Marie-Madeleine, autênticos croissants e viennoiseries
Acho muito coisa de paulistano dizer que um lugar tem “o melhor sorvete”, “o melhor macaron”, “o melhor café”, que algo é “de comer de joelhos” (e quase nunca é). Mas no caso da Marie-Madeleine (apesar de estarmos a anos-luz da oferta de bons pães, viennoiseries e doces da Cidade-Luz), posso afirmar que, sim, eles fazem O MELHOR CROISSANT de São Paulo. Se os croissants da Julice e do Le Vin ficam melhor quando são aquecidos, o croissant da Marie-Madeleine pode ser comido frio, puro, ou melhor, acompanhado de uma bela manteiga. Sem medo de ser feliz. Aparência, textura e sabor perfeitos.
Mas as delícias não param por aí. Além dos pães, feitos artesanalmente, sem fermento químico, como baguette, pain sur levain, ciabatta, focaccia, você tem ótimos doces e viennoiseries (prove tudo: o pain au chocolat, o croissant de amêndoas, o palmier, o delicioso e lindo — por fora e por dentro — chausson aux pommes, uma massa folhada recheada com compota de maçã e baunilha, um dos meus preferidos). Eles produzem uma variedade grande de pães mas nem sempre tudo está à disposição, principalmente, nas últimas horas do dia, quando muito da produção já terá sido vendida e você pode chegar lá procurando por algo específico e não encontrar (por isso, vale a pena ligar antes; aliás, nunca saia de casa sem casa ligar antes, eles fecham às segundas, fecham o mês todos de janeiro em férias coletivas, tem dia que tem almoço, tem dia que não tem, por isso, ligue e não seja surpreendido).
Com relação à pâtisserie, você também não ficará decepcionado: apesar de o cheesecake ser mais bonito que saboroso (sabor suave demais para o meu gosto), os macarons seguem a receita tradicional francesa sendo feitos 100% com farinha de amêndoas (muitos lugares usam farinha de castanha que é mais barata), por isso, não deixe de provar o Macaronade, um macaron grande recheado com uma mousse de gianduia e confit de maracujá com manga. E se você gosta de cookies de chocolate, não deixe de provar a Tartelette Chocolate, receita do chef pâtissier francês Philippe Rigollot, que é a prima sofisticadíssima dos cookies com o chocolate em quatro texturas: sólida, duas cremosidades em densidades diferentes e crocante. E ainda leva um pincelada de ouro por cima. Ah, e também tem os canelés, sobre os quais a gente já falou aqui!
CAFÉ DA MANHÃ
O serviço é confuso e você fica perdido-perdidinho na primeira vez. Não tem serviço na mesa, não tem cardápio. Você vai até o balcão. Como você não sabe o que tem, você tem de perguntar. Mas a fila se forma atrás de você. Você se sente pressionado por que não entende o esquema. A atendente se sente pressionada a dizer tudo o que tem, rapidamente — talvez sem falar tudo para que você não tenha muitas opções e fique em dúvida —, e espera sua pronta resposta. Você escolhe na pressa. Os pães, você pede para ela, que vai te dar no saquinho de papel para que você carregue para a mesa. Se você pedir o omelete, eles vão te entregar na mesa. As bebidas, você pede para um atendente na mesa. As mesas, redondas, também têm uma disposição confusa. De qualquer forma, não é o que se espera de um lugar onde você vai gastar R$ 50 por pessoa no café da manhã (só o omelete — pequeno — custa R$ 23), que você terá de se levantar para pagar no caixa no fundo da loja. Apesar da extrema qualidade e das delícias que a Marie-Madeleine produz, a experiência do consumo in loco para pedidos mais complexos não é das mais agradáveis. Compre os pães e os doces e leve pra casa. Ou, vá até o balcão e peça um doce e um espresso.
ONDE PARAR O CARRO
Tem um estacionamento bem ao lado da Marie-Madeleine, mas eles não têm convênio. Na rua é impossível parar. Por isso, mesmo que você deixe o carro por cinco minutos — o tempo de comprar o pão e ir embora — você vai gastar R$ 15.
Por tudo isso, eu queria morar no prédio ao lado da Marie-Madeleine e ser avisado de cada fornada de croissants e canelés. Ah, eles fecham às segundas. Mas boulangeries como a Marie-Madeleine, tão raras em São Paulo, deveriam ser proibidas de fechar.O choisson aux pommes, uma das minhas viennoiseries preferidas. Deliciosa e impecavelmente feita. Imagem: Shoichi Iwashita Macaronade: macaron grande recheado com uma mousse de gianduia e confit de maracujá e manga. Super tropical. Imagem: Shoichi Iwashita Le Passionnément: a sobremesa desenvolvida pelo chef Philippe Rigollot leva mousse de chocolate branco, limão siciliano e baunilha, creme de frutas tropicais, geleia de maracujá e tuille crocante de coco. Imagem: Shoichi Iwashita A Tartelette Chocolate: para os amantes de cacau em texturas diversas. Imagem: Shoichi Iwashita A omelette de peito de peru com queijo branco no café da manhã da Marie-Madeleine. Imagem: Shoichi Iwashita De segunda a sexta, no salão do primeiro andar, é servido um ótimo almoço, com um balcão lindo de saladas para comer à vontade e duas opções de prato. Mas ligue antes para confirmar. Já fui uma vez com meu namorado, mas eles não estavam servindo o buffet de almoço. Imagem: Shoichi Iwashita. O delicado e suave cheesecake. Imagem: Shoichi Iwashita A fachada da Marie-Madeleine na movimentada rua Afonso Bráz, na Vila Nova Conceição. Ao lado (à direita), a entrada do estacionamento. Imagem: Shoichi Iwashita