas; fora daqui, só em hotéis e restaurantes dentro de hotéis.
Não que você precise de outros lugares para beber. Porque além do belo Penrose Lounge no térreo (com um salão interno e mesas no terraço para o “inverno”, quando a temperatura é mais amena e suportável) e dois bares nos últimos andares do hotel, o Luna Sky Bar (também com terraço) e o Churchill Club (um elegantíssimo bar de charutos que te faz sentir em casa), existe o fato de que você ainda tem a vista para o Burj Khalifa — todo iluminado — e para todos os enormes prédios da região.
No restaurante, um susto: em vez de um salão com design mini ou maximalista, você encontra o Firebird, um diner típico americano à la 1950s com direito a jukebox, metais cromados e balcão e milk shake ; mais para lanchonete que para restaurante. Uma aposta arriscada para um hotel de luxo que tem apenas um restaurante, mas, estamos em Dubai (!), por isso, relaxe e aproveite os excelentes hambúrgueres, o tartare de atum, o doughnut de foie gras, os frutos do mar, as sobremesas ou os milk shakes, também servidos com opções alcoólicas, for adults-only. No café da manhã servido no restaurante, só não deixe de provar o “The Elvis” American Toast (custard de canela, crust de açúcar, amendoim temperado, banana caramelizada), que é simplesmente divino (e dá tranquilamente para duas pessoas).
Com mais de cem propriedades de luxo espalhadas pelo mundo, a Four Seasons já domina a arte de criar quartos de hotéis perfeitos. O menor quarto, o Superior Room, tem 35 metros quadrados (de total acordo com o nosso Manifesto do Hotel Perfeito), amplo banheiro todo em pedra (mas, infelizmente, banheiras só nas suítes), e possui todas as comodidades que o viajante moderno e exigente precisa: wi-fi com boa velocidade de conexão, TVs no quarto e escondida atrás do espelho do banheiro, tomadas universais e entradas USB (por que todos os hotéis do mundo não fazem isso, gente?; tem até saída HDMI para a TV), cama e lençóis deliciosos, mesa de trabalho, sofá, black-outs que funcionam 100%, sem falar nos acabamentos, que é o que fazem um hotel ser luxo de verdade. Da qualidade à costura do couro na cadeira de trabalho às madeiras, tecidos e pedras usadas em toda a decoração, tudo é impecável.
E aí, você tem ainda uma ótima academia 24 horas (para nós, que estamos chegando do Brasil ou voltando da Ásia, o jet-lag é inevitável e é ótimo poder aproveitar a madrugada para treinar), um spa com cinco salas de tratamento com vestiários que podem ser usados quando você já tiver feito check-out mas tem um voo só à noite, e ainda uma piscina com paredes de vidro e uma jacuzzi aquecida no topo do hotel com serviço de bar (quando você chega a atendente já coloca um balde de gelo com garrafinhas de água e uma campainha para você chamá-la sempre que precisar).
Tirando o fato de que eu achei um pouco estranho tomar sol vendo a foto de Sua Alteza Shaikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum estampada no prédio ao lado olhando para mim, a minha hospedagem no hotel foi perfeita.
A fachada, toda de vidro, do Four Seasons Dubai DIFC permite a entrada de muita luz natural e oferece vistas para os edifícios da região. Imagem: Divulgação O hotel tem apenas oito andares e fica em DIFC, coração financeiro e um dos polos gastronômicos do emirado. Imagem: Divulgação No lobby, que fica no térreo “suspendido” e tem acesso à área de pedestres de DIFC (a entrada para carros fica no andar de baixo), está o Penrose Lounge, com terraço e vista para o Burj Khalifa. Imagem: Divulgação Os voos da Emirates partindo de São Paulo chegam à meia-noite em Dubai. Por isso, já cheguei ao quarto com a cama pronta para dormir. Imagem: Shoichi Iwashita Como o restaurante do hotel já estava fechado e nos bares nos dois últimos andares, só servem comidinhas depois da 1h da manhã, pedi serviço de quarto (salada Caesar, ovos, filé de frango grelhado e uma torta de chocolate). Imagem: Shoichi Iwashita A TV com a mesa de trabalho e lindos materiais em tudo. Imagem: Shoichi Iwashita Você pode checar todas as informações sobre sua conta e o hotel na TV ou no tablet que fica ao lado da cama. Imagem: Shoichi Iwashita Abrindo a gaveta do criado-mudo, você encontra a informação da Qibla, a direção — da Kaaba em Meca — para onde os muçulmanos devem se posicionar ao fazer suas orações. Imagem: Shoichi IwashitaEscondido atrás do espelho do banheiro, fica uma TV. Você vê o noticiário na TV do quarto, segue assistindo enquanto escova os dentes e, se subir para a academia, pode continuar assistindo nas TVs individuais tanto na esteira quanto nas bicicletas. Genial. Imagem: Shoichi IwashitaO banheiro, todo em pedra, é super espaçoso. Mas banheira, só nas suítes. Imagem: Shoichi Iwashita Fonte instalada no lobby. Imagem: Shoichi Iwashita Uma das salas do lobby. Imagem: Shoichi Iwashita A piscina fica no topo do hotel, junto com a academia e o spa. Imagem: Shoichi Iwashita Ao chegar, a atendente do bar já prepara a sua chaise com toalha gelada, balde com água e a campainha para chama-lá. Imagem: Shoichi Iwashita A ótima academia. Imagem: Divulgação Academia em árabe. Imagem: Shoichi IwashitaO diner Firebird, o único restaurante do hotel. Imagem: Divulgação Café da manhã saudável, tem no Four Seasons Dubai DIFC. Imagem: Shoichi Iwashita O imperdível – e enorme para uma pessoa – toast The Elvis. Imagem: Shoichi IwashitaPara começar o jantar, o tartare de atum preparado na mesa. Imagem: Shoichi Iwashita
LEIA TAMBÉM:
— Dubai: o emirado do deserto que importa areia
— Hidroavião: a emoção de ver dos céus as obras faraônicas em Dubai