Aman Tokyo: O hotel de luxo que mais traduz a arquitetura, a gastronomia e os valores tradicionais japoneses — e dos meus preferidos no mundo
O lounge do Aman Tokyo, o mais caro hotel de luxo da capital japonesa — mas que não é uma unanimidade entre os viajantes brasileiros em seu primeiro contato com o Japão —, com vista para os jardins imperiais. Imagem: Shoichi Iwashita
Um lobby com pé-direito de 30 metros, no trigésimo terceiro andar de um edifício poderoso. Quartos de entrada com enormes 71 metros quadrados. Um spa de 2.500 m² — o maior da cidade até a abertura do Janu Tokyo, sua propriedade-irmã — dedicado a apenas 84 acomodações. Nele, uma piscina com raia de 30 metros oferece vista deslumbrante para a megalópole, os jardins do palácio imperial e, em dias claros, o monte Fuji.
Esses amplos espaços para-todos-os-lados e para o horizonte são a tradução perfeita do luxo silencioso do Aman Tokyo, um santuário urbano suspenso sobre a maior região metropolitana do mundo (com mais de 38 milhões de pessoas), onde o metro quadrado é dos mais caros do planeta e é célebre pelas casas compactas e os microapartamentos com portas que se abrem para fora apenas porque não há espaço interno. Não à toa, é o hotel mais caro da capital japonesa.
Invisível por fora, ocupando os últimos seis andares da Otemachi Tower (edifício-sede do Mizuho, o terceiro maior banco do Japão) e inaugurado em 2014, o Aman Tokyo foi a vigésima-sétima abertura mas o primeiro hotel urbano da rede cujo nome significa “paz” em sânscrito e que é sinônimo de privacidade, discrição e integração com os destinos onde seus hotéis estão inseridos. É exatamente este último item que impressiona no endereço tokyoïte da Aman, que é, sem sombra de qualquer dúvida, um dos hotéis mais incríveis do mundo — e integra minha lista junto com os outros favoritos Brenners, Cipriani, The Brando, Uxua, Four Seasons Milano e Hotel de Russie.
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OS MUITOS MATERIAIS E ELEMENTOS DA ARQUITETURA TRADICIONAL JAPONESA

O lobby icônico do Aman Tokyo que te faz sentir dentro de uma lanterna japonesa. Detalhe: essa montagem gigantesca é toda feita em echizen washi, um dos mais antigos e prestigiados tipos de papel washi, produzido há mais de 1.500 anos com as fibras das folhas das amoreiras japonesas. Imagem: Shoichi Iwashita

O edifício Otemachi Tower, que abriga nos últimos seis andares o Aman Tokyo. Imagem: Shoichi Iwashita

Mais um ângulo do lobby, porque ele é apenas incrível. Imagem: Shoichi Iwashita
Entre os muitos hotéis de luxo em Tóquio, não há outra propriedade que traduza tão fielmente os conceitos filosóficos-arquitetônicos, e os materiais e elementos das artes decorativas japonesas. Preste atenção nos pisos e paredes — incluindo os banheiros do quarto — revestidos de basalto cinza-escuro, rocha vulcânica de alta resistência e baixa porosidade, que contrasta com as madeiras claras de cipreste (hinoki, sagrada no xintoísmo), cedro (sugi) e cânfora (kusunoki), de árvores com 80 a 250 anos de idade (!), das quais são feitos o mobiliário e os shōji, os painéis deslizantes feitos com papel washi que filtram a luz e dividem ambientes.
Ainda na temática shōji, deslumbre-se com o lobby teatral que faz você se sentir sob uma lanterna de papel japonesa. São 40 metros de comprimento, 11 metros de largura e 15 metros de altura; é como se todo o teto — também feito com muitas camadas de papel washi — fosse uma gigantesca luminária, com uma luz difusa durante o dia e uma iluminação orquestrada quando a cidade escurece. Assim como nas casas japonesas, cujas entradas são propositalmente escuras para que o interior se revele lentamente (em um esquema de compressão-expansão, do íntimo para o infinito), é de tirar o fôlego chegar ao 33º andar da recepção, se deparar com paredes escuras e teto baixo para, depois de alguns passos, chegar ao salão principal do lobby com toda a sua amplitude e sua luz.
MINIMALISMO MEDITATIVO COMO UM JARDIM ZEN
O décor essencial-funcional-meditativo de linhas retas tão característico da cultura nipônica abriga arranjos florais minimalistas (opostos à opulência europeia), rochas cuidadosamente escolhidas como esculturas, cerâmicas assimétricas — e uma coleção incrível de tigelas-chawan para o chá —, caligrafias (shodō) e obras de arte de artistas japoneses. E todos os conceitos essenciais da estética japonesa podem ser percebidos no Aman Tokyo: o ma, o vazio repleto de significado; o wabi-sabi, a beleza da imperfeição e da transitoriedade; o yūgen, o encanto da sutileza, do que não se revela completamente; o shibui, a elegância contida e sem ostentação.
As casas tradicionais japonesas são circundadas por uma faixa de piso de madeira suspensa equipada com portas shōji que se abrem para integrar completamente o mundo interior ao exterior. O engawa, como é chamado, é uma fronteira fluida entre dentro-e-fora, além de um espaço de contemplação. E, apesar de estar um edifício contemporâneo de vidro e alumínio, Kerry Hill, o arquiteto responsável pelo projeto do hotel, usou esse que é um dos elementos mais emblemáticos da arquitetura tradicional japonesa nos quartos, criando essas faixas coladas aos vidros-do-chão-ao-teto, que trazem para a intimidade do quarto a imensidão da cidade.
QUARTOS AMPLOS E TODOS COM BANHEIRA COM VISTA PARA TÓQUIO

O quarto mais simples do Aman Tokyo, a Deluxe Suite (foto acima), tem espaçosos 71 metros quadrados. Desse lado, está a área da cama e o banheiro; do outro lado, e com o mesmo tamanho, estão a sala de jantar, a sala e o escritório. Todo o projeto dos quartos — piso, portas e móveis — é feito com madeira aralia (tara-no-ki). Imagem: Shoichi Iwashita.

Portas shoji com papel washi da província de Kochi, escondem o banheiro do lado do quarto. Na área da sala, as mesmas portas escondem o escritório (quase que vou embora sem ver que tinha um escritório ali). Imagem: Shoichi Iwashita

O quarto todo — e todos os quartos do Aman Tokyo; e não apenas nas categorias superiores — tem grandes janelas com vista para a megalópole. A vista do ofuro, a banheira, feita em basalto. Imagem: Shoichi Iwashita

A área da sala de jantar e sala da Deluxe Suite, o quarto de entrada do hotel. Imagem: Shoichi Iwashita
Ainda sobre o quarto, é linda a iluminação da noite, embora a luz de leitura pendurada sobre a cama incomode um pouco os olhos. No banheiro, escondido atrás de painéis shōji (assim como o escritório do quarto), além da banheira colada à janela e com vista, é lindo ver como a água do chuveiro corre para o ralo, assim como encontrar o banquinho de madeira típico do banho tradicional japonês. Sem falar que o chão e o assento do vaso sanitário estão sempre aquecidos, oferecendo um conforto térmico raro de ver em outros hotéis de luxo do mundo.
CAFÉ EM MEIO A UMA FLORESTA URBANA COMO PARTE DA OFERTA GASTRONÔMICA

O projeto do Aman Tokyo vai além da oferta para os hóspedes. No térreo da Otemachi Tower, em meio a uma floresta que foi construída como parte do projeto do complexo — com mais de 56 mil árvores e plantas —, está o Cafe by Aman, com um cardápio de influência francesa e ingredientes japoneses. Imagem: Shoichi Iwashita

Já no Arva, dentro do hotel lá em cima, o menu é de inspiração italiana, mas com muitos peixes e frutos do mar nos pratos, em combinações nada óbvias. No prato, aspargos brancos, vieira, trufas pretas e sabayon. Imagem: Shoichi Iwashita

Ainda como parte do projeto para a cidade, a belíssima pâtisserie do hotel fica no subsolo da sede do banco, com a cozinha aberta para que a gente acompanhe a produção dos belíssimos doces e bolos com açúcar moderado. Imagem: Shoichi Iwashita

Café da manhã japonês no Aman Tokyo; sem trigo, sem lácteos. Imagem: Shoichi Iwashita

O lindo restaurante especializado em sushi, o Musashi, completamente escondido dentro do hotel. Imagem: Shoichi Iwashita
O Aman Tokyo se expande para além dos seus andares. No segundo subsolo do edifício, entre lojas e restaurantes frequentados pelos funcionários do banco Mizuho, está La Pâtisserie, cuja vitrine com doces e pães repousa sobre um enorme basalto quase-bruto. No térreo, o Cafe by Aman se integra à floresta de 3.600 metros quadrados plantada como parte do projeto da Otemachi Tower, servindo pratos de influência francesa e os mais frescos ingredientes japoneses.
Dentro do hotel, além do lounge que serve como salão de chá, são dois os restaurantes: o Arva, restaurante italiano com influência japonesa — onde é servido o café da manhã — e o imperdível Musashi, um autêntico sushiya com apenas 10 lugares, cujo chef cultiva o próprio arroz, produz o próprio sake e cria as cerâmicas nas quais você será servido. Algo único.
A LOCALIZAÇÃO DO AMAN TOKYO, NO BAIRRO ONDE SE CONCENTRA A MAIORIA DOS HOTÉIS DE LUXO DA CAPITAL JAPONESA
A única consideração do Aman Tokyo que preciso fazer é sobre a sua localização. Otemachi é um bairro corporativo, com grandes quarteirões de prédios altos e sem muitas coisas para fazer a pé; você vai precisar do carro ou o metrô para ir ao bairro vizinho de Ginza e aos bairros favoritos: Shibuya e Jimbōchō, que, por outro lado, não têm hotéis de luxo.
Não crie expectativas com a proximidade do hotel em relação ao Palácio Imperial. Além da ponte Nijubashi e de parte dos jardins, não dá para ver quase nada da residência imperial. De todo modo, como meus dois hotéis favoritos de Tóquio ficam na região — o Aman e o Hoshinoya (e também o Four Seasons Otemachi e o Mandarin Oriental) — e as principais atrações da capital japonesa são bem descentralizadas, espalhadas por todos os pontos cardeais, não considere a localização corporativa demais um problema.
QUANTO CUSTA SE HOSPEDAR NO AMAN TOKYO

A piscina repleta de cantos privativos para os hóspedes e com vista para o skyline tokyoïte. Imagem: Shoichi Iwashita

Até a área do onsen, os banhos de água termal — separadas entre homens e mulheres, uma vez que é preciso ficar completamente nu, e ainda com sauna e duchas —, têm vista. Imagem: Shoichi Iwahita

O hotel oferece duchas à moda ocidental, mas eu amo que o Aman Tokyo preserva todas as tradições dos banhos japoneses. Imagem: Shoichi Iwashita
O quarto mais acessível do Aman Tokyo, a Deluxe Suite, tem diárias a partir de USD 2.100,00, já incluindo impostos, taxas, café da manhã para duas pessoas, em uma tarifa flexível com direito a cancelamento e reembolso. Para os quartos com vista para os jardins imperiais, calcule diárias a partir de USD 3.100,00.
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Matéria publicada em 6 de dezembro de 2025.
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