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Hotel Sumaq: O melhor da história e as tradições do povo inca dentro e fora deste que é o único hotel de luxo em Machupicchu Pueblo

O lobby do Sumaq é o lugar mais agradável e aconchegante deste hotel boutique que tem um cardápio amplo de experiências culturais e gastronômicas relacionadas à cultura andina. Imagem: Shoichi Iwashita

Ao chegar à estação do pequenino Machupicchu Pueblo, cidade apenas acessível por trem e também conhecida pelo nome não-mais-oficial Aguas Calientes, a equipe do Hotel Sumaq estará esperando para ajudar com as malas, uma vez que será feito a pé o trajeto de 400 metros entre a estação e o hotel, a última construção da Avenida Hermanos Ayar, já em direção às ruínas de Machu Picchu (e ainda bem que eles vêm buscar porque encontrar a saída dessa estação labiríntica é um desafio; saiba tudo sobre Machu Picchu, clicando aqui).

E para quem não é fã dos perrengues das viagens de aventura… como é bom chegar com conforto a um dos destinos mais mágicos e inóspitos do planeta e encontrar uma estrutura sofisticada que se preocupa em ser autêntica e ainda nos presenteia com uma gastronomia excelente, que respeita — e nos apresenta — as tradições e os inúmeros e (alguns) inéditos ingredientes locais (lembre-se de que estamos em uma cidade minúscula com pouquíssima estrutura para seus habitantes).

OURO É O CONFORTO

De frente para o rio Urubamba, o Sumaq (no canto à direita) é a última construção da avenida que leva para as ruínas de Machu Picchu. Imagem: Shoichi Iwashita

A 450 metros da estação de trem de Machupicchu Pueblo, o hotel tem 62 quartos divididos em três blocos de cinco andares. Imagem: Shoichi Iwashita

Os quartos Deluxe são bem mais simples que a Suite Imperial acima, que tem uma banheira envidraçada com uma belíssima vista para as montanhas, mas o conforto está em todo o hotel. Imagem: Shoichi Iwashita

As críticas ao gosto árabe pelo dourado nos aviões, hotéis e restaurantes partem geralmente de viajantes com uma visão centrada no “bom gosto” europeu, que não considera a pluralidade das inúmeras matrizes culturais que formaram o mundo. Para os incas, o ouro abundante na região — assim como aconteceu com Brasil e Portugal, inteiramente roubado pelos espanhóis e levado para a Europa — não tinha qualquer valor econômico, mas era bastante usado em construções e acessórios cerimoniais. Porque o ouro representava o deus máximo deste império teocrático: o Sol, chamado Inti em quechua.

E, apesar de a arquitetura e o projeto de interiores do Sumaq não encantarem (existe uma tensão ali entre o “luxo”, o contemporâneo e a temática inca que não funciona na maioria das vezes; mas gosto do lobby e da Suíte Imperial), o hotel cujo nome quer dizer “belo” em quechua oferece uma estrutura mais que confortável em seus três blocos de cinco andares. Espere por uma bela vista para a montanha Intipuku e o rio Vilcanota em frente, réplicas de objetos históricos incas e tecidos com as cores quentes típicas das tradições andinas nas áreas públicas, e muito ouro. Tirando o hotel Belmond que fica isolado na entrada das ruínas de Machu Picchu montanha acima, o Sumaq é o único hotel de luxo de Machupicchu Pueblo.

O CONHECIMENTO E AS EXPERIÊNCIAS SÃO O GRANDE DESTAQUE DO HOTEL SUMAQ

A pachamanka que o Sumaq organiza no jardim do hotel é a “panela de pressão” andina (o cozimento em altas atitudes é diferente daqui “de baixo”). Os alimentos são enterrados entre folhas com pedras quentes, cozidos por horas e desenterrados na hora de servir (veja mais fotos ao fim da matéria). Imagem: Shoichi Iwashita

Excelentes drinques com sabores locais preparados pelos barmen do Sumaq. Imagem: Shoichi Iwashita

Um xamã andino pode te acompanhar em sua visita à Machu Picchu, pode te ajudar a preparar uma oferenda a Pachamama, a Mãe-Terra, ou ainda fazer uma consulta com os elementos naturais que formam a religiosidade local. Na foto, o xamã Daniel, que me acompanhou nesta viagem. Imagem: Shoichi Iwashita

O grande destaque do Sumaq, no entanto, são as muitas experiências criadas pelo hotel que proporcionam uma imersão na gastronomia, na religiosidade e nas tradições locais; e é impressionante o conhecimento exemplar da equipe do hotel sobre as histórias e lendas por trás de cada objeto da decoração ou ingrediente servido no bar ou restaurante — pergunte tudo, e se tiver tempo, solicite um tour pelo hotel. Duas noites de hospedagem seriam ideais só para poder aproveitar algumas delas.

Das coisas mais simples como aulas sobre como preparar símbolos nacionais como o pisco sour ou o ceviche (mas isso você pode fazer nos hotéis em Lima ou em Cusco), o hotel organiza também degustação de cafés especiais peruanos ou de chicha morada (o refresco feito de milho roxo); experiências gastronômicas — essas, sim, imperdíveis — como a pachamanka, um surpreendente cozido enterrado com folhas e pedras vulcânicas preparado durante o dia; e ainda visitas a Machu Picchu na companhia não só de um guia, mas também de um xamã, que pode ainda te ajudar a preparar uma oferenda para Pachamama, a Mãe Terra.

Toda religião que deixa de ser parte da vida local para se transformar em entretenimento para turista perde sua força. Mas, com as perguntas certas, pode vir a ser uma excelente oportunidade de se conhecer os valores que regem aquela comunidade, sua relação com os deuses, as celebrações de amor, aniversário e morte, e uma visão sobre a vida que é estrangeira para nós. Apesar da restrição que senti quando pesquisei sobre essa experiência do Sumaq antes da minha chegada, eu aproveitei muito a companhia e as conversas que tive com o xamã Daniel.

UM HOTEL PERFEITO PARA GRUPOS E FAMÍLIAS COM CRIANÇAS, MAS O SPA É TODO COBRADO À PARTE

Na foto, o quarto Deluxe, o menor quarto mas com capacidade para até cinco pessoas, com vista para o rio e 29 metros quadrados. Imagem: Shoichi Iwashita

A gastronomia do Sumaq é excelente. Na foto, um volcán (tipo um petit gateau) de lúcuma, uma fruta andina de polpa amarela com sabor que lembra a baunilha, que me fez só querer comer tudo com lúcuma em toda a viagem. Ah, o volcán está acompanhando de sorvete e crujiente (crocante) de café. Delicioso.  Imagem: Shoichi Iwashita

Inaugurado em 2007 e reformado em 2016, o hotel segue o padrão estadunidense de hotéis para famílias. Muitos dos 62 quartos divididos em cinco categorias — Deluxe com diferentes vistas, Junior Suites e a Imperial Suite — são equipados com duas camas de tamanho queen, permitindo uma ocupação de até quatro pessoas por quarto (dá ainda para acrescentar mais um colchão, aumentando a capacidade para cinco pessoas) e são espaçosos: o menor quarto tem 29 metros quadrados. O hotel também tem Family Rooms com capacidade para até oito pessoas.

Apesar de os banheiros não terem iluminação natural (tirando a suíte Imperial que conta com uma banheira cinematográfica da qual se tem uma belíssima vista para a paisagem), é lindo ver um hotel que não tem máquinas de Nespresso no quarto, mas sim pó de café peruano orgânico premiado com uma cafeteira para você preparar aquele café coado que anima a alma. A valorização do que é local é sentida em tudo no Hotel Sumaq.

Encanta também o cuidado que o hotel tem com as crianças. Além de atividades exclusivas — como aulas de gastronomia e contação de histórias andinas — a parte do buffet de café da manhã dedicada a elas é uma das coisas mais lindas que já vi; um capricho só.

Minha única restrição, no entanto, foi com relação ao spa, que conta com quatro salas — e todos os tratamento são feitos com ingredientes como a muña (uma menta andina) e a coca —, sauna e uma jacuzzi grande. O Hotel Sumaq é um hotel cujas diárias começam nos US$ 500 e não tem piscina nem academia. Mas se você quiser fazer aquela sauna tão bem vinda depois das caminhadas, terá de pagar US$ 50 extras para isso.

QUANTO CUSTA SE HOSPEDAR NO HOTEL SUMAQ?

Para se hospedar no Sumaq, calcule a partir de US$ 550 no quarto Deluxe para duas pessoas com vista para o jardim e café da manhã e jantar incluídos. E a partir de US$ 610 para um quarto com vista para o rio. Para saber quanto custa tudo em uma viagem para Machu Picchu, clique aqui

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Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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