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Fera Palace Hotel: Em edifício histórico na melhor localização de Salvador, ótimas experiência e relação custo-benefício no mini-Flatiron art déco baiano

Para a construção do nono e novo andar sobre uma construção dos anos 1930 foi necessário um trabalho enorme de reforço das fundações do prédio. O rooftop do Fera Palace Hotel abriga o Fera Lounge e a bela piscina com vista para a baía de Todos-os-Santos. Imagem: Divulgação

Salvador, apesar de sua total-e-absoluta importância histórica, arquitetônica e cultural, fazia parte do grupo de capitais brasileiras carente de bons hotéis. Nos anos 2000, tivemos o promissor Convento do Carmo, que não envelheceu bem e fechou as portas em abril de 2020. Mas, enfim-e-merecidamente, o Fera Palace Hotel foi inaugurado em 2017 — em um edifício que já nasceu como hotel de luxo em 1934 — e a filial do Fasano, em 2018 {a crítica completa do Fasano Salvador, você confere clicando aqui}.

Me hospedei em ambos e posso dizer com tranquilidade que são hoje os melhores hotéis de Salvadoro Fera com uma ótima relação custo-benefício, preciso dizer (quase metade do preço do Fasano nos quartos de entrada). E a alguns passos um do outro, não só estão na melhor localização, como suas aberturas representam um importante capítulo no processo de revitalização do incrível centro histórico da capital baiana, iniciado nos anos 1990 {saiba tudo sobre a história, a essência e as experiências mais emblemáticas de Salvador, clicando aqui.}

RUA CHILE: PRIMEIRA RUA DO BRASIL E A MAIS CHIQUE DA CIDADE DO SALVADOR DOS ANOS 1940

A rua Chile, onde está o Fera Palace Hotel, foi a primeira rua do Brasil e era, do começo do século 20 até os anos 1940, o endereço mais chique da cidade, com lojas sofisticadas, cafés, palacetes. Quando foi inaugurada em 1549 por Thomé de Souza, o primeiro governador-geral desta que foi a primeira capital do Brasil e da América portuguesa, ela era a Rua Direita dos Mercadores. Mas ganhou o nome atual em 1902, quando o governo quis homenagear os quatro embaixadores chilenos que morreram de peste bubônica no Brasil do fim do século 19.

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FERA PALACE HOTEL: DA CONSTRUÇÃO DO PALACE NOS ANOS 1930 AO BEM-VINDO — E BEM-SUCEDIDO — RENASCIMENTO NOS ANOS 2010

Assim como o Flatiron de Nova York em que foi inspirado, o edifício que abriga o hotel foi construído em uma esquina “pontuda” triangular e, no ângulo dessa foto, ela parece um navio a cortar o asfalto. Os detalhes em estilo art déco da fachada tombada pelo Patrimônio Histórico — e as mais de 600 janelas — foram todos restaurados durante as obras de 2015. Imagem: Shoichi Iwashita
O antigo cassino no primeiro andar, que foi um dos cenários de uma das obras mais famosas de Jorge Amado, o romance Dona Flor e Seus Dois Maridos, se transformou na salão de eventos do Fera Palace Hotel, com capacidade para até 300 pessoas. Imagem: Shoichi Iwashita
A saleta da Corner Suite (as suítes que ficam ponta do edifício e formam a torre) tem paredes nesse turquesa envelhecido, uma das cores associadas ao movimento art déco dos anos 1930. Por conta do prédio antigo, os quartos têm pé-direito alto e são decorados de forma calorosa. Imagem: Shoichi Iwashita
O salão do restaurante no térreo onde é servido o café da manhã; amo os caminhos de mesa em bordado richelieu. Aberto ao público, não hóspedes podem tomar um café, um drinque, tanto nas mesas quanto nos sofás do lobby. Imagem: Shoichi Iwashita
As luminárias das áreas públicas do hotel foram desenhadas pelo arquiteto dinamarquês Adam Kurdhal, do escritório Spol, que assina o projeto de reforma e restauração do Fera Palace Hotel. Imagem: Shoichi Iwashita

Construído entre os anos de 1931 e 1934 em estilo art déco (fazendo par estilístico com o Elevador Lacerda, aqui pertinho), o empreendimento foi iniciativa de um dos homens mais ricos da Bahia, o Comendador Bernardo Martins Catharino, cuja imponente residência no bairro da Graça é hoje o lindo Museu Rodin Bahia. Nesse edifício que já nasceu como o hotel Palace, hospedaram-se muitas celebridades — de Carmem Mirada a Orson Welles, passando por Pablo Neruda — e presidentes e chefes de estado. O cassino no primeiro andar, transformado no salão de eventos da versão atual do hotel, com colunas altas e espelhadas, foi um dos cenários da obra “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de Jorge Amado, uma das muitas riquezas literárias da Bahia.

Nos anos 1930, o hotel original só não tinha o último andar, construído para abrigar o bar Fera Lounge — neste momento, exclusivo para os hóspedes —, a academia e a piscina estreita-e-comprida-e-com-vista, que é praticamente uma unanimidade em todos os projetos de novos hotéis no Brasil nos últimos anos. A diferença do Fera, no entanto, é que, além dos azulejos azuis com desenhos de inspiração portuguesa que forram o interior da piscina com raia de 25 metros (boa para nadar quando está vazia), ela conta com a companhia da fotogênica cúpula da torre-de-esquina do hotel, agora revestida com folhas de cobre que refletem lindamente a luz do pôr do sol na baía de Todos-os-Santos.

Para a construção do nono andar em cima do prédio original, foi necessário um trabalho enorme de planejamento e reforço na fundação e estrutura do edifício, em conjunto com a reforma de todos os ambientes e restauração — do parquet original de todos os andares, das 630 janelas de madeira (!), dos 205 adornos art déco — capitaneados pelo Spol, escritório de arquitetura norueguês com filial no Brasil (e atuando na construção da Cidade Matarazzo, que inaugura em 2022 em São Paulo). E foi seu próprio fundador, o arquiteto dinamarquês Adam Kurdahl, quem desenhou as incríveis luminárias e o piso de mosaico preto-e-branco do lobby do hotel (eu amo que o piso sobe pela parede do balcão do bar, e amo também o trabalho geométrico de diferentes madeiras das portas dos elevadores, que se repete nas cabeceiras das camas e em alguns móveis).

O quarto de entrada do hotel é o Superior, com 18 metros quadrados e diárias a partir de R$ 800 para duas pessoas com café da manhã incluso. Imagem: Shoichi Iwashita
Além das cores, as linhas limpas em movéis com padrões geométricos feitos com madeiras diversas são a tradução do déco no mobiliário e nos quartos do Fera. Imagem: Shoichi Iwashita
O banheiro espaçoso da Corner Suite. Só as suítes Corner e Tower possuem banheiras. Imagem: Shoichi Iwashita

Nos 81 quartos do Fera Palace Hotel — 10 deles suítes —, as cores (rosa e turquesa) e as linhas limpas do déco se misturam com estampas coloridas de diferentes padronagens. Fotos das muitas tradições da cidade e o frigobar repleto de produtinhos locais — dos chocolates Amma às fitinhas do Bonfim, passando pela cachaça Rio do Engenho, de Ilhéus, cidade onde foi construído o primeiro engenho de cana-de-açúcar do Brasil há mais de 400 anos — trazem a alma da Bahia para dentro do quarto. São sete categorias que vão de 18 metros quadrados para o quarto Standard a 110 metros quadrados para a única Tower Suite, que tem parte da torre em seu interior. E só as suítes Corner (com 46 metros quadrados) e a Tower possuem banheiras.

No quesito gastronomia, sentimentos mistos. Porque eu amei as comidinhas do Fera Lounge na piscina, do abará (esse acarajé cozido em vez de frito) com moquequinha de siri; o sanduíche de banana-da-terra com queijo e vinagrete de abobrinha com cebola roxa (só achei estranha a apresentação, pois o sanduíche veio todo enrolado em um guardanapo de papel, como se fosse um lanche de escola); e a caipirinha de cacau fresco adoçado com mel de cacau.

Também gostei muito da proposta compacta do café da manhã (sem o enorme desperdício de comida desses banquetes enormes dos hotéis) e com muitos ingredientes que o baiano come no dia a dia — mandioca e batata-doce cozidas, banana-da-terra frita e cozida, tapiocas em formato de bolo e feita na panela —, lindamente apresentados em panelas de ágata e recipientes em madeira e palha (tem também opções à la carte feitas na hora). Mas os pães precisam de atenção, porque pão murcho (incluindo os de queijo) não dá…

Só não fui mesmo feliz no almoço no restaurante, com os ingredientes dos pratos todos na textura errada (camarão supercozido, cuscuz seco e duro, molho da salada desequilibrado). Mas eu me hospedei lá em fevereiro de 2020 (antes da pandemia, e o hotel fecharia em abril) e sei que não só a cozinha passou por mudanças de chef, de proposta, como também eles investiram R$ 1 milhão em obras de manutenção e melhoria para a reabertura em dezembro de 2020. Por isso, preciso voltar. : )

QUANTO CUSTA SE HOSPEDAR NO FERA PALACE HOTEL

Para o quarto Superior, com 18 metros quadrados, para duas pessoas e com café da manhã, calcule a partir de R$ 800 por noite. Para a Corner Suite, o segundo quarto mais espaçoso do Fera, com 46 metros quadrados e saleta e banheira, calcule a partir de R$ 2.200 por noite, para duas pessoas e com café da manhã incluso. {Faça a sua reserva para o Fera Palace Hotel, clicando aqui.} 

No topo do hotel, o Fera Lounge, a piscina e a academia. Imagem: Shoichi Iwashita
Lanche delicioso de pão de fermntação natural com banana-da-terra e queijo e vinagrete e de abobrinha com cebola roxa. Imagem: Shoichi Iwashita
Água de coco fresquinha no buffet de café da manhã. Imagem: Shoichi Iwashita
Café da manhã compacto (ou seja, muito menos desperdício de comida) e com ingredientes locais. Imagem: Shoichi Iwashita
Além do buffet, você tem itens à la carte à disposição. Imagem: Shoichi Iwashita
Os grafismos do Fera: o balcão da recepção, o fundo orgânico-tropical, o chão geométrico e as luminárias circulares. Imagem: Shoichi Iwashita
O lobby à noite. Imagem: Shoichi Iwashita
Turndown service feito, hora de ler e dormir. Imagem: Shoichi Iwashita

ENDEREÇO:
O Fera Palace Hotel fica na rua Chile, 20, e fica no Centro Histórico de Salvador.

RESERVAS:
{Faça a sua reserva para o Fera Palace Hotel, clicando aqui.} 

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Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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