Enoteca Saint Vin Saint: Com décor bourgeois-bohème, o único restaurante sustentável 100% orgânico de São Paulo
Toda vez que pergunto a restaurantes com discurso local-saudável-sustentável se todos os ingredientes do cardápio são orgânicos, as repostas são sempre cheias de reticências, um “é complicado…” ou “nem sempre, só quando a gente consegue…”
E atenção, pois mesmo restaurantes certificados com o selo “Orgânico” não precisam usar apenas ingredientes sem agrotóxicos para conseguir o selo.
Mas a chef e sommelière Lis Cereja nos mostra que, apesar de dar muito mais trabalho, é possível sim, e faz da sua Enoteca Saint Vin Saint o único restaurante 100% orgânico, sustentável e zero lixo de São Paulo.
E é tão coerente, tão redondo, que o conceito ultrapassa os pratos e abrange também os copos: sua carta de vinhos, com mais de 150 rótulos, é inteiramente composta por vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos produzidos por pequenos vinhateiros.
Vinhos feitos com uvas orgânicas, que crescem em solos sem veneno, e produzidos sem a adição de inúmeros aditivos químicos que fazem com que a maioria dos vinhos hoje seja tão saudável — e artificial — quanto um saquinho de salgadinho industrializado.
Na carta de vinhos, no entanto, o “local” da comida vira global, já que há garrafas de produtores das principais regiões vinícolas do mundo — muitos dos quais eles mesmo importam para venda —, com atenção especial aos produtores brasileiros.
Se os ingredientes não vêm de seu sítio, como os ovos das galinhas criadas soltas, o leite da sua cabra Maruska que é transformado em queijo, e diversos legumes e verduras — alguns deles não-convencionais — produzidos apenas para o restaurante, eles são crioulos (como os milhos), ancestrais (com a farinha que eles usam, de trigo espelta), absolutamente tudo é não-refinado-não-industrializado (até os azeites e manteigas), e vêm de pequenos produtores locais e agroecológicos, todos listados em uma lousa no salão, com pé-direito alto e decoração colorida e intimista, ao estilo bourgeois-bohème (e como são apenas 15 mesas, é bem prudente reservar; a não ser que você não se importe em jantar no balcão do bar como já fiz algumas vezes).
O menu tampouco é fixo já que o respeito às estações é outro pilar da Enoteca. As receitas são criadas a partir dos ingredientes disponíveis na época — com uma oferta cada vez maior de opções vegetarianas — e também é apresentada em uma lousa, essa ambulante, que o garçom traz à mesa para você ver (a Enoteca não abre para almoço, apenas jantar de segunda a sábado, com brunch aos sábados das 11h às 16h). E se você for vegano ou celíaco, não tem problema, basta informar no ato da reserva e eles adaptam o menu para você.
Na boca, espere por sentir o verdadeiro sabor de cada ingrediente, em receitas que agradam cada vez mais (confesso que há uns anos, eu ia à enoteca mais por afinidade filosófica que por prazer gastronômico, mas isso vem mudando consideravelmente).
O serviço de vinhos também é um destaque, como deveria ser um restaurante-enoteca. Além do conhecimento do sommelier sobre os vinhos (aproveite para esclarecer dúvidas sobre técnicas, produtores, e aprender um pouco mais), ao pedir um vinho em taça, tinto ou branco, ele traz as garrafas disponíveis, os copos, e você pode degustar antes de decidir. Faz toda a diferença.
O Instagram da Lis Cereja também é uma rica fonte de informações sobre enologia e alimentação limpas, livres de veneno e sofrimento. {Clique aqui para acessar.}
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