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Rangiroa, Taiti e suas ilhas: Baleias, golfinhos e tubarões, o único vinho da Polinésia e o melhor snorkelling da vida

Paraíso dos mergulhadores e segundo maior atol do planeta — com uma lagoa de mais de 1000 quilômetros quadrados (o suficiente para comportar a ilha do Taiti inteira) —, Rangiroa faz parte do arquipélago de Tuamotu, o maior arquipélago de atóis do mundo e um dos cinco que formam a Polinésia Francesa. E não há melhor e mais belo lugar para aprender o que é um atol e como nascem essas formações fascinantes. Mas explico. As ilhas (no caso as vulcânicas; acho que só as Seychelles têm formação granítica) são resultado do acúmulo de lava no leito dos oceanos, de milhares de erupções dos vulcões no fundo do mar. Com o tempo, corais vão formando recifes ao redor das ilhas. Mas no caso dos atóis, as ilhas sofrem erosão, “afundam” (mas não muito), deixando lagoas rasas e apenas os recifes visíveis-sobre-a-água, que acabam por formar um círculo de pequenas ilhas, ou motu  em taitiano (que são responsáveis por aquele azul turquesa impressionante: são os elementos decorrentes da erosão lenta também dos exoesqueletos dos corais que fazem com que a cor da água das lagoas dos atóis tenha essa cor). São mais de 250 motu em Rangiroa com quase 100 passes (ou hoa), os estreitos que conectam a lagoa ao oceano. {Os cruzeiros de dez noites da Paul Gauguin passam por Rangiroa; saiba tudo sobre essa companhia de cruzeiro de luxo especialista em Taiti, para uma viagem tranquila e sem check-ins  e check-outs  e voos — e ainda com médico sempre a bordo —, clicando aqui}.

RANGIROA: O “CÉU INFINITO” E O ESPÍRITO POLINÉSIO DO INTERIOR

rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-2Chegando ao Tuamotu, esqueça as paisagens monumentais das ilhas Sous-le-Vent, o arquipélago da Sociedade. Diferentemente do Taiti, de Mo’orea, de Bora Bora, não há aquelas montanhas verdejantes em Rangiroa: os coqueiros são as coisas mais altas que você verá em todo o atol. E a uma hora de voo direto (a 350 quilômetros) de Pape’ete [PPTou de Bora Bora [BOB] — que para nós já é longe — com a Air Tahiti, a sensação de chegar a Rangiroa é a de se chegar ao meio do nada, com direito a detox  digital compulsório: mesmo que você tenha comprado um chip  de operadora local lá no Taiti, não existe acesso à internet pelo celular, e tampouco ache que o wi-fi do melhor hotel vai funcionar; é uma eternidade para subir uma mera fotinho no Instagram (isso se você estiver ao lado do roteador na recepção). No aeroporto minúsculo à beira mar, a pista de pousos e decolagens é invadida pela areia; não há esteiras de bagagens, que são entregues em mãos; o hotel recebe seus hóspedes com colares de flores Tiaré (flores de verdade e costuradas a mão); e a música está por todos os lados. Se não houver alguém de hotel ou empresa de transfer tocando ukulele, esse irmão mais simples e menor do violão, vai ter alguma família ou grupo de amigos tocando e cantando canções polinésias no aeroporto. (Ah, e chegue cedo ao aeroporto na hora de voltar; entre a fila e o processo todo manual, foi o check-in  mais longo da minha vida). Imagens: foto do ATR-72 com capacidade para 68 passageiros no aeroporto de Rangiroa [RGI], Shoichi Iwashita.

KIA ORA: O ÚNICO HOTEL DE LUXO DE RANGIROA

rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-4 rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-5rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-6Rangiroa tem um único hotel de luxo, o resto são pensões. Com donos japoneses, o Kia Ora, situado na ilhota principal entre os estreitos de Avatoru e Tiputa, além de contar com nove concorridos bangalôs sobre as águas calmas da lagoa (primeira foto), com aquele tom de azul que nos faz sonhar, típico das águas rasas, o hotel oferece casas na areia da praia e também espalhadas pelo jardim, que não têm acesso direto ao mar, mas são mais espaçosas e com piscina privativa, para compensar. E, assim como acontece com a maioria dos resorts  que não têm bicicletas nas villas, é sempre bom pegar uma casinha próxima ao restaurante para não ter de andar muito (ainda mais pra mim, que sempre esqueço alguma coisa no quarto). No quesito gastronomia, não espere por comida excelente (é preciso entender a restrição de ingredientes, já que quase tudo precisa vir de fora). Mas o Kia Ora tem o show  de dança polinésia mais fofo e verdadeiro que vi durante a viagem: como eles não têm um corpo de bailarinos profissionais, são os próprios funcionários e seus filhos e sobrinhos, de todas idades — gente comum, da comunidade —, que se apresentam. Além da piscina de borda infinita, de onde se pode observar o mar e já ver centenas de peixes, do próprio píer do hotel (segunda foto) sai a excursão de barco de dia todo que nos leva para uma das experiências mais incríveis da Polinésia (e da vida). Imagens: 1. Os nove overwater bungalows do Kia Ora, o único hotel de luxo de Rangiroa, visto do píer do hotel; 2. Os jardins do resort e o mar ao fundo; 3. A piscina com borda infinita, com o mesmo tom de azul do mar. Fotos tiradas por Shoichi Iwashita

LAGON BLEU: DENTRO DA LAGOA INCRÍVEL, OUTRA LAGOA MAIS-QUE-INCRÍVEL

rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-7rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-8rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-1O passeio pelo Lagon Bleu, depois de uma viagem de barco até o outro lado do atol, a 30 quilômetros do hotel, inclui uma caminhada pelos vários motu  que circundam a Blue Lagoon (você já vai ver vários tubarões-galha-preta nadando enquanto caminha pelas águas entre um motu  e outro; lembre-se sempre das suas sapatilhas aquáticas para não machucar os pés), com direito a um churrasco de peixes fresquíssimos preparado pelo capitão do barco, que também tem habilidades musicais e entretém os viajantes cantando canções polinésias e tocando ukulele, em uma cabana singela que parece saída do próprio filme A Lagoa Azul. Depois do almoço, que conta com um tempinho para você praticar o fio  (a preguiça que faz parte da identidade do povo polinésio; amo o fio), a gente volta para o barco e parte para uma região próxima (mas de águas mais fundas) para a hora mais emocionante do dia: nadar com tubarões. Não com dois ou três, mas centenas deles, incluindo um ou outro com dois, três metros de comprimento (é assustador pular do barco com todos eles nadando ao redor — e o medo de cair em cima de um deles? —, mas até hoje nenhum acidente foi registrado). Um pouco antes de voltar para o hotel, eles ainda param no estreito de Avatoru (foto abaixo), próximo ao vilarejo onde moram cerca de 400 habitantes, uma área de corais onde fiz o melhor snorkelling  da vida. A quantidade e variedade de peixes (de todas as cores, tamanhos e formatos), os corais e a cor da água proporcionam um dos mais belos espetáculos marinhos do planeta. Um dia inesquecível. {O passeio dura sete horas — uma hora para ir, outra para voltar — e custa US$ 150 por pessoa}.

Você nadaria em um lago que é a casa de centenas de tubarões? Essa é uma das experiências possíveis nas paisagens paradisíacas da Lagoa Azul, que fica num dos motus do atol de Rangiroa, na Polinésia Francesa. Confesso que meu coração estava batendo meio forte na hora de pular do barco e também quando vieram uns dez na minha direção e eu me vi batendo neles. Quando saí da água passou um com mais de dois metros por baixo do barco que eu registrei quando estava fazendo um story sobre o passeio. É uma experiência para os mais fortes. #rangiroa #taiti #polinesiafrancesa #frenchpolynesia #polynesiefrancaise #polynesie #lovetahiti #turismofrances #atoutfrance

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rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-9Mas a experiência com os animais aquáticos em Rangiroa não acaba aí. Próximo ao hotel fica a passagem de Tiputa (foto abaixo, mas já à noite), um pequeno canal frequentado por baleias e golfinhos, que podem ser vistos confortavelmente do hotel e restaurante — com um terraço privilegiado, principalmente no por do sol — de Madame Joséphine, uma elegante francesa que chegou à Rangiroa trinta anos atrás e que, além de servir comida honesta em seu restaurante, é uma personagem local (reserve um jantar aqui e chegue antes do anoitecer para um vinho com vista). E para se locomover pelo pequeno motu  (só tem uma estrada reta com dois quilômetros de extensão em Rangiroa), o Kia Ora aluga não só scooters  e bicicletas, mas também Twizzies, aqueles minicarrinhos elétricos que te levam tanto para o Relais de Joséphine quanto para a visita na vinícola Domaine Dominique Auroy, que produz, além de rum, o único vinho de toda a Polinésia Francesa, em videiras Carignan rouge que crescem praticamente na areia… rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-10rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-11 rangiroa-taiti-tahiti-polinesia-francesa-1200-12

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Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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