Saint-Martin: O que fazer e os passeios – e as praias! – essenciais
Saint-Martin não é uma ilha pequena: são 35 praias, uma reserva natural e DOIS PAÍSES neste pedaço de terra entre o Mar do Caribe e o Oceano Atlântico que, tendo o turismo como principal atividade econômica, conta com ótima infraestrutura: aeroporto internacional com voos diretos de e para os Estados Unidos e a Europa, ótimos restaurantes, lojas de vinhos excelentes (duty free ) e atividades variadas. Só poderia ter mais opções de bons hotéis: em toda a ilha, só tem um cinco estrelas, o La Samanna {leia a crítica completa do hotel, clicando aqui}. De qualquer forma, dá tranquilamente para passar sete dias sem repetir praia, passeio ou restaurante (e ainda, não conhecer tudo). A seguir, você confere as nossas dicas vividas e aprovadas!
MERCADO DE MARIGOT [Marigot] Sabores, cores e temperos
Visitar mercados locais é uma atividade favorita na Simonde. E a primeira parada é este mercado que fica em Marigot (“pântano”, em francês; eram muitos aqui na região), a capital do coletivo ultramarino de Saint-Martin (ou seja, capital da parte francesa), aberto todos os dias, das 7h às 15h. Quase em frente à Gare Maritime, você vai encontrar peixes fresquíssimos (às quartas e sábados), frutas e legumes, temperos, runs de todos os sabores e cores — os chamados rhums arrangés: tem de limão, abacaxi, banana com baunilha, manga (e o de coco é azul curaçao, não sei por quê) —, e muitas barraquinhas de artesanato, para quem gosta. O mercado é parte coberto, parte aberto, e não perca os coloridos painéis de azulejos pintados com cenas do cotidiano são-martinhense que decoram as paredes do mercado.
FORT LOUIS [Marigot] Ruínas com vista linda para a baía
Hora de atravessar o estacionamento em frente à Gare Maritime — seguindo as placas, mas você já verá a bandeira francesa hasteada lá no alto — e subir o morro para chegar às ruínas do forte que foi planejado por um cavaleiro em 1765 para defender a pequena população de franceses da ilha que tinha suas colheitas de algodão, índigo, rum, açúcar e tabaco pilhadas ou mesmo destruídas por piratas ingleses. O Fort Louis seria concluído em 1789, ano da Revolução Francesa (deste lado de cá do Atlântico, é possível imaginar que eles terminaram a construção a mando do rei, mas nem sabiam que a monarquia estava com seus dias contados em Paris…). A subida (a pé) é fácil (são 97 degraus) e, lá de cima, você vai ter uma vista incrível da cidade, da baía e da lagoa de Simpson Bay, e até de Anguilla, a ilha britânica vizinha. Vale ir pela manhã num dia de Sol para admirar as águas turquesas como também para assistir ao pôr do sol. Aberto o dia todo.
RUE DE LA RÉPUBLIQUE [Marigot] Arquitetura da ilha do século 19
Descendo o morro do forte, você já vai estar na Rue de la République, a rua principal da pequenina capital, onde estão várias casas coloniais de dois andares construídas no século 19 — a maioria descaracterizada por servir hoje de comércio, mal conservada ou até (aparentemente) abandonada —, todas com várias portas distribuídas ao longo de toda extensão do andar térreo e varandas cobertas com teto, colunas e balaústres de madeira no primeiro andar.
OBELISCO [Fronteira] Divisão centenária, pacífica e comemorada
O posicionamento do Escritório de Turismo de Saint-Martin é que a ilha é the friendly island. Considerando que a ilha foi dividida de forma pacífica entre holandeses e franceses há quase 400 anos, no que ficou conhecido como o Tratado da Concórdia, e que não há nenhuma divisão oficial ou controle de fronteiras entre os dois países que ocupam a mesma ilha, acho que podemos confirmar isso. O obelisco é o único indício ou sinal visível de que você está entrando ou saindo da parte francesa, de que existe verdadeiramente uma fronteira internacional entre as duas partes, e foi erigido em 1948, ano em que a divisão pacífica da ilha completou 350 anos. E existe uma lenda para explicar o porquê de Saint-Martin ser maior do que Sint Maarten: um francês e um holandês teriam saído caminhando cada um de uma extremidade da ilha, e o local onde se encontrassem seria a linha que dividiria o território de cada um. Mas o francês tomou vinho e o holandês tomou rum. O holandês ficou bêbado e andou menos. Saint-Martin é a menor ilha do mundo a ter seu território dividido entre dois países. O obelisco fica no encontro da Rue de Hollande, do lado francês homenageando o país vizinho, e a Union Road, do lado holandês.
MAHO BEACH E OS AVIÕES [Sint Maarten] Aviões, vento e areia
Para quem gosta de aviões, a praia Maho é a mais famosa do Caribe, talvez do mundo. No Princess Juliana (o aeroporto por onde você vai chegar) pousam dos aviões minúsculos que fazem os voos Saint-Martin-Saint-Barth ao enorme-e-lindo-e-elegante-e-eterno Boeing 747-800 da KLM, que é uma tradição histórica da ilha. Mas, infelizmente, desde novembro de 2016, depois de 20 anos, a KLM aposentou o 747 e o subtituiu por um Airbus A330 {saiba mais, clicando aqui}. Todo mundo aguardava o pouso do 747, que vinha direto de Amsterdam chegando todos os dias às 11h da manhã durante a alta temporada, de dezembro a março (e em dias alternados durante a baixa), nesta praia pequena, de água turquesa, que fica separada da pista do aeroporto internacional apenas por uma estreita rua de mão dupla para carros (ah, o 747 chegava às 11h e já decolava de volta para Amsterdam às 12h!). Aviões chegam e vão o dia todo (para saber os horários dos voos do dia, nem precisa ir ao aeroporto, basta ir ao Sunset Bar na extremidade sul da praia: lá tem uma prancha com todos os voos listados por companhia aérea e horário). Dá pra vir só pra ver os aviões ou aproveitar a praia, que também é linda, e tomar Sol com aviões passando a 50 metros acima da sua cabeça.
E AS PRAIAS?
Com 24 praias (mais 11 do lado holandês), Saint-Martin tem praias para todos os gostos. Mas se você quiser todas as atividades náuticas (jet ski, parasail, flyboard, banana, pula-pula, you name it ) e infraestrutura de restaurantes na areia com cadeiras, guarda-sóis, espreguiçadeiras e banheiros (ou seja, ótimo para ir com a família e com as crianças passar o dia), você só tem um endereço: Orient Beach (ou, em francês, Baie Orientale), que fica no nordeste da ilha. Orient Beach também agrada aos nudistas: basta caminhar em direção à extremidade sul da praia até o Pedro’s Beach Bar, onde você já verá uma placa comunicando a prática e logo em seguida uma fila de peladões no bar esperando para serem atendidos (não que você precise ir até lá para ver mulheres fazendo topless ou alguns homens completamente nus em praias mais desertas: a relação dos franceses e, principalmente, holandeses com o corpo é bem mais livre que a nossa). E não é obrigatório ficar pelado para frequentá-la, caso você queira apenas ver como é (mas é uma sensação deliciosa nadar pelado naquele mar turquesa!). O único problema em Orient Beach talvez seja encontrar a barraca para você chamar de sua. Eu fiquei na Waikiki e acho que, dos seis dias em que eu fiquei em Saint-Martin, foi a única vez que eu comi mal (ainda bem que tinha uma pizza bem simples de queijo para salvar a tarde). Tem umas barracas mais charmosas na praia, mas eu vou ficar devendo a informação (me falaram bem da comida da The Sun Beach Club). No outro extremo em termos de experiência, se quiser uma praia completamente deserta intocada pelo homem, também tem. É a Petites Cayes. Mas para chegar até ela você vai ter de enfrentar uma trilha de 40 minutos (não muito difícil) no meio da Reserva Natural Nacional; mas vale a pena (só leve água, protetor e alguma coisa para comer na mochila — lenços de papel também! —, já que lá não tem nada feito pelo homem, não se esqueça; nem banheiro). Outra praia agradável de água bem tranquila (parece uma piscina, mas a água não é tão turquesa) fica na ilhota de Pinel (îlot Pinel, em francês), aonde você chega pegando um barco que sai do fim da rua de Cul de Sac (são apenas cinco minutos de travessia e US$ 7 pela passagem ida-e-volta). Você também pode alugar um stand-up-paddle para chegar lá, ou ainda visitá-la com seu próprio barco na experiência incrível que eu descrevo logo abaixo. Em Pinel, tem o charmosíssimo restaurante Karibuni que também conta com ótima estrutura de espreguiçadeiras, guarda-sóis e serviço de praia. Mas atenção: em Pinel não tem carro, não tem caixa eletrônico; leve tudo de que precisar para passar o dia.
LOTERIE FARM – Dia de piscina e arborismo extremo
Você vai pegar um caminhãozinho e subir ao pico da montanha mais alta da ilha, o Pic Paradis. E o único caminho para descer de volta serão as mais de dez e enormes tirolesas, algumas a mais de 100 metros de altura (embaixo de você, só floresta). Em Loterie Farm tem duas opções de arborismo: a light e a Extreme, que não é para quem tem medo de altura. Mesmo. As chances de você levar um susto por deslize ou torcer o pé são altas (mas eu amo mesmo assim). Tem de ter muita concentração, pois as pegadas são largas (pessoas mais baixas podem ter dificuldade em sair de um pedacinho de madeira para o outro), os cabos de aço balançam, os degraus completamente verticais que acompanham os troncos das árvores tampouco são fáceis de descer (e o fato de NÃO PODER ficar sem estar preso EM NENHUM MOMENTO faz com que a descida se torne ainda mais lenta) e não há instrutores em todas as estações (eles se revezam e te ajudam em duas ou três, mas o resto é por sua conta e risco) e não tem capacete (eu não deixaria nunca minha mãe fazer, mesmo que ela quisesse, por exemplo). E tudo o que você pensa quando está passando por tudo aquilo, com a roupa encharcada de suor — pela força, pelo calor e pela tensão —, é cair na piscina que está te esperando lá embaixo e tomar um belo rosé. E a recompensa vem mesmo, com o ótimo restaurante do Loterie. A comida é muito bem feita, as batatas fritas são deliciosas e não deixe de provar o sanduíche de Mahi-Mahi, um dourado de águas quentes que leva esse nome polinésio, com bastante pimenta do reino e fritas. Aí, é só aproveitar a piscina e a companhia dos amigos. Para alugar as espreguiçadeiras, você vai gastar € 20 por pessoa. Para alugar a cabana, € 200 com capacidade para até 10 pessoas (o que dá o mesmo preço individualmente). O passeio de arborismo Fly Zone Extreme acontece de terça a domingo, às 10h, às 12 e às 14h, custa € 60 e tem de ser feito, se aventura estiver no seu DNA. É demais. Tem de ter mais de 18 anos, ir de tênis bem amarrado e shorts (não vá de saia por causa dos equipamentos de segurança que passam pelas pernas).
PASSEIO DE BARCO POR SAINT-MARTIN E ILHAS VIZINHAS
Imagina assistir à chegada do Boeing 747 da KLM de um barco posicionado em frente à Maho Beach. Ou, então, chegar para almoçar no Karibuni, na ilhota Pinel, quando o marinheiro vai ligar para o restaurante e eles vêm com outro barquinho te buscar para desembarcar, tendo antes feito snorkelling para ver os corais e os peixinhos na Créole Rock. Visitar Tintemarre, uma ilha vizinha, completamente deserta e linda é outra experiência que você tem ao contratar um barco para até 16 pessoas com a Caribbean Marines. Sem falar que você vai poder ver Saint-Martin inteira — Marigot, Grand-Case, Petites Cayes —, de outra perspectiva. O passeio sai da marina do Hotel Mercure e pode durar quatro (US$ 750) ou oito horas (US$ 1200). O barco é novíssimo, tem wi-fi, bebidas (combine com ele antes suas preferências), caixas de som na proa e o marinheiro Matt que, além de prestar ótimo serviço, é sem dúvida um dos homens mais lindos da ilha. Para acessar o site da Caribbean Marines, é só clicar aqui.
PARA CURTIR O FIM DE TARDE
É bem provável que você passe o dia todo bebendo e comendo, seja na praia, em Loterie Farm ou mesmo na piscina do hotel. Mas é uma delícia visitar os bares e restaurantes de Grande Case no cair da tarde, que ficam todos de frente para a estreita faixa de areia desta praia que é sinônimo de gastronomia — dos LoLos (LOcal & LOw Cost) aos melhores restaurantes de Saint-Martin. Uma dica é curtir o pôr do sol no elegante hotel-bar-restaurante-pé-na-areia Shambala, aberto de quarta a segunda, das 11h às 22h. LE SHAMBALA: 28 Boulevard de Grande Case. Para acessar o site, clique aqui.
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