Tudo sobre viajar para as Maldivas: O desconforto do hidroavião, bangalô na praia ou sobre as águas, quando ir, como chegar, e vale a pena viajar só para lá?

Tenha sempre leque, remédio antienjoo e protetores auriculares ou bons fones com cancelamento de ruído; e não se esqueça de, ao desembarcar do voo internacional, já se trocar e colocar uma roupa bem leve de verão. Se você precisar pegar um hidroavião para chegar ao seu hotel nas Maldivas — geralmente um Twin Otter DHC-6 —, saiba que essas aeronaves não têm ar condicionado, são muito barulhentas e, quando pousam na água, ficam balançando no ritmo das ondas — com o avião fechado e quente — até você conseguir desembarcar em uma plataforma também flutuante. Algumas vezes, você terá ainda de pegar um barco até o píer do hotel.
E ainda tem o preço: o traslado de hidroavião ida e volta entre o aeroporto internacional e os hotéis — nunca incluso no valor da estadia — custa entre USD 600,00 e USD 2.400,00 por pessoa, um trajeto de 40 minutos. Ou seja, pode custar até mais caro que o preço de uma passagem em classe econômica para a longa viagem de 30 horas de avião-mais-aeroporto entre São Paulo GRU e o aeroporto internacional de Malé MLE. Para os hotéis mais próximos da capital das Maldivas, os traslados de lancha aeroporto-hotel-aeroporto custam em torno de USD 200,00 por pessoa.
Aí, tem a franquia de bagagem. Não importa o quão luxuosa é a aeronave do hotel ou se você está voando com uma companhia comercial de hidroaviões, cada passageiro só pode despachar uma mala de até 20 ou 25 quilos e levar consigo uma bagagem de mão com cinco quilos (que nem sempre pode ir com você na cabine). Por isso, se você viaja com muitas malas, é preciso comunicar seu hotel com antecedência — e pagar a taxa de excesso de bagagem.
Para programar seu voo de chegada a Malé MLE, é importante saber que os hidroaviões só voam durante o dia, entre as 6h e as 16h, levando em conta as condições meteorológicas. Os voos das companhias aéreas emirati, como a Qatar Airways e a Emirates, por exemplo, geralmente aterrissam em Malé entre 7h e 9h da manhã e decolam de volta no começo da noite; ou seja, tempo suficiente para chegar do voo internacional para o hotel no mesmo dia, e partir depois do horário do check-out do hotel.
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VIAJAR SÓ PARA AS MALDIVAS? NÃO.
Eu não consigo — nunca conseguirei — conceber a ideia de cruzar o mundo, viajar para tão longe (30 horas de viagem mais oito horas de diferença de fuso), para ficar ilhado dentro de um hotel lindo e previsível, por mais incrível que ele seja. Por isso, como não existem voos diretos para as Maldivas partindo do Brasil, sugiro sempre fazer um stopover, principalmente na ida, aproveitando os voos das companhias aéreas que voam de suas bases para Malé.
Aí, dá para conciliar as Maldivas com uma viagem para a Suíça voando com a Swiss; para Istambul, voando Turkish; Londres, voando British; ou então, fazer Doha ou Dubai, voando com as ótimas Qatar e Emirates, que têm sempre a melhor relação preço vs. experiência a bordo. Faz muito mais sentido para mim explorar um país ou um destino urbano e, aí, seguir para o seu hotel nas Maldivas para descansar-e-fazer-nada antes de voltar para o Brasil.
QUANDO IR PARA AS MALDIVAS E QUANTOS DIAS FICAR
Assim como para o Caribe, a melhor época de viajar para as Maldivas é entre dezembro e março. Essa é a temporada seca — e também a alta temporada, porque é invernão no hemisfério norte —, quando o sol é firme e a umidade é baixa, resultando em céus azuis e sem nuvens. Nesta época também, a visibilidade das águas mais tranquilas é especialmente boa para as práticas de snorkeling e mergulho. De qualquer forma, é sempre importante ter em mente que o clima do mundo está doido e, mesmo na alta temporada, você pode pegar dias de chuva, apesar de menos provável.
Já a temporada “molhada” (geralmente com chuvas em pancadas curtas, ventos mais fortes e céu mais nublado) vai de maio a outubro, provocadas pela monção úmida. Apesar da possibilidade de dias perfeitos de sol, existe também o risco de dias consecutivos de chuva. Já os meses de novembro e abril — fora alta temporada — são quando as chances de chuva são menores e os hotéis têm bons preços.
Só é preciso se lembrar que a melhor época para ver as enormes arraias-manta (manta rays) e os tubarões-baleia (whale sharks), em grandes quantidades, é entre agosto e novembro. E o melhor endereço para vê-los é a baía de Hanifaru, a joia do atol de Baa, considerado como Reserva da Biosfera pela Unesco (assim como Galápagos e Komodo).
Por conta da distância, vale sempre se hospedar por, no mínimo, 5 noites nas Maldivas. Dá para ler, assistir filmes, treinar — as academias dos hotéis são ótimas —, fazer tratamentos no spa, e curtir a praia e o belíssimo mar.
DOCUMENTAÇÃO PARA VIAJAR PARA AS MALDIVAS
Brasileiros não precisam de visto prévio para entrar nas Maldivas; o visto é feito lá mesmo durante a imigração e te dá o direito de permanecer 30 dias no país. Mas é obrigatório apresentar 1. o certificado internacional de vacinação contra a febre amarela, além do 2. passaporte com data de validade de seis meses a partir da data da volta, 3. o comprovante da hospedagem e 4. a passagem de volta.
COMO ESCOLHER O SEU HOTEL UMA-ILHA-UM-RESORT
Nenhum dos hotéis de luxo nas Maldivas é all-inclusive. Eles oferecem tarifas com café da manhã (bed & breakfast) e, no máximo, meia-pensão (half-board) com café da manhã e jantar inclusos, mas bebidas à parte. E como as Maldivas são formadas por mais de 1.200 pequenas ilhas e apenas 200 delas são habitadas, cada um dos mais de 100 hotéis no país tem o privilégio de ocupar uma ilha inteira para si — até mesmo mais de uma —, em contratos de arrendamento de 50 a 99 anos com o governo maldiviano, o dono de todas as poucas terras deste país cujo território é 99% água.
Não importa qual hotel, a experiência da viagem é parecida: descansar, ir para a piscina, ler, fazer snorkeling, comer, assistir a filmes, fazer yoga e passeios de barcos, e aproveitar as atividades que o hotel desenhou para oferecer aos hóspedes. E como viajar para as Maldivas não é viajar para um país, mas sim para um hotel sem a possibilidade de jantar “fora”, a escolha da propriedade onde você vai se hospedar é ainda mais importante, já que a diferença entre uma propriedade e outra estão principalmente na beleza, na sofisticação e na gastronomia.
Isso porque a grande maioria dos hotéis nas Maldivas pertence a redes internacionais sem a menor autenticidade, sem qualquer conexão com a cultura maldiviana. São hotéis que poderiam estar (e estão) no Caribe, nas Seychelles ou no Taiti, todos no mesmo estilo spa + villas na areia + deques–corredores-de-bangalôs-sobre-as-águas — cuja construção impacta a vida marinha —, mas sobrevivem por conta dessas que são uma das mais belas águas do mundo.
Por isso, além das fotos, vale pesquisar sobre as formações coralinas no entorno do hotel (se são incríveis para fazer snorkeling), se existem contenções de pedra na frente da acomodação que você escolheu (esses muros que impedem a erosão da praia tiram a beleza da paisagem durante a maré baixa) e, não menos importante, a oferta gastronômica e a procedência dos ingredientes usados nos restaurantes.
Eu sempre prefiro hotéis-boutique em ilhas pequeninas e acolhedoras e com vegetação abundante, com poucos bangalôs. Porque, só assim, você vai poder fazer tudo a pé, sem precisar andar quilômetros de bicicleta e carrinho elétrico para circular entre o seu quarto e o restaurante e o spa. Alguma conexão com a cultura e a história locais — seja na gastronomia ou nas experiências propostas — é sempre bem-vinda, ainda mais em um destino tão artificial.
E, aí, tem o perfil do hotel. Porque, se antes as Maldivas eram um destino de lua de mel, hoje há desde hotéis com proposta para a família a hotéis-spa com foco em bem-estar.
OS SUPER ESTIMADOS BANGALÔS SOBRE AS ÁGUAS, OS OVERWATER BUNGALOWS
São dois os tipos de acomodação que você vai precisar escolher para a sua estadia nas Maldivas: um bangalô na areia, com acesso direto à agua — e muitas vezes, aos recifes de corais —, ou um bangalô sobre as águas, com uma escada que dá direto na água. A questão é que é muito mais agradável acordar, abrir a janela de frente para o mar e dar poucos passos — pisando naquela areia branca e finíssima e aveludada — para o banho de praia, que descer uma escada para nadar.
Sem falar que eu sempre fico um pouco mareado nos bangalôs sobre as águas. Apesar de firmes, os pilares de concreto sobre os quais os bangalôs são construídos reverberam as vibrações do mar e, para as pessoas mais sensíveis, faz a acomodação lembrar uma cabine de navio quando a embarcação está atracada. A não ser que seja um sonho se hospedar nestas acomodações que foram criadas no Taiti na década de 1960 e viraram quase sinônimo de Maldivas, prefira as mais confortáveis villas na areia.
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