Taiti e suas ilhas: Quando ir, o melhor jeito de chegar (e de viajar entre ilhas), os hotéis e quanto custa viajar para um dos destinos mais fascinantes do mundo
Saindo do hotel Kia Ora para o melhor snorkelling da minha vida em Rangiroa, o maior atol da Polinésia Francesa – e um dos maiores atóis do mundo -, onde você não pode contar nem com o wi-fi do hotel para ter acesso à internet. Imagem: Shoichi Iwashita
Quando eu morava em Londres no fim dos anos 1990, me sentia no centro do mundo. A duas horas e quinze minutos de Paris com o Eurostar, a três horas e meia de Nova York voando Concorde, a 12 horas de voo de Tóquio ou de São Paulo. Mas depois de ver ingleses e franceses reclamando da distância e do tempo de viagem (comum para nós, brasileiros, em qualquer viagem para a Ásia), percebi que a Polinésia Francesa está longe para todo mundo…
E até entre os polinésios. As 118 minúsculas ilhas que formam esta coletividade ultramarina da França — o mesmo status têm as ilhas caribenhas Saint-Barth e Saint-Martin — estão espalhadas pelo Oceano Pacífico ocupando uma área maior que o continente europeu. Isso quer dizer que para ir do Taiti, a maior e principal ilha da Polinésia Francesa, onde fica a capital Pape’ete, para Nuku Hiva, no arquipélago das Marquesas, onde está a Polinésia em seu estado mais rústico, você vai passar quatro horas no avião! (Já um voo entre Mangareva, uma das ilhas mais ao sul e com uma população de apenas 1.200 habitantes, e Nuku Hiva leva dez horas, com apenas uma escala em Pape’ete.)
A viagem é cansativa (partindo do Brasil, existem algumas opções de voos bem diferentes), mas as informações abaixo têm como objetivo fazer com que a sua viagem para esse paraíso — que concentra não só paisagens de tirar o fôlego, mas também uma cultura milenar cada vez mais presente e um dos povos mais lindos do mundo — seja a melhor possível.
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QUAL O MELHOR VOO: PRIORIDADE PARA O TEMPO DE VIAGEM OU SONO DURANTE O VOO?
A Montanha Mágica, em Mo’orea. A viagem é cansativa, mas vale todo o esforço. Imagem: Shoichi Iwashita
Existem duas opções de voo partindo de São Paulo para o Taiti. A primeira é com a Latam em uma viagem que dura 24 horas. Mas o problema com essa opção é que são três voos curtos: o primeiro, de São Paulo GRU a Santiago SCL dura quatro horas (acrescente sete horas de conexão em Santiago); o segundo, de Santiago SCL à Ilha de Páscoa IPC, dura 5h30 (mais duas horas no aeroporto da Ilha de Páscoa, e tem de descer do avião para fazer imigração); e, por fim, da Ilha de Páscoa IPC a Pape’ete PPT, com seis horas dentro do avião. Ou seja, 24 horas sem conseguir dormir direito em nenhum dos voos. Some as oito horas de diferença de fuso horário e o resultado é chegar exausto.
De qualquer forma, apesar de a Latam fazer o voo apenas uma vez por semana (saindo nas segundas-feiras de São Paulo e voltando na terça de Pape’ete), essa é a opção mais fácil e acessível para os brasileiros, já que a companhia possui muitos voos de todo o Brasil para a América Latina e as passagens começam em US$ 2.200 em classe econômica e US$ 15.000 em executiva (preços referentes a março de 2018). Se você ainda tiver interesse em conhecer a Ilha de Páscoa, essa pode ser uma ótima oportunidade de fazer duas viagens em uma (existem opções de voos com 23 horas de escala ou ainda a possibilidade de se fazer um stopover de dois ou três dias nesta ilha também polinésia; culturalmente polinésia, politicamente, a Ilha de Páscoa pertence ao Chile).
A segunda opção — a que eu prefiro — é via Los Angeles com a American Airlines, em uma viagem que vai levar, no total, 30 horas (não se esqueça de que, para este voo, é preciso o visto norte-americano). São treze horas de voo até Los Angeles LAX no lindo Boeing 787-9 Dreamliner (dá tempo de o avião subir, de eles servirem o jantar, de dormir OITO HORAS, e acordar para o café da manhã antes de aterrissar), mais oito a dez horas de conexão (dá até para dar um pulo em Santa Monica porque o voo chega às 7h da manhã), e, por fim, 8h30 de voo entre Los Angeles LAX e Pape’ete PPT, operado pela Air Tahiti Nui, a companhia aérea internacional da Polinésia Francesa, em code-share com a American (e como o avião da Air Tahiti Nui é todo turquesa por dentro, você já vai entrando no clima antes mesmo de chegar lá). Calcule a partir de US$ 2.500 pela passagem ida e volta em classe econômica e US$ 14.000 em classe executiva.
QUANDO IR PARA O TAITI E SUAS ILHAS E QUAL A DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA?
A paisagem do caminho para a Lagoa Azul, no atol de Rangiroa. Imagem: Shoichi Iwashita
Assim como outros destinos tropicais, a Polinésia Francesa tem temperatura constante o ano todo, entre 20° C e 30° C. Mas tem uma temporada seca, que vai de maio a outubro, considerada a alta temporada — sendo setembro e outubro os meses mais secos —, e uma chuvosa, de novembro a abril (meses a evitar já que pode chover dias sem parar). Quanto à documentação, brasileiros não precisam de visto, apenas o passaporte com, no mínimo, seis meses de validade a partir da data da volta e certificado internacional da vacina de febre amarela, que você deve tomar até 10 dias antes da data da sua viagem, caso você ainda não tenha se vacinado. {Clique aqui para conferir o nosso checklist definitivo para a viagem perfeita}
QUANTAS E QUAIS ILHAS VISITAR? O TAITI VALE A PENA?
O ATR 72 com capacidade para 68 passageiros que faz parte da frota da Air Tahiti. Imagem: Shoichi Iwashita
O Taiti, nome da maior ilha do arquipélago, quase sinônimo de Polinésia Francesa (o fato de os taitianos preferirem o nome em vez da menção à metrópole e das duas companhias aéreas polinésias terem como nome Air Tahiti e Air Tahiti Nui reforçam a ideia), é onde está a capital da coletividade, Pape’ete (dê um solucinho na hora de pronunciar cada ’ ), e o aeroporto Fa’a’a, por onde chegam os voos internacionais.
Mas, apesar da fama do Taiti, ela é das menos bonitas ilhas da Polinésia (é até um pouco decepcionante já que as praias têm água e areia escuras), sendo apenas um ponto de parada e conexão para as outras ilhas como Mo’orea, Rangiroa, Bora Bora, Tikehau, Teti’aroa, Taha’a, Nuku Hiva, Raiatea; os principais destinos da viagem.
E é essa a grande e difícil decisão porque não dá para visitar todas elas de uma vez. Apesar de Mo’orea e Bora Bora serem ilhas imprescindíveis para uma primeira vez na Polinésia Francesa, se você optar por 15 dias de viagem dá para escolher mais uma ilha, além das paradas no Taiti. Assim, que tal um atol como Rangiroa ou Tikehau, ou então Raiatea, o coração espiritual e a ilha mais sagrada da Polinésia?
Para uma viagem de descanso e com tempo para aproveitar o que cada lugar tem de melhor, reserve duas ou três noites em cada ilha e verifique as opções de voos pelo site da Air Tahiti, a companhia aérea que voa para 46 das 118 ilhas polinésias, clicando aqui. Porque tirando Mo’orea, para onde você vai de ferry, todas as outras ilhas só estão acessíveis via avião ou transporte privado dos hotéis.
O QUE FAZER NO TAITI
O show de dança polinésia no Intercontinental Tahiti: sensualidade pura. Todos os hotéis na Polinésia têm seu próprio show, muitas vezes apresentado pelos próprios funcionários do hotel, o que é incrível. Imagem: Shoichi Iwashita
Como a passagem por Pape’ete é obrigatória (os horários dos voos entre uma ilha e outra fazem com que você precise passar várias horas no Taiti), aproveite o tempo para se aprofundar na rica cultura polinésia: conhecer o mercado municipal Mapuru a Paraita, onde se encontram não só frutas e legumes locais, mas também artesanato, monoï (o óleo que é feito com coco e a flor Tiaré — da mesma família da nossa gardênia — usado para massagens e hidratação de cabelos) e pequenos restaurantes no mezanino que servem comida típica; visitar o museu de pérolas Robert Wan e o museu do Taiti Te Fare Manaha, que tem foco na história e nas tradições polinésias; sem deixar de conhecer as joalherias que vendem as enormes pérolas pretas dos mares do Sul.
A OFERTA DE HOTÉIS DE LUXO NO LUGAR ONDE NASCERAM OS BANGALÔS SOBRE A ÁGUA
O paisagismo absurdo (que mais parece uma pintura) do spa do The Brando. Imagem: Shoichi Iwashita
Os bangalôs sobre a água que se espalharam pelo mundo foram inventados em Mo’orea, na década de 1960, pelos Bali Hai Boys, três californianos que vieram morar na ilha e quiseram criar uma construção que traduzisse o espírito taitiano (o hotel, bem mais simples que os primos luxuosos de Bora Bora e das Maldivas, ainda existe). Mas tirando a experiência inacreditável que é o The Brando, hotel que é considerado um dos melhores do mundo (e que não tem bangalôs sobre a água; a crítica completa do hotel você confere clicando aqui), uma das coisas que chamam a atenção na oferta hoteleira da Polinésia Francesa é o fato de praticamente todas as melhores opções de hospedagem pertencer às grandes redes internacionais de hotéis que estão no arquipélago há 30, 40 anos.
Você vai encontrar hotéis Intercontinental, Sofitel e Méridien tanto no Taiti quanto em Mo’orea e em Bora Bora (os três estão presentes nas três ilhas, com uma ou até duas propriedades), e, dificilmente vai conseguir escapar de um deles em algum momento da viagem já que não há melhores opções. A sorte é que os taitianos trabalhando nessas propriedades vão fazer toda a diferença no serviço (mas fico imaginando como seria um ryokan na versão polinésia para vivermos, de forma genuína, a hospitalidade deste povo lindo…). Já em Bora Bora está a maior concentração de hotéis de luxo, com propriedades — além das já citadas acima — das redes Four Seasons, St. Regis e Conrad.
Para as diárias, já com taxas e café da manhã para duas pessoas, calcule de US$ 450, por exemplo, por noite no Intercontinental Mo’orea, no quarto mais simples, a US$ 1.800, no Four Seasons Bora Bora, em um bangalô sobre a água com vista para a praia (a vista para a lagoa é mais cara). Já para o The Brando, calcule US$ 4.500 por noite, com pensão completa, mais US$ 1.120 pelas passagens ida e volta, voando com a companhia aérea do próprio hotel (!), a Air Tetiaroa.
NÃO SE ESQUEÇA DE PREVER DINHEIRO PARA OS PASSEIOS E EXCURSÕES
Um dos motu da Lagoa Azul em Rangiroa, passeio que incluiu um churrasco de peixe feito pelo próprio capitão do barco (que também tocou e cantou músicas polinésias). Depois do almoço, nadaríamos com os tubarões, numa das experiências mais absurdas da minha vida. Imagem: Shoichi Iwashita
Essa é uma informação muito importante. Além dos custos com passagens, hotéis e refeições, são os passeios e excursões que vão te fornecer o acesso às paisagens e experiências mais incríveis da Polinésia Francesa. Fazendo uma retrospectiva, se não fossem o passeio de caiaque ao redor de um motu que é um santuário de aves em Teti’aroa (os caiaques foram transportados no barco para que pudéssemos fazer o passeio no ponto mais especial), nadar com os tubarões e o snorkelling mais lindo da minha vida em Rangiroa, o tour em um jipe pelas paisagens verdes de Mo’orea, minha viagem teria sido apenas ficar na praia e na piscina dos hotéis de rede com vista para o mar turquesa; algo que você pode fazer no Caribe ou nas Maldivas. Por isso, planeje umas três experiências durante a viagem e reserve de US$ 400 a US$ 1000 por pessoa, por passeio.
QUAL MOEDA É USADA NA POLINÉSIA FRANCESA?
Diferentemente de Saint-Barth e Saint-Martin, que também são coletividades ultramarinas da França e utilizam o euro, a moeda da Polinésia Francesa é o Franco Pacífico CFP, usado também na Nova Caledônia e em Wallis e Futuna. De qualquer forma, euro, dólar e cartões de crédito são bem aceitos. Mas como é sempre bom ter moeda local na carteira para pequenas despesas, troque dinheiro ao chegar ao aeroporto de Fa’a’a. {Clique aqui para o nosso guia definitivo sobre a compra de moeda estrangeira}
COMPRO UM CHIP?
Não. Porque ele só vai funcionar direito no Taiti, onde você não vai passar muito tempo. Nas outras ilhas, principalmente as mais afastadas, não conte nem com o wi-fi do hotel (em Rangiroa, por exemplo, a uma hora de voo do Taiti, eu estava no melhor hotel — tudo bem, só são dois no enorme atol — e o upload de um mero story do Instagram de 10 segundos demorava QUINZE MINUTOS; isso porque eu ia para a recepção ficar do ladinho do roteador). Por isso, viaje com a intenção de descansar — também do universo digital — e encher você e sua vida de mana, a força espiritual dos polinésios responsável pela saúde e fertilidade.
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