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Lasai: Cozinha de ingredientes – e excelente serviço de café – em um dos melhores restaurantes do Rio de Janeiro

É inadmissível ir a um restaurante gastronômico, pagar caro e sair com fome, já que é de total responsabilidade do chef  — um profissional — o exercício de lidar com os diferentes tamanhos de apetite dos clientes e planejar uma experiência perfeita para todos  (e, acredite, já passei por isso algumas vezes).

E como eu tinha feito uma reserva para as 21h30 (por causa do cansaço do dia na praia, no Rio eu sempre gosto de tirar um cochilo antes do jantar), em vez de escolher o menu com 14 etapas-tapas, intitulado Festival (R$ 386,40, já com o serviço de 12% que vem na conta), uma seleção-surpresa do chef Rafael Costa e Silva (você apenas diz suas restrições para ele montar o cardápio), optei pelo menu menor, o Não me conte histórias… (R$ 330,40, com serviço), com quatro etapas: snacks, entrada, prato principal e sobremesa, em que você escolhe o que vai comer, entre três opções de entrada, mais três de prato principal e três de sobremesa (e todos os pratos com apenas três ingredientes principais); são apenas esses dois menus disponíveis.

Mas, depois de me encantar com tudo o que havia sido servido até então (veja as fotos abaixo), quando terminei o prato principal, estava com aquela sensação de “hmm, conseguiria comer ainda mais um pouquinho antes do doce…”  E foi aí que o garçom fez uma coisa inédita: “Você está satisfeito ou posso oferecer mais algum prato ou uma seleção de queijos brasileiros antes da sobremesa?”, ele perguntou, apesar de as três etapas salgadas “contratadas” já terem sido entregues. Bom, nem preciso dizer que o garçom — que o Lasai — me ganhou com esse gesto e fez com que meu jantar fosse impecável. E eu fui com os queijos.

E sensibilidade é palavra que define a experiência no Lasai. Seja nos pratos originais e lindamente apresentados; nos ingredientes (tudo é orgânico e sazonal, ou proveniente de pequenos produtores da região, ou das duas hortas que o chef  mantém no estado do Rio de Janeiro); as mesas sem toalhas (uma tendência que chegou até ao Alain Ducasse do Plaza Athénée) enfeitadas com legumes frescos (como no L’Arpège, em Paris); no ambiente (uma casa do início do século 20 em Botafogo-quase-Humaitá  com uma reforma muito bem sucedida); no serviço da brigada internacional (cada prato é apresentado por um garçom diferente — e cada um é de uma nacionalidade! —; sem falar que na hora de retirar os pratos, primeiro vem um retirar os talheres e, imediatamente  em seguida, vem outro retirar o prato — um balé no salão que eu nunca tinha visto); a não cobrança pela água; e ainda o convite para se tomar o — ótimo — café no lounge  que fica no andar superior que tem um terraço a céu aberto com vista para o Cristo Redentor. E detalhe: aqui não tem Nespresso ou Três Corações — cafés nada-nada  gastronômicos —, e eu fui com um obatã amarelo e vermelho de um sítio de São Paulo, preparado com Chemex pela simpaticíssima esposa do chef  (uma jarrinha a R$ 12!). E ainda tem chás, infusões e uma opção de grão arábica para o preparo do espresso. Os restaurantes gastronômicos paulistanos que colocam as parcerias comerciais acima da qualidade do que é servido deveriam definitivamente aprender com eles.

Com passagem pelo Mugaritz, um dos grandes restaurantes do mundo, no País Basco, onde em quatro anos Rafael foi de estagiário a primeiro-chef, o nome Lasai quer dizer “tranquilo” na língua basca. Para os vegetarianos, apesar de pratos principais serem geralmente ou porco ou peixe ou vaca, é só avisar o chef  e ele pode preparar algo específico. Todos os menus ainda podem ser harmonizados com vinhos — orgânicos, biodinâmicos ou naturais —, com quatro ou seis passos (R$ 165, o primeiro, e R$ 195, o último), e, de maneira muito inteligente e simpática, você ainda pode solicitar uma dose extra para reabastecer a taça, de 25 ml, a R$ 10! (Cada taça leva 115 ml de vinho). Uma experiência praticamente perfeita (e eu nem saberia apontar qualquer erro).

 

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O logo do Lasai, que quer dizer “tranquilidade” em basco, aplicado sobre a parede de ripas de madeira patinada que é um dos elementos marcantes do décor  da casa do começo do século 20, em Botafogo. Imagem: Shoichi Iwashita

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Os snacks  ultraoriginais com diferentes texturas e temperaturas são a grande atração do jantar. À esquerda, um pãozinho muito macio recheado com duas minicenouras; depois, uma panqueca com quiabo e espinafre; em seguida, um crocante de tomate com abobrinha e queijo; e, por último, um sanduíche de ervas e folhas. É nítida a técnica apurada e a valorização do sabor de cada ingrediente. Imagem: Shoichi Iwashita

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De entrada, eu escolhi o ovo, fava e rabanete, no menu Não me conte histórias… Imagem: Shoichi Iwashita

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De prato principal, peixe, palmito e cebola. Imagem: Shoichi Iwashita

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A etapa “extra” dos queijos da esquerda para a direita: Serra da Canastra (de Minas), doce de fruta do conde, queijo Figueira (de São Paulo), doce de melancia infusionado com laranja, e, por último, um Serra da Estrela, de ovelha, típico do Rio. Mais brasileiro, impossível. E delicioso. Imagem: Shoichi Iwashita

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De sobremesa, morango, mascarpone e aveia. Divino. Imagem: Shoichi Iwashita

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Outra opção: chocolate, funcho (erva-doce) e banana. Imagem: Shoichi Iwashita

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O lounge no andar superior com terraço com vista para o Cristo. Imagem: Shoichi Iwashita

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Onde tomei um ótimo café com Chemex e docinhos gelados. Imagem: Shoichi Iwashita

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A fachada e a alta porta de entrada do Lasai, na Rua Conde de Irajá, 191. Imagem: Shoichi Iwashita

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Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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