Lafayette Gourmet
Uma geladeira, grande, só com manteigas — Boudier, Échiré, Beillevaire, incluindo um corner da Bordier em que eles “batem” a manteiga na sua frente (le tapage du beurre) — já seria motivo suficiente para visitar a Lafayette Gourmet, que desde 2014 passou a ocupar o prédio da seção Maison das Galeries Lafayette (numa união bastante inteligente e que é bastante prática para quem ama receber, comida e casa). Acrescente azeites especialíssimos, jamón Pata Negra, a Bordeauxthèque (lugar imperdível, veja a nossa matéria, clicando aqui), e ainda a possibilidade de provar in loco as carnes, os queijos, o jamón (cada departamento possui um balcão com 20, 30 cadeiras). No Steak Point, por exemplo, você pode pedir o corte de uma das carnes no açougue (provenientes da Normandia, da Escócia, do Japão), do tamanho que você quiser, e eles grelham na hora, com alguns acompanhamentos, para que você deguste lá mesmo. O mesmo com o jamón puro de bellota de cerdos 100% ibéricos (sem cruzamentos), que você pode comer junto com pães, saladas y una copa de vino; sem precisar levar para o hotel.
No total, são 14 minirrestaurantes, espalhados pelo térreo e subsolo, que servem comida grega, japonesa, caviar, sanduíches, além de café e uma gelateria (a Pedone, que tem uma seleção de sabores feitos com chocolates grands crus Valrhona). Mas no dia em que fomos, apesar do horário de funcionamento dos minirestôs ser das 11h às 20h (a seção Gourmet, no entanto, abre às 8h30 e fecha às 21h30), às 17h30 quase nenhuma das opções do cardápio do Café Pinson, de comidinhas e sucos orgânicos, estava disponível (tivemos de comer uma salada que era a única opção) e vários dos corners já estavam vazios, sem nenhum funcionário; nenhunzinho. Ou seja, deve funcionar melhor no horário do almoço.
Além de conseguir comprar chás de todas as marcas francesas: Hédiard, Mariage-Frères, Kusmi (que na verdade é russa, mas se afrancesou em 1917 com a Revolução Bolchevique), se você for um apreciador de café, não deixe de visitar o corner da Malongo (que também tem uma loja no 6éme), com uma oferta de mais de 45 crus de café dos terroirs mais especiais do mundo. E você ainda pode torrar na hora um dos 12 tipos de café em grãos verdes, do jeito que preferir, acompanhado por um mestre torrefador.
Se você não tiver tempo de visitar todas as lojas dos grandes chefs pâtissiers de Paris, em apenas uma visita ao Lafayette Gourmet você consegue conhecer e degustar os chocolates de Alain Ducasse (que também oferece uma incrível pasta de chocolate com praline, em potes de 250g e 550 g) e Jean-Paul Hévin, os maravilhosos calissons da Roy René, as bombas da Éclairs de Génie (que estão ficando famosas mas não me impressionaram), as sobremesas clássicas da Dalloyau, e as delícias do que é, pra mim, junto com o Pierre Hermé, um dos melhores chefs pâtissiers do mundo e que é japonês: o Sadaharu Aoki (o Pierre Hermé também tem um corner, mas no Lafayette Gourmet, só são vendidos os macarons e os chocolates; para provar suas criações sobremesísticas você terá de ir à sua loja na Rue Bonaparte). No corner do Aoki-san, sempre com atendentes japonesas, provamos desta vez o Zen (um doce absurdo de gergelim, cognac, chocolate e avelã, com um macaronzinho de matcha) e o Cuneo (chocolate, avelã, gengibre e maracujá). E estavam divinos. A única diferença com relação aos doces é que não há balcões para comê-los lá. O que fizemos? Levamos as sacolinhas e nos sentamos nas escadas do Opéra Garnier e comemos, felizes, sentindo o Sol no rosto e assistindo a um artista de rua cantar — pessimamente — e mexer com turistas espanhóis que se divertiam com a brincadeira.