Nantes: De capital do ducado da Bretanha e porto negreiro a animais-robôs que encantam crianças e adultos, as dicas do que fazer nesta cidade vibrante e repleta de arte
Em frente à escola de Belas Artes de Nantes, a obra In a Silent Way, de Nathalie Talec, é uma das dezenas de obras de arte em lugares públicos espalhados pela cidade de Nantes. Imagem: Shoichi Iwashita
Na hora que vi esse elefante-robô do tamanho de um prédio de cinco andares e 48 toneladas caminhando graciosamente pela ilha de Nantes, mexendo a cabeça, as orelhas e os olhos, soltando água pela tromba, com todas suas complexas engrenagens aparentes e carregando 50 pessoas, eu só pensei: todas as crianças precisam ver isso. A originalidade e a genialidade deste ambicioso projeto cultural intitulado Les Machines de l’Île, “As Máquinas da Ilha” em português, são um dos resultados do renascimento da capital histórica da Bretanha; e um dos projetos mais bem-sucedidos de revitalização urbana que já vi.
De TGV, o trem rápido francês, dura apenas duas horas a viagem entre Paris e Nantes, a capital da Bretanha histórica e capital da região dos Pays de la Loire. Porque desde a Segunda Guerra Mundial, Nantes foi separada da Bretanha.
À beira do rio Loire e a apenas 50 quilômetros do oceano Atlântico, Nantes é uma cidade que, apesar da importância histórica — o edito de Nantes de 1598 foi um passo essencial para a liberdade religiosa depois das batalhas sangrentas entre católicos e protestantes que assolaram a França por décadas –, perdeu o brilho com os bombardeios da Segunda Grande Guerra e o declínio de suas grandes indústrias a partir da década de 1960.
Importante cidade portuária, foi o primeiro porto negreiro da França, o que trouxe imensas riquezas para a cidade. Nantes foi primeira cidade francesa a “exportar” negros escravizados em escala industrial no século 18 — passado que faz questão de não esquecer –, mas teve seus últimos estaleiros fechados definitivamente em 1987. Foi a capital do ducado onde nasceu uma das mais carismáticas rainhas da França, Ana de Bretanha; cidade natal do escritor fantástico Jules Verne, autor de “A Volta ao Mundo em 80 dias”; e é um dos exemplos mais apaixonantes de como a arte e a cultura, o poder público junto com empresas privadas, podem transformar positivamente a vida de uma cidade. E, de quebra, atrair milhares de viajantes todos os anos.
No lindo e bem cuidado Jardin des Plantes, uma coleção de obras divertidas do artista plástico Jean-Julien. Imagem: Shoichi Iwashita
Nos jardins aristocráticos da Cours Cambronne, fica a escultura Tributo à Transgressão (Éloge de la transgression), do artista Philippe Ramette. Imagem: Shoichi Iwashita
O canal Saint-Felix, onde fica esse barco que é um bar, o La Drôle de Barge. Imagem: Shoichi Iwashita.
A arte está em todo lugar, de graça e ao ar livre. Obras ocupam ruas, universidades, parques e suas muitas passages-galeries e praças imponentes – Royale, Graslin, Cours Cambronne, a place du Commerce –, e até o rio; o que não significa que você possa deixar de visitar o Museu de Belas Artes de Nantes e apreciar alguns belíssimos – e inéditos para mim até então – quadros do (Jules-Élie) Delaunay. Edifícios que são herança do passado próspero e construções contemporâneas assinadas por grandes arquitetos franceses convivem de forma próxima com antigas regiões industriais degradadas que vêm sendo reurbanizadas, através de projetos como as próprias Machines de l’Île, o Voyages à Nantes e o Cartier de la Création, bairro revitalizado, também na ilha de Nantes, onde estão faculdades, prédios de apartamentos, ótimos cafés e padarias, e muitas empresas criativas.
E ainda tem a gastronomia reforçada com belíssimos restaurantes e produtos típicos da Bretanha. Junto com as célebres crêpes e galettes, especialidades bretãs, acompanhadas sempre de sidra, a bebida fermentada feita com maçã já que estamos em uma latitude mais fria e mais difícil para o cultivo de uvas; tem os tomates anciennes e a flor de sal de Guérande; os vinhos Muscadet (principalmente de Saint-Fiacre, região de onde vem alguns de seus melhores exemplares); as rigolettes nantaises (balinhas de frutas inspiradas na ópera de Verdi, Rigoletto); e os inesquecíveis morangos de Plougastel em duas variedades: Mara des Bois e Cirafine. Coma – e aproveite este guia de Nantes – sem moderação.
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NANTES NÃO FAZ MAIS PARTE DA BRETANHA
Apesar de ter sido capital do reino, condado, ducado e région da Bretanha ao longo de 1200 anos de história — e onde está o castelo de onde governaram os duques da Bretanha –, Nantes é hoje capital do departamento Loire-Atlantique e capital da região dos Pays de la Loire; grande motivo de descontentamento e reinvindicação do povo bretão. Durante a França de Vichy, quando o país é ocupado pela Alemanha nazista, o Marechal Pétain retira da Bretanha o departamento onde está Nantes, fazendo da cidade de Rennes a nova capital.
Por isso, diz-se que Nantes é capital da Bretanha histórica, apesar de não ser mais capital da Bretanha “administrativa”. Caso você queira entender a relação entre a Grã-Bretanha e a Bretanha francesa, e a diferença entre britano, britânico e bretão, escrevi uma matéria à parte, que você pode acessar, clicando aqui.
O QUE VER E FAZER EM NANTES?
CASTELO DOS DUQUES DA BRETANHA, HOJE O MUSEU DA HISTÓRIA DE NANTES
O Castelo dos Duques da Bretanha, hoje o Museu da História de Nantes, foi sede do ducado até à anexação da Bretanha à França no século 16. Imagem: Shoichi Iwashita
O castelo foi construído ao longo dos séculos e em diferentes estilos. Imagem: Shoichi Iwashita
Na coleção permanente, uma amostra da riqueza que a cidade conquistou através do comércio marítimo internacional. Imagem: Shoichi Iwashita
Da muralha medieval, a vista para a nova cidade de Nantes: inclusiva, pensada para seus moradores (e não só para os turistas) e repleta de arte e boa arquitetura. Imagem: Shoichi Iwashita
Assim como a Borgonha e a Provence, a Bretanha foi um reino que tinha tudo para ter se tornado um país; tinha todas instituições de um rico estado soberano – até embaixadores próprios em Roma – e uma corte comparada a outras cortes europeias. Em outros tempos, foi feudo vassalo ora da coroa britânica ora da francesa, já que ocupava uma posição geográfica estratégica entre os dois reinos inimigos, que disputavam o território.
Construído no começo do século 13 em estilo gótico flamboyant — mas com incrementos que foram sendo adicionados em diferentes estilos até o século 17 — onde hoje é o coração da cidade de Nantes, foi neste castelo que os duques da Bretanha moraram e governaram por mais de 300 anos. Até à anexação do ducado ao reino de França no século 16, quando o castelo se tornou uma das residências reais francesas. Foi aqui também onde nasceu Ana da Bretanha, a duquesa que se tornaria rainha da França duas vezes. Por questões de poder, Ana teve de se casar com seu inimigo Charles 8, e ao se tornar viúva, foi obrigada – por questões contratuais – a se casar com o sucessor do falecido marido, Luis 12… Felizmente, eles foram apaixonados até o fim de suas vidas.
Após o reinado de Luís 14, o castelo é abandonado. Passa por um processo de deteriorização que só seria revertido depois de 20 anos de reforma e restauração para ser inaugurado como o Museu da História de Nantes. Além da arquitetura, com suas muralhas de defesa e fossos de proteção ao redor do castelo, tornam uma visita ao castelo a melhor introdução à Nantes os mais de 850 objetos que resgatam a história do comércio marítimo e a Companhia das Índias, do comércio de pessoas negras escravizadas à luta abolicionista, dos grandes personagens históricos ao recente passado industrial.
CHÂTEAU DES DUCS DE BRETAGNE, MUSÉE D’HISTOIRE DE NANTES: 4, place Marc Elder. Abre de terça a domingo, das 10h às 18h. Os jardins, as muralhas e o pátio têm acesso livre e gratuito, das 9h às 19h. Para o museus e exposições temporárias, a entrada inteira custa € 8,00, mas o Pass Nantes — que inclui não só o transporte público mas várias atividades na cidade — dá acesso livre. Para mais informações, é só acessar o site do castelo, clicando aqui.
JARDIN DES PLANTES
Fundado pelo Rei-Sol no século 18, o Jardin des Plantes é um lugar de relaxamento no centro da cidade, e contemplação da natureza com o bom humor das obras de Jean-Julien. Imagem: Shoichi Iwashita
Abraço coletivo nas árvores centenárias do Jardin des Plantes, que abriga mais de 10.000 espécies vegetais. Imagem: Shoichi Iwashita
É nessa escultura que começa o fio verde, que se estende por 20 quilômetros, que mostra os principais monumentos e atrações da cidade de Nantes; mais um projeto do Voyage à Nantes. Basta seguir o fio para qualquer viajante não se perder. Imagem: Shoichi Iwashita
Com sete hectares de jardins muito bem cuidados no centro da cidade, o parque abriga mais de 10.000 espécies de plantas de todo o mundo. Entre elas, uma quantidade enorme de magnólias e suas flores gigantes – incluindo uma que acaba de completar 300 anos – e cactos e orquídeas africanas e asiáticas em estufas de ferro e vidro construída do fim do século 19 que reproduzem o clima do deserto e o de uma floresta tropical. Não só. O Jardin des Plantes, fundado há mais de 200 anos pelo Rei-Sol Luís 14 e a apenas dez minutos a pé do château dos duques da Bretanha, também é um dos quatro maiores jardins botânicos da França uma galeria-de-arte-ao-ar-livre-de-um-artista-só, palco de muitas obras do artista plástico francês Jean-Julien. O Jardin des Plantes fica na place Charles Leroux e abre todos os dias, das 12h30 às 18h.
JARDIN DES PLANTES: Rue Stanislas Baudry. Abre todos os dias, das 8h30 às 17h30, mas, no verão, o parque fica aberto até às 20h.
PASSAGE POMMERAYE
Com três andares e escadas suntuosas, a Passage Pommeraye tem um projeto inovador frente a outras galerias cobertas da Europa. Aqui fica a única loja da Hermès de Nantes. Imagem: Shoichi Iwashita
Da galleria Vittorio Emanuele II em Milão à galérie Vero-Dodat em Paris passando pelas Galeries Royales Saint-Hubert em Bruxelas, são muitas as belas e célebres galerias comerciais cobertas construídas no advento da utilização do ferro na arquitetura. Construída em 1843 durante o reinado do último rei da França, Louis-Philippe 1er, com apartamentos e lojas elegantes – com vitrines, uma inovação da época –, a Passage Pommeraye é diferente de todas as outras porque foi construída em um terreno com quase dez metros de inclinação, tornando necessária a construção de um andar intermediário entre as duas ruas e escadas elaboradas.
PASSAGE POMMERAYE: São muitas as lojas de roupas, sapatos, bolsas e acessórios nos três andares da Passage Pommeraye, incluindo a loja da Hermès de Nantes. Mas atenção com o horário de funcionamento, pois as lojas fecham para almoço, entre 12h30 e 14h, nas segundas pela manhã e também nos domingos.
MEMORIAL DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO
Cada plaquinha dessas no chão apresenta o nome de um navio negreiro e o ano em que ele partiu do porto de Nantes para colaborar com um dos capítulos mais cruéis e perversos da história do mundo. Imagem: Shoichi Iwashita
O navio Isis partiu daqui em 1820. Imagem: Shoichi Iwashita
Descendo as escadas para o nível do rio, textos discorrem sobre os horrores da escravidão e dá nome aos responsáveis — praticamente toda a sociedade da época, cristãos e cidadãos de bem. Imagem: Shoichi Iwashita
No subsolo, a visão que os pretos escravizados tinham de dentro dos navios. Imagem: Shoichi Iwashita
No século 18, o tráfico de pessoas foi a grande fonte de riqueza de Nantes, primeira cidade da França a transportar negros escravizados em escala industrial. Do porto de Nantes, saíram mais de 1.800 navios negreiros com destino aos países da costa oeste do continente africano e, de lá, para as Antilhas Francesas no Caribe, transportando cerca de 550 mil homens, mulheres e crianças sequestrados e escravizados. Para chegar ao Mémorial de l’Abolition de l’Esclavage, a gente segue as 2.000 placas incrustradas no chão do Quai de la Fosse com os nomes de todos os navios que partiram de Nantes em expedições de tráfico de negros escravizados.
Entre o nível da rua e o nível do rio – para que a gente tenha a mesma vista que os escravizados quando já estavam presos nos porões dos navios para essa longa viagem sem volta –, a construção de concreto abriga uma exposição sobre a história da escravidão, enfrentando de forma bastante crítica esse passado de horror. Porque é sempre importante lembrar que toda a sociedade da época foi cúmplice dessa barbárie: os cristãos – católicos e protestantes –; banqueiros, acionistas e seguradoras que viablizavam as empreitadas; e armadores e estaleiros que construíram navios específicos para esse fim. E é exemplar que a cidade de Nantes se posicione desta forma, tanto no memorial quanto no castelo dos duques da Bretanha. O fim da escravidão celebrado por esse memorial foi decretado pela Revolução Francesa em 1789.
MÉMORIAL DE L’ABOLITION DE L’ESCLAVAGE: Passerelle Victor-Schoelcher, Quai de la Fosse. Tem entrada gratuita e abre todos os dias das 9h às 18h. O ideal é começar no castelo dos duques da Bretanha e vir seguindo as placas até aqui. Para mais informações, é só acessar o site deles, clicando aqui.
LES MACHINES DE L’ÎLE
Do tamanho de um prédio de cinco andares, o Grand Éléphant é um robô com engrenagens aparentes que carrega até 40 pessoas para um passeio pela île de Nanates. Imagem: Shoichi Iwashita
É impressionante ver esse elefante, deste tamanho, caminhando pelas ruas, mexendo os olhos, a tromba, fazendo sons e soltando água nas crianças que se acumulam em volta do robô enquanto ele passeia. Imagem: Shoichi Iwashita
Os mecanismos aparentes deixam as máquinas da ilha ainda mais interessantes. Imagem: Shoichi Iwashita
A enorme aranha que abriga — e carrega — várias pessoas em seu intereior. Uma atração imperdível para crianças e adultos. Imagem: Shoichi Iwashita
É um projeto único no mundo. As Máquinas da Ilha são um híbrido de – um original – parque de diversões, atelier criativo com mais de 3.000 metros quadrados, equipamento cultural e projeto urbanístico, ao propor um novo uso para o espaço que, por séculos, foi ocupado pela indústria naval de Nantes, que chegou a um fim definitivo em 1987. Criado pela própria cidade de Nantes em conjunto com a companhia de teatro La Machine, Les Machines de l’Île apresenta uma série fantástica de animais terrestres, alados e marinhos – de borboletas a um gigantesco elefante – em complexas engrenagens mecânicas aparentes de ferro, aço e madeira. E são várias as experiências possíveis.
Comece pela Galerie des Machines (a Galeria das Máquinas), que tem duas partes. Na primeira, os maquinistas apresentam o funcionamento de cada um dos muitos animais que vão fazer parte da Arbre aux Hérons (Árvore das Garças), uma construção monumental à beira do rio Loire que vai abrigar todos os animais-máquina das Machines. Depois, é hora de visitar os ateliers – em silêncio e sem tirar fotos – onde os novos projetos estão sendo construídos, para, enfim, descobrir o protótipo de um dos galhos da grande árvore aux Hérons.
Além do carrossel dos Mundos Marinhos (o Carroussel des Mondes Marins), com seus três níveis e barcos, arraias e peixes de todas as espécies, tem o Grand Éléphant que se tornou um dos símbolos de Nantes. Do tamanho de um prédio de cinco andares, com 12 metros de altura, 21 metros de comprimento, oito metros de largura e pesando 48 toneladas, esse elefante-robô passeia pela ilha de Nantes levando 50 pessoas a bordo. Dentro ou fora dele, é lindo vê-lo abrindo e fechando os olhos, soltando água pela tromba nas crianças em êxtase que o seguem pelo trajeto e caminhando graciosamente pela ilha de Nantes.
LES MACHINES DE L’ÎLE: Parc des Chantiers, Boulevard Léon Bureau. Os horários de abertura variam bastante ao longo do ano, por isso vale consultar o site deles para se programar, clicando aqui. O Pass Nantes dá acesso à Galerie des Machines ou o Carroussel des Mondes Marins e desconto na segunda atração. Cada atração das Machines de l’Île (a Viagem no Grande Elefante, la Galerie des Machines, o Carrosel dos Mundos Marinhos) custa EUR 8,50 por adulto e EUR 6,90 para crianças entre 4 e 17 anos.
VOYAGES À NANTES
Arte-instalação, arquitetura e urbanismo, dentro de um projeto de cidade e de escritório de turismo. Na foto, l’Arbre à Basket, do escritório a/LTA, uma das muitas instalações artistícas de Nantes, pertinho dos Machines de l’île. Imagem: Shoichi Iwashita
Assim como as Machines de l’Île, o Voyages à Nantes é difícil de explicar. Porque não é só o escritório de turismo da cidade, mas também um festival anual de arte contemporânea, com obras espalhadas por toda a cidade – do Jardin des Plantes às margens do rio Loire, passandor por galeries secretas e pequenas intervenções nas fachadas das lojas – com a curadoria do próprio escritório. É também deles a linha verde-limão que começa em uma bem-humorada obra do Jean-Julien e percorre 22 quilômetros dos pontos interessantes de Nantes facilitando vida do viajante.
Não deixe de passar pelo Feydball, um campo de futebol em formato de croissant com um espalho que corrige o formato do campo (deixando-o quadrado), mas deformando a bola e os jogadores. Das outras obras que gostei, tem a In a Silent Way, da artista Nathelie Talec em um dos edifícios contemporâneos do Cartier de la Création, e também a floresta suspensa Jungle Intérieure, no meio da passage onde mora o artista conhecido como Evor. Não deixe de subir as escadas que o artista construiu para ter uma vista de cima da vegetação densa, com direito à torre da igreja Sainte-Croix.
O Voyages à Nantes também foi responsável pela criação das Machines de l’Île e, apesar de gastar dinheiro público com arte para a cidade – o que não é visto com bons olhos por alguns de seus habitantes –, o sucesso econômico do Voyage à Nantes é indiscutível: os EUR 3 milhões investidos por ano rendem quase EUR 50 milhões, ao atrair anualmente mais de 600.000 turistas para a cidade.
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