Será o fim das gorjetas em Nova York?
A gorjeta — obrigatória, senão o garçom sai correndo atrás de você na rua — é uma instituição norte-americana (o oposto do Japão, onde gorjeta é insulto). Mas, parece que isso vai começar a mudar a partir do fim de novembro, quando os checks do The Modern não virão mais com a linha onde você escreveria os 20% de tip. A implementação da taxa Hospitality Included em todos os 13 restaurantes do Union Square Hospitality Group (grupo ao qual pertencem o restaurante do MoMa, o Gramercy Tavern, o Union Square Cafe, entre outros) vai demorar um ano e não quer dizer que a sua conta vai ficar mais barata por causa da ausência da gorjeta, mas sim que os preços dos cardápios ficarão até 35% mais caros. Mas, Danny Meyer, dono do grupo, acredita que, assim como os clientes pagam mais caro para comer alimentos locais e orgânicos, eles vão aceitar pagar mais caro num restaurante que cuida melhor dos seus cozinheiros, já que a disparidade entre o salário do pessoal do salão e da cozinha é enorme.
Apesar de o salário mínimo em Nova York ser de US$ 8,75, por causa de uma lei específica, os garçons ganham US$ 5 fixos, já que eles conseguem quadruplicar seu salário com as gorjetas. O problema é que seus colegas de trabalho, incluindo os cozinheiros — aqueles que preparam o motivo principal que nos leva ao restaurante —, ganham um terço disso (um garçom que trabalha em um grande restaurante tira facilmente US$ 100 mil por ano, enquanto um cozinheiro no mesmo nível de restaurante, no máximo, US$ 35 mil). E a lei não permite que o montante da gorjeta dos garçons seja distribuída entre todos os funcionários.
Desde 2005 o Per Se inclui o valor do serviço no preço do menu-degustação (mas deixa a linha de gorjeta na conta), o que é ótimo (você recebe a conta e paga, sem ter de ficar calculando e se preocupando depois de drinques e vinhos). Mas, o Per Se é um restaurante para poucos. Sendo os restaurantes do império de Danny Meyer mais populares (o The Modern, com dois macarons Michelin é o mais sofisticado e gastronômico deles), resta saber se outros empresários vão adotar o novo modelo.