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O guia definitivo para dirigir na França: Pode beber e dirigir?, as estradas mais bonitas, GPS, pedágios, combustível

A tentação é grande de alugar um carrão  conversível para percorrer as estradinhas cenográficas e ensolaradas da região da Provence e Côte d’Azur com aquela liberdade que só o dirigir permite para fazer as coisas no seu tempo, explorar as paisagens, ir e voltar na hora que quiser. Mas acredite, se você quiser dirigir pelas áreas medievais, tantos os vilarejos quanto as regiões antigas e centrais das cidades, alugue um carro pequeno. Ainda assim é inevitável a apreensão em muitas ruelas, tão estreitas que nos fazem duvidar de que o carro possa passar por ali, tão curvas que se torna impossível vislumbrar uma saída (e com capacidade para receber 0,8 da largura de um carro, reze para não ter ninguém vindo na direção contrária; isso quando elas não estão à beira de enormes precipícios).

dirigir-franca-provence-cote-d-azur-aluguel-de-carros-pedagio-combustivel-estradas-mais-bonitas-1000-7Nos vilarejos, as ruazinhas – sem calçadas – podem ser ainda mais estreitas que essa. Imagem: Shoichi Iwashita

PRECISO MESMO DE UM GPS NO CARRO? S-I-M!

dirigir-franca-provence-cote-d-azur-aluguel-de-carros-pedagio-combustivel-estradas-mais-bonitas-1000-3Mesmo que você esteja com acesso a internet pelo celular através de um SIM card  local e conseguindo usar o Waze ou o Google Maps, sempre alugue o carro com GPS, pois no meio da viagem quando você estiver para pegar aquela outra estrada à direita, pode ser que aconteça de o sinal do celular desaparecer, o Maps não atualizar e, aí, adeus chegar ao destino no horário planejado… E quando houver sinal para tudo (tipo, na cidade, antes de pegar a estrada), é sempre bom colocar o mesmo endereço no GPS do carro e no celular para ver se eles estão indo para a mesma direção (porque tem hora que o GPS erra). E se for desses prevenidos, também tenha um bom mapa em papel (eu prefiro sempre não depender só da tecnologia, porque ela só é maravilhosa quando funciona…): os da Michelin são vendidos nos postos de gasolina. Na minha última viagem à Côte d’Azur, aluguei um Audi TT na Sixt, que já vem com o GPS no painel, mas tem hora que leva um minuto para inicializar o sistema e aconteceu umas duas vezes de reinicializar durante um percurso… De qualquer forma, a Sixt é a locadora perfeita para os amantes dos carros alemães (por ser alemã e familiar, possui uma frota novíssima de vários modelos Mercedes, BMW e Audi; mas também tem Jaguar, Maseratti, Mustang…), não só na França como também nos Estados Unidos, Chile etc. Imagem: Shoichi Iwashita

A ESTRADA CERTA PARA VER AS PAISAGENS MAIS BONITAS

dirigir-franca-provence-cote-d-azur-aluguel-de-carros-pedagio-combustivel-estradas-mais-bonitas-1000-5Entre uma cidade e outra, você vai encontrar dois tipos de estrada (e geralmente você pode escolher a rota pelo GPS): 1. as autoroutes, rodovias com velocidade máxima entre 110 km/h e 130 km/h, sempre com pedágios e indicadas por placas azuis escritas com a letra A seguida do número da rodovia (por exemplo, para ir de Avignon a Aix-en-Provence é preciso pegar a A7 e a A8) e 2. as routes départamentales, as estradas departamentais gratuitas (sem pedágio), iniciadas pela letra D em placas amarelas, que são menores, arborizadas (parecem cenas de filme), passam no meio das cidadezinhas (quando você tem de diminuir a velocidade, pegar os faróis, mas dá para parar e tomar um café ou sorvete) e possuem as paisagens fotogênicas que a gente tanto procura. Por isso, rodovias-autoroutes  só se você quiser chegar mais rápido ao destino porque é como dirigir pelas estradas paulistas: boas para dirigir mas charme zero. Importante ressaltar, no entanto, que as routes départamentales são estreitas. Idealmente, vias de mão duplas que são, elas deveriam comportar dois carros, um em cada direção, mas na verdade suportam um carro e meio, não têm acostamento, apresentam muitas curvas fechadas, têm como limite de velocidade 90 km/h (eu não consigo passar de 50 km/h) e, para piorar, elas estão repletas de ciclistas no verão, sozinhos ou em grupo, todos paramentados como se fossem atletas do Tour de France (os franceses adoram pedalar e deve ser mesmo por influência desse campeonato que é um grande evento no país). Ou seja, é preciso ter muita atenção ao dirigir (muita atenção na estrada para não atropelar alguém; e lembre-se sempre de manter uma distância de 1,5 m dos ciclistas), já que os franceses, acostumados com as pistas, costumam correr. E aí, tem as rotatórias, centenas, milhares delas, e você só deve se lembrar que a preferência nunca é sua, é sempre de quem está rodando; você sempre vai ver a placa “Cédez le passage” (ceda a passagem). Na foto, a route départamentale  na chegada a Gordes. {Para ler o guia de Gordes, Roussillon e a Abadia Notre-Dame de Sénanque, clique aqui} Imagem: Shoichi Iwashita

E COMO PARAR O CARRO PARA AS FOTOS SEM LEVAR MULTA?

Neste tipo de viagem eu devo parar o carro ou para fotografar ou para contemplar as paisagens uma centena de vezes. Mas a dinâmica é um pouco complicada: as estradas departamentais são vias de duas mãos, muito  estreitas (como escrevi acima, tem hora que você acha que o seu carro e o carro que está vindo não vão caber nas duas faixas), não tem acostamento e, muitas vezes, árvores ou valas ladeiam a pista. E, apesar de você quase não ver policiais rodoviários em quase todo o percurso, eles podem sim  aparecer; e você pode levar uma desagradável multa — e uma bronca — se parar o carro no meio da pista (e eles já chegam com sirene e tudo; é assustador). Por isso, por mais que você tenha de andar um pouco, pare o carro na entrada de alguma propriedade privada (são estradinhas de terra que saem da pista) ou então nos bolsões que existem nos lugares mais visitados justamente para que os viajantes parem e apreciem a paisagem. Use o bom senso.

OS DIFERENTES TIPOS DE PEDÁGIO

dirigir-franca-provence-cote-d-azur-aluguel-de-carros-pedagio-combustivel-estradas-mais-bonitas-1000-1As autoroutes  na França são privatizadas e administradas por várias empresas. Por isso, os sistemas de pedágio (“péage”, em francês) também variam (para piorar a nossa vida). Tem pedágio que você já paga direto (apesar de aceitarem cartão de crédito, tenha sempre moedas — vá guardando as moedas dos trocos — e dinheiro trocado, pois as máquinas aceitam no máximo cédulas de 20 euros), tem pedágio que você só aperta o botão, retira o tíquete na primeira parada (sem pagar nada), segue viagem e paga lá na frente de acordo com a distância percorrida. Os mais legais são os pedágios da concessionária Vinci (foto acima) que tem um espaçoso bolsão de plástico que te permite atirar as moedas — de dentro do carro mesmo, adoro pegar todas  as moedas e lançá-las todas de uma vez — e ter a cancela liberada (parece brinquedo de parque de diversões). Só não vá esquecer a carteira no hotel como eu fiz um dia… Foi uma confusão com direito a buzinaço e não foi nada legar ter de explicar tudo e soletrar gritando cada letra do meu já complicado nome, endereço completo, email  para que eles me mandassem a fatura de € 3,50 para pagamento no Brasil. E a conta chegou, viu? :- ) Na foto, o lindo pedágio da Vinci, com as opções de cada posição. Os que estão marcados apenas com a letra “t” é para quem tem a versão francesa do Sem Parar. Imagem: Shoichi Iwashita

COM TODAS ESSAS VINÍCOLAS, PODE BEBER?

dirigir-franca-provence-cote-d-azur-aluguel-de-carros-pedagio-combustivel-estradas-mais-bonitas-1000-6Imagina que você está na praia em Pampelonne, em Saint-Tropez, ou embebido em cultura no festival de teatro em Avignon, mas sabe que a poucos quilômetros das cidades existem ótimas vinícolas. E aí, surge o eterno dilema: como combinar álcool e direção? A sorte é que a lei francesa permite beber um pouquinho e dirigir. Se você tem mais de três anos de carteira, o limite de álcool permitido no sangue é de 0,2 g por litro. Se você já dirige há mais de três anos, o limite é 0,5 g de álcool por litro de sangue. Mas, atenção: se você for pego com uma concentração entre 0,5 g e 0,8 g, vai pagar uma multa de € 135; se acima de 0,8 g, você vai para o tribunal e a multa é de € 4.500. Grosso modo, uma pessoa que pesa 65 quilos pode tomar duas taças de vinho com 12% de álcool (150 ml cada uma) durante a refeição e ela estará com 0,4 gramas de álcool no sangue. Ou seja, dentro do permitido. Já se ela estiver bebendo o vinho puro, uma taça de 150 ml já faz com o seu nível de álcool no sangue seja de 0,32 grama. Ou seja, é melhor parar por aí. Na foto, o belíssimo Château Lacoste, próximo a Aix-en-Provence. {Para ler a matéria Aix-en-Provence: Mercados a céu aberto, arquitetura burguesa, dança contemporânea, Cézanne e piscina, clique aqui.} Imagem: Shoichi Iwashita

ATENÇÃO COM O EXCESSO DE VELOCIDADE

Pois se você exceder o limite de velocidade de uma via em 40 km/h, a penalidade é tão grave que, se você for pego, o guarda tem direito de confiscar o seu carro.

COMO PARAR O CARRO NAS MUITAS CIDADEZINHAS

Em quase todas as cidades, existem estacionamentos — a maioria gratuita por até uma hora (que dá para fazer um belo passeio pelo centrinho) ou quando pagos, bem baratinhos (ainda mais se você estiver acostumado com os preços de São Paulo) — que você encontra sinalizados em placas azuis com a letra P. Se você encontrar uma vaga, é só parar e explorar a cidade. Nas ruas, você pode estacionar sempre que elas forem largas o suficiente, a não ser que elas tenham faixas amarelas pintadas no meio-fio, pois isso indica que o estacionamento é proibido. Se a faixa amarela for intermitente, pode parar mas não pode estacionar; se for contínua, não se pode estacionar nem parar.

COMO ABASTECER O CARRO

Na França não tem frentista, por isso se você nunca abasteceu carro na vida, no momento de retirar o veículo na locadora, pergunte como abre o tanque de gasolina (na primeira vez que eu tive de abastecer eu não fazia a menor ideia e tive de pedir ajuda; mas, não se preocupe pois é fácil) e qual é o combustível que você deve utilizar para encher o tanque. São dois tipos: 1. gazole, que quer dizer diesel; e 2. essence, que é a gasolina. E aí, tem dois ou três tipos de essence-gasolina dependendo do posto, mas geralmente são dois: o SP95 e o SP98 (SP quer dizer “Sans Plomb”, sem chumbo, e o número — 95 ou 98 — é a octanagem do combustível: quanto maior, melhor o desempenho do motor; só para comparação, no Brasil a octanagem das gasolinas comum e aditivada é de 87, e só a premium fica entre 91 e 93). Por isso, se você alugar um carro esportivo, a locadora vai te dizer para abastecer só com SP98. Mas não se preocupe quando, em algumas cidadezinhas do interior, você encontrar só SP95 e gazole  nas bombas. Um motor que pede SP98 pode ser abastecido com SP95 tranquilamente, mas não o contrário (um motor SP95 não pode receber SP98). Essa é a única informação que você tem de saber. De resto, é só abrir o tanque do carro, pegar a mangueira da bomba, apertar o gatilho, encher o quanto você quiser e depois passar no caixa, informando o número da bomba e pagar. ;- )

ATENÇÃO NA HORA DE RETIRAR O CARRO NA LOCADORA

dirigir-franca-provence-cote-d-azur-aluguel-de-carros-pedagio-combustivel-estradas-mais-bonitas-1000-2A forma mais rápida de se locomover pela França — e chegar a qualquer parte partindo de Paris — é através do trem rápido, o TGV (Train à Grande Vitesse). Por isso, se você estiver indo para a Provence – Côte d’Azur, dá para começar sua viagem por Avignon, Aix-en-Provence, Marselha ou Nice, pois todas elas são atendidas pelo TGV. Mas é só preciso se atentar para o fato de que em cidades como Avignon e Aix-en-Provence, por exemplo, as estações por onde passam os trens TGV não são as mesmas dos trens comuns, elas ficam distantes da cidade (Avignon, por exemplo, tem uma estação de trem no centro, mas a estação Avignon TGV, na foto acima, fica a 5 quilômetros; Aix-em-Provence tem uma estação de trem bem central, mas a estação Aix-em-Provence TGV fica a 22 quilômetros – o que é longe, a 25 minutos do centro da cidade!); em outras, como Nice e Marselha, a cidade tem duas ou três estações de trem, sendo que apenas uma delas é atendida pelo TGV. Por que é importante saber isso? 1. Para agendar o local correto de retirada do veículo; e 2. para ter em mente os trajetos e os tempos na hora de ir embora para não perder o trem (eu quase perdi o trem de Aix-en-Provence uma vez; ainda bem que eu tinha saído com antecedência do hotel…). Na foto, a estação Avignon TGV. Imagem: Shoichi Iwashita

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Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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