Pasticceria Marchesi, tradição centenária em confeitaria agora vestida de Prada
São duas experiências completamente diferentes. Na tradicionalíssima Pasticceria Marchesi da Corso Magenta, fundada em 1824, já na quinta geração da mesma família e desde sempre uma das melhores confeitarias da cidade, volta-se no tempo com suas vitrines, balcões e paredes de madeira e mármore originais de quase duzentos anos de idade. E a experiência é bem milanese : você vai ao balcão da padaria/confeitaria de um lado ou ao balcão do café e drinques do outro, faz seu pedido, come e bebe em pé e passa no caixa — no meio, entre os dois balcões — parar acertar as contas (ainda pode pegar uma fatia do excelente e crocante panettone na caixa de acrílico ao lado do caixa para levar e comer na rua). Mas, em 2014, a Prada comprou a Marchesi — seguindo os passos da LVMH que hoje é dona de outra tradicional e centenária confeitaria milanesa, a Cova — e, aproveitando o fechamento da G. Lorenzi no número nove da Via Montenapoleone (quase em frente à Cova), decidiu dar uma nova roupagem — verde chartreuse — à Marchesi. Ao cruzar a porta passando pela bela fachada de pedra com as janelas-vitrines, a impressão é que se está entrando num filme de Wes Anderson com todo o staff vestindo Prada.
O melhor da Marchesi da Montenapoleone — além da localização, perfeita para aquela pausa entre as compras — é o salão ao fundo, onde, em vez de comer em pé (tem o balcão na frente da loja para um espresso com croissant ou drinque), você pode se sentar em poltronas de veludo verde pistache e ter sua mesa de tampo de mármore vestida elegantemente para o seu club sandwich (servido com avelãs torradas, chips e uma porção de incríveis azeitonas Cerignola, da Puglia, que eu não conhecia) ou pedaço de bolo com espresso (tudo bem que, assim como na Cova, isso tem um preço: o espresso simples no balcão custa € 1; o mesmo espresso sentado custa € 5). As paredes são todas forradas de tecido bordado e vitrines expondo as balas, as geleias, os pralinés e as belíssimas embalagens que, assim como a Durée, abrigam como joias coisas tão perecíveis quanto um bombom de chocolate sem conservante ou gordura hidrogenada.
Assim como aconteceu com a Cova (que hoje tem mais de 25 lojas em Tóquio, Hong Kong, Shangai, Pequim e Taipei; mas só uma loja em Milão), o projeto de expansão da Marchesi também já está definido: ainda em 2016, eles abrem uma filial da pasticceria dentro da loja Prada da Galleria Vittorio Emanuele e já há conversas sobre uma loja em Istambul. A Marchesi da Montenapoleone não poderia ser mais diferente que a Marchesi da Corso Magenta. Mas ambas refletem bem o passado e o futuro de Milão.
A fachada da Pasticceria Marchesi na Via Montenapoleone, a rua do Quadrilatero d’Oro que concentra as mais sofisticadas grifes do mundo. Imagem: Divulgação.
A vitrine de balas e confeitos e o balcão com os bolos e sobremesas que você deve visitar antes de fazer o seu pedido. Imagem: Divulgação.
O salão de chá, dividido em dois ambientes, fica no fundo da loja. Imagem: Divulgação.
Um dos ambientes do salão. Imagem: Divulgação.
O club sandwich da Pasticceria Marchesi servido com avelãs torradas, chips e uma deliciosa azeitona da Puglia. Imagem: Shoichi Iwashita.
O bolo clássico da Pasticceria com Coca-Zero e café. Imagem: Shoichi Iwashita
Geral do ambiente. Imagem: Shoichi Iwashita
A vitrine decorada para a Páscoa. Imagem: Shoichi Iwashita
Agora, vamos pegar o metrô, descer na estação Cairoli e conhecer a Pasticceria Marchesi original, fundada em 1824. Imagem: Shoichi Iwashita
A vitrine com os tortas sempre feitas com ingredientes frescos. Imagem: Shoichi Iwashita
Na Marchesi da Corso Magenta, não tem onde sentar. Tem de comer em pé ou apoiado no balcão. Na foto, o ótimo e crocante panettone da casa. Imagem: Shoichi Iwashita