Musée Rodin, o museu com o jardim mais romântico de Paris
Abrigando um dos mais lindos e charmosos jardins de Paris — repleto de obras-primas do escultor francês Auguste Rodin —, o museu dedicado ao artista é um dos passeios mais agradáveis da cidade, seja para apreciar as esculturas em bronze, fazer uma promenade pelas alamedas e roseiras, ou então, ler um livro saboreando o delicioso brownie vendido na cafeteria instalada no jardim.
O que muita gente não sabe é que o Hôtel Biron — o nome do hôtel particulier que o Musée Rodin ocupa — foi projetado por Jean Aubert, o mesmo arquiteto do magnífico Château de Chantilly, para seu cliente Abraham Peyrenc de Moras, um cabeleireiro que ficou rico com suas estilosas perucas. Considerada uma das mais belas residências da cidade pelos parisienses du jour, a casa foi uma das primeiras mansões da Rive Gauche, a margem esquerda — ou Sul — do Rio Sena.
Mas, Monsieur-peruqueiro Peyrenc de Moras não pode desfrutar muito de sua casa, de sua belle demeure. Faleceu um ano após a conclusão das obras, deixando a casa disponível para futuros célebres moradores como a nora do rei Louis 14, o marechal de Biron — de quem a casa recebeu o nome —, o embaixador da Rússia, antes de ser transformada em um colégio interno para filhas da aristocracia.
Rodin o último inquilino, morou e trabalhou nessa casa até sua morte (junto com outros grandes artistas da época — que ainda não eram tão reconhecidos — como Jean Cocteau, Henri Matisse, Isadora Duncan, entre outros) e foi ele mesmo o responsável por transformá-la no seu museu. Com medo de que o château fosse demolido, doou toda a sua coleção de antiguidades gregas e romanas, e todos os seus trabalhos para o Estado em 1916, quando o governo francês aceitou transformar o Hôtel Biron no Musée Rodin.
Infelizmente, o artista não conseguiu viver para ver seu projeto realizado. Morreu em 1917, dois anos antes da inauguração do museu. Mas, desde então, o local é considerado um dos lugares mais charmosos de Paris, abrigando exposição permanente das obras-primas do escultor, seus desenhos, suas gravuras e sua coleção de obras de arte e antiques.
A GRANDE REFORMA
De 1919 até 2012 (ou seja, quase cem anos), o museu nunca havia passado por uma reforma estrutural (da parte elétrica ao piso de madeira que chiava de maneira nada charmosa ao andar). E, depois de três anos fechados, o Hôtel Biron reabriu em novembro de 2015 com cada detalhe do château impecavelmente restaurado, acessível para deficientes (raridade em Paris) e com uma nova forma de apresentar o vasto acervo do museu, formado por mais de 30 mil trabalhos de Rodin, dentre os quais mais de 6 mil esculturas.
CAMILLE CLAUDEL
A assistente de Rodin que permaneceu com o escultor por dez anos numa relação bastante conturbada e que o influenciou enormemente (ela tinha apenas 19 anos quando o relacionamento começou e era esquizofrênica), ganhou uma sala toda dedicada ao seu trabalho como artista; ela que é hoje considerada um gênio da escultura.
O JARDIM DO MUSEU RODIN
No jardim, você encontra ainda obras-primas em bronze como Os Burgueses de Calais (de 1885), Os Portões do Inferno (de 1880), O Pensador (de 1888). No lago está Ugolino e seus Filhos, que representa uma história narrada no Canto XXXIII da Divina Comédia de Dante Alighieri: o conde Ugolino de Pisa é acusado de trair sua cidade e é preso numa torre com seus dois filhos e dois netos. A chave é jogada fora. Sem comida, Ugolino vê seus filhos, um a um, morrerem de fome, o canto de Dante sugere que Ugolino pratica o canibalismo para matar sua própria fome. Apesar de gostar muito desta escultura de Rodin, amo também a versão do mesmo tema de Jean-Baptiste Carpeaux, exposta no Metropolitan, em Nova York.
Perto do Musée Rodin fica o L’Arpège, um três estrelhas Michelin, do chef Alain Passard, famoso por seus pratos com legumes. 🙂