Milaidhoo, Maldivas: Hotel de luxo boutique, sem contenção em volta e com um dos mais incríveis cafés da manhã do mundo
Eu viajaria de novo para o Milaidhoo só pelo café da manhã. Mas são muitos os destaques deste hotel inaugurado em 2016 por um maldiviano — dono também do Baros e do vizinho Nautilus —, a começar por seu tamanho boutique, do jeito que a gente gosta. O hotel tem apenas 50 acomodações, entre bangalôs pé-na-areia e sobre águas, com, no mínimo, enormes 245 metros quadrados — todos com piscina privativa de borda infinita —, e sem a contenção no mar em volta da ilha que tira o encanto da vista em muitos dos hotéis de luxo nas Maldivas. Ocupar uma ilha paradisíaca e pequenina e sem quilômetros de plataformas de overwater bungalows quer dizer que você não precisa se deslocar pelo hotel de bicicleta ou carrinho; dá para fazer tudo a pé, confortavelmente.
E, aí, tem a localização. O atol de Baa, do qual o Milaidhoo faz parte, é, assim como Galápagos e Komodo, considerado Reserva da Biosfera pela Unesco desde 2011, tamanhas as suas riquezas naturais. A baía de Hanifaru, a apenas 10 quilômetros do Milaidhoo, é mundialmente famosa por concentrar uma grande quantidade das enormes arraias-manta e dos tubarões-baleia, graças ao acúmulo de plânctons que são o prato preferido tanto das arraias quanto desse que é o maior peixe dos oceanos. E esse é um dos passeios imperdíveis organizados pelo hotel, principalmente nos meses de agosto e setembro, a melhor época para observar esses peixes.
Se você estiver hospedado em um dos bangalôs na areia da praia, basta sair do seu quarto com o equipamento de snorkeling, nadar 70 metros e você estará diante de um coloridíssimo espetáculo marinho. Quando acaba a barreira de corais, é lindo ver a depressão entre as águas rasas e claras, e o mar mais profundo da lagoa do atol, que ganha tonalidades de azuis mais escuros. Tudo possível graças à alta visibilidade dentro da água.
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UM DOS MAIS BELOS CAFÉS DA MANHÃ QUE JÁ VI
Mas o que mais me impressionou no Milaidhoo foi o café da manhã servido no restaurante Ocean. Pouquíssimas vezes fiquei impressionado com a beleza — não só da comida como também do salão; preste atenção nos ladrilhos do chão em tons brilhantes de azul e verde, que ficam ainda mais deslumbrantes na luz do sol poente —, a apresentação, a variedade e o serviço impecável de um buffet de café da manhã (talvez no Brenners, mas, aqui, estamos em um país sem terras férteis, no meio da vastidão do Oceano Índico; o que deixa tudo ainda mais impressionante, apesar da alta pegada de carbono de toda essa comida que precisa chegar de avião).
Repleto de opções saudáveis e veganas — de queijos a leites vegetais e iogurte de coco, raridades no arquipélago —, o café da manhã do Milaidhoo tem apenas tudo aquilo que você pode desejar comer: pratos quentes orientais, do Levante à Tailândia; muitas opções de pães, viennoiseries e bolos muito bem feitos; uma geladeira de queijos com muitas geleias, compotas e chutneys; e um altar de frutas tropicais e incomuns com direito a uma pessoa dedicada a montar um prato de frutas cortadas lindamente na hora para você. Ah, eles ainda têm café cold brew. Por tudo isso, não ouse trocar o café da manhã do Ocean por um café da manhã servido no quarto porque está muito longe de ser a mesma coisa.
A única questão é que só tem ar condicionado na parte fechada do restaurante, onde ficam os buffets com as comidas. Ou seja, sua-se bastante à mesa apesar dos ombrelones. Assim como todo projeto arquitetônico que preza pela sustentabilidade, o projeto do Milaidhoo prioriza a ventilação natural. Do bar Compass, que dá para a piscina de borda infinita do hotel — de onde é possível contemplar o belíssimo pôr do sol diariamente —, às áreas públicas. Mas tem hora que está tão claro e quente que a gente só quer voltar para o quarto e sentir o friozinho do ar condicionado com as cortinas fechadas (o incrível Las Ventanas também é assim). A academia e o spa são climatizados.
COME-SE BEM E DE FORMA SAUDÁVEL NO MILAIDHOO
E com um chef cingalês assinando toda a gastronomia do hotel, espere por comer bem no Milaidhoo. O hotel tem um restaurante maldiviano gastronômico instalado dentro de um barco grande que leva o nome de um dos tipos tradicionais de embarcações locais, o Ba’theli, que tem como proposta uma cozinha inspirada na antiga rota das especiarias. Amei comer as fragrantes folhas de caril em um pãozinho superleve — e aprender que elas são super saudáveis e não tem nada que ver com a mistura de temperos massala, que leva erroneamente o nome de curry graças aos ingleses — e um dos mais maravilhosos curries (agora, o prato) de grão-de-bico da vida.
E, aí, tem um fato interessante: como a pesca faz parte da cultura local, é muito incrível saber que muitos dos peixes do cardápio são pescados artesanalmente pelos muitos funcionários maldivianos do hotel em seus dias de folga.
Além da alimentação equilibrada, o Milaidhoo conta com uma academia bem equipada e um spa com salas de tratamento com vista para a área da ilha onde as águas são mais fluorescentes. Tudo bem que a gente não fica de olhos abertos durante a massagem, mas saber que se está em meio àquela paisagem deve ter algum efeito de relaxamento sobre o cérebro (porque o efeito é exatamente esse).
BANGALÔS ESPAÇOSOS E COMPLETOS NO MILAIDHOO
Além de muito espaçosos e com uma piscina privativa enorme para duas pessoas, os bangalôs são decorados com madeiras e clores claras, e são super equipados com closets e banheiro espaçosos, roupões leves, tapetes de yoga, ferro e tábua de passar, todas as amenidades de toilette que você possa precisar e cosméticos Acqua di Parma. A TV fica elegantemente escondida atrás de quadros na parede. E encanta a banheira completamente aberta para a paisagem, que ganha flores quando o seu anfitrião prepara o banho para você.
ATMOSFERA MALDIVIANA
A pracinha na área da recepção do hotel, inspirada nas maidhaan, as praças comunitárias das ilhas públicas onde os locais se encontram no dia a dia e onde acontecem as celebrações típicas, reforça a conexão entre o hotel e as tradições maldivianas. E é muito especial ver, em um destino com uma hotelaria tão artificial, um hotel que propõe alguma relação com a cultura local. Além dos passeios para ver a riqueza da vida no mar, o Milaidhoo consegue te levar para um minicruzeiro no pôr do sol em um dhoni (outras das embarcações tradicionais maldivianas) ou ainda para uma ilha local a poucos minutos de barco do hotel.
COMO CHEGAR AO HOTEL MILAIDHOO: AVIÃO, HIDROAVIÃO E BARCO
A viagem é longa: são 30 horas de avião-mais-aeroporto entre São Paulo GRU e o aeroporto internacional de Malé MLE. Depois de aterrissar, passar pela imigração e recolher suas malas, um representante do hotel te espera para levar, em um carro próprio do Milaidhoo, até o Noovilu Seaplane Terminal, de onde partem os hidroaviões — importante: não inclusos no valor da estadia — com destino às centenas de ilhas-hotéis do arquipélago.
Nesse terminal, você aguarda o seu voo na confortável sala VIP da companhia Manta Air — de onde você consegue apreciar a movimentação intensa de hidroaviões pousando e decolando —, que faz o voo entre Malé e uma plataforma flutuante (e minúscula) próxima ao hotel Amilla Fushi; voo que tem 35 minutos de duração. O avião utilizado é um Twin Otter DHC-6 e a bagagem permitida por passageiro é uma mala de 25 quilos + uma bolsa de mão de até 5 quilos, que nem sempre pode ir com o passageiro no assento. Ultrapassando o limite de peso, é preciso pagar a taxa de excesso de bagagem.
Por não ter ar condicionado, os voos com hidroavião são sempre quentes e barulhentos; por isso, troco já de roupa do aeroporto por roupas bem leves e sempre trago na bolsa protetores de ouvido (ear plugs) e um fone com cancelamento de ruído que deixam a viagem mais confortável. Eu só não gosto mesmo quando, ao embarcar e desembarcar, a gente fica dentro daquele avião quente e fechado balançando no ritmo dos movimentos do mar. Se você tem facilidade de enjoar, tome remédio antes do voo. A temperatura dentro do avião só fica mais amena quando o avião está lá em cima, em altitude de cruzeiro.
Para não estragar a paisagem e incomodar os hóspedes do Milaidhoo com o barulho da aeronave, o hotel busca de barco seus hóspedes na plataforma flutuante ao lado da qual o hidroavião pousa. Quando aterrissamos, o barco já estava lá nos esperando. Aí, são mais 15 minutos pelo mar até o píer do hotel para, finalmente, nadar e descansar.
Só é importante saber que os hidroaviões só voam durante o dia, entre as 6h e as 17h, levando em conta as condições meteorológicas. O bom é que os voos das companhias aéreas emirati geralmente aterrissam em Malé entre 7h e 9h da manhã e decolam de volta no começo da noite; tempo suficiente para chegar ao hotel no mesmo dia, e partir depois do horário do check-out do hotel.
QUANTO CUSTA SE HOSPEDAR NO MILAIDHOO
No Milaidhoo, os bangalôs na areia — com espaçosos 260 metros quadrados na versão mais simples — são mais caros que os overwater bungalows, os bangalôs sobre as águas; uma diferença de aproximadamente 15%. Para as beach villas, calcule uma diária de USD 2.700,00, já com os quase 30% de taxas e impostos incluídos no valor, além do café da manhã para duas pessoas. O hotel também oferece as estadias em sistema de meia-pensão, com café da manhã e jantar servidos no restaurante Ocean.
Aí, além das refeições é preciso prever no orçamento o traslado de hidroavião, que custa USD 625,00 — ida e volta — por adulto e USD 315,00 por criança, já com as taxas e impostos, e inclui o serviço de assistência no aeroporto de Malé e o transporte de barco entre a plataforma do hidroavião e o hotel.
Para uma estadia de 7 noites para duas pessoas, calcule em torno de USD 20.000,00, para o quarto com café da manhã mais os traslados ida e volta de hidroavião. O hotel oferece, sem cobrança adicional, aulas de yoga diariamente pela manhã, equipamento para snorkeling e algumas atividades aquáticas não-motorizadas, como caiaque e stand-up paddle.
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