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Milão, o começo

Ocupando um local privilegiado — e estratégico — que foi objeto de desejo entre diversas tribos e nações ao longo dos séculos, Milão esteve sob o domínio de diversos povos (etruscos, romanos, godos, lombardos, francos, espanhóis, austríacos, franceses), até finalmente fazer parte da Itália… no século 19 (!). Os primeiros a se estabelecerem às margens do Rio Po (rio que corta a Itália de leste a oeste) foram os celtas, entre os séculos 7 e 4 a.C. E assim como toda a Europa (e parte da Ásia e da África, porque os cara eram megalomaníacos), a região foi tomada pelo Império Romano, que lhe deu o nome de Mediolanum em 222 a.C. (e olha que os celtas tinham a doce ilusão, coitados, de expandir seu território para o Sul, mas encontraram os romanos no meio do caminho expandindo para o Norte e seus planos foram por água abaixo).

Mediolanum, que significava ‘no meio da planície’, se transforma em capital da Transpadania (região que abrigava também as cidades de Como, Brescia, Bergamo, Pavia até Turim) em 15 a.C., e quando começam as invasões bábaras no século 3 — e Diocleciano divide o Império em dois —, Milão se torna a capital do Império do Oeste em contrapartida com Bizâncio.

Mas logo Milão seria abandonada pelos romanos. Em 402, Honório transfere a sede do Império para Ravenna (a oeste da península itálica) e Milão fica à mercê dos bárbaros. Em 452, Átila, o huno, deixa a cidade em frangalhos; em 489 e 539, os godos destroem a cidade novamente e ocupam seu território.

Em 552, o Império Bizantino — a essa altura o Império Romano do Ocidente já não existia mais; e o Império Romano do Oriente, aka Império Bizantino, duraria mais quase mil anos, até 1453 — contrata os lombardos (um povo bárbaro, guerreiro e sanguinário) para resolver problemas e reconquistar a Itália dos godos. Os lombardos cumprem sua missão, mas agora, eles querem a Itália para eles. E conseguem. (O Império Bizantino estava mais preocupado em cuidar de seus territórios no Oriente, deixando a Igreja — sem exército — abandonada).

Quando os lombardos passam a querer também Roma e Ravenna (por volta de 770), a Igreja Católica, pelo papa Adriano, recorre ao rei dos francos, Carlos Magno (ou Charlemagne) — um dos mais brilhantes personagens da época —, que derrota os lombardos em menos de um ano, terminando o período de dominação lombarda que perdurou por mais de dois séculos. Carlos Magno é, assim, nomeado Imperador do Sacro Império Romano, em 800.

Com essa reviravolta, a Igreja se torna poderosa e cada vez mais influente, assim como Milão se torna cada vez mais próspera nos séculos 10 e 11. Sob a dominação carolíngia, Milão renasce. E onde há dinheiro, há poder, e onde há poder, há disputa. Começa aí uma disputa entre o clero, os comerciantes e Frederick Barbarossa, rei germânico, sacro imperador romano, que quer impor seu poder ao norte da Itália, que não se rende, apesar da destruição de Milão pelas tropas de Frederick, em 1162.

Continua…

Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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