O guia definitivo dos melhores cafés de São Paulo, a cidade que se tornou o que é graças a esses bagos vermelhos e amarelos
São Paulo não seria a maior e mais rica cidade da América do Sul se não fosse por essa bebida-nossa-de-cada-dia: o café. Foram os lucros com a plantação e exportação dos grãos de café cru para o mundo que financiaram as estradas de ferro, a imigração, a industrialização e a fortuna de muitas famílias.
E é supreendente imaginar que, apesar dessa história de mais de 150 anos, só bem recentemente passamos a ter acesso aos melhores grão de café: todos brasileiros e 100% arábica (são mais de 50 variedades de arábica, mas as mais comuns no Brasil são o Bourbon e os catuaís amarelo e vermelho).
Só não consigo entender como não temos nenhum café decente na Paulista, a avenida mais famosa da cidade e que era a “casa” de todos os barões do café (infelizmente, o Lina, depois de um ano de funcionamento, fechou em junho de 2019). {Clique aqui para o nosso guia com os melhores sorvetes de São Paulo.}
CAFÉS EM SÃO PAULO: MODO DE USAR
Apesar de a maioria deles oferecer mais de uma opção de grão (geralmente de microlotes), a regra é a mesma: para provar os cafés especiais você terá de pedir pelos métodos coado (Hario V60 ou Kalita), aeropress, prensa francesa, Clever, Chemex.
Para o espresso, a escolha é limitada: só tiram usando o grão do dia ou o blend da casa. Mas cada um dos cafés a seguir — alguns são ótimos lugares para ler ou trabalhar — possui história, cardápio e identidade bem próprios (tirando o Little Coffee Shop, todos têm mesas, cadeiras — alguns, poltronas — e wi-fi ). Confira a nossa seleção e não deixe de conhecê-los e frequentá-los:
COFFEE LAB [Vila Madalena] Pedidos no balcão, servem na mesa
Como boa escola e laboratório de café que é, o CoffeeLab é o melhor lugar para você aprender sobre café. Diferentemente de todos os outros cafés da nossa lista, com exceção do espresso, todos os métodos (coado, aeropress) são preparados por baristas, na mesa, na nossa frente, com direito a explicações sobre a procedência dos grãos (as seis opções de grãos vêm ou de Minas Gerais ou do Espírito Santo) e esclarecimento de dúvidas. Os cafés são perfeitos.
E não deixe de fazer, vez ou outra, um dos doze rituais, quando você consegue fazer comparações entre cafés, métodos e harmonizações propostos pela proprietária e uma das maiores especialistas do Brasil, Isabela Raposeiras.
Como comidinhas, coisinhas simples mas bem feitas, como bolo de milho, tostex de queijo Minas, e você tem de se levantar para fazer o pedido na cozinha. De todos os cafés do nosso guia, é o mais consistente na relação entre qualidade do café e da comida. Cafés entre R$ 5 (espresso curto) e R$ 14 (Catuaí 81).
Coffee Lab: Rua Fradique Coutinho 1340, quase esquina com a Wisard, 11 3375-7400. Segunda a domingo, das 10h às 18h. Saiba mais sobre o Coffee Lab na nossa matéria exclusiva, clicando aqui.
UM COFFEE CO {Bom Retiro / Itaim / Pinheiros} Farm-to-cup e serviço na mesa na unidade Bom Retiro
Depois do encerramento das atividades de cafeteria do Isso É Café (segue agora apenas como produtor), o Um Coffee Co. é hoje, junto com o Octavio, o único café farm-to-cup de São Paulo.
Da fazenda na Mantiqueira (nas Minas Gerais) aos três endereços de cafés em São Paulo, a Um é totalmente verticalizada. Eles plantam — variedades do arábica como Mundo Novo, Catuaís Vermelho e Amarelo, Bourbon Amarelo, Obatã, Topázio —, colhem, fermentam, secam, torram (desenvolvendo suas próprias curvas de torra), mandam para as lojas e entregam, na xícara, o café perfeito. Detalhe: as xícaras — sempre coloridas — vêm sobre um pires feito com o tronco cortado de um pé de café; um charme.
Não só. Além de vender os grãos de sua fazenda, o Um Coffee Co. também atua como coffee hunter, descobrindo grãos de vários produtores no Brasil (Piatã, Maragogipe, Mogiana) e também do exterior (em abril de 2019, eles lançaram um nanolote do incrível café Gesha, colombiano). Mas se a variedade para comprar para levar é ampla, para o café servido na loja, é preciso consultar os lotes disponíveis no dia de acordo com o método de preparo.
Nas lojas do Itaim e de Pinheiros, você sempre vai tomar um ótimo espresso (nem sempre as comidinhas acompanham a qualidade do café). Mas é na matriz, no Bom Retiro, um prédio de quatro andares (antiga tecelagem da família), onde você vai ter a experiência autêntica com os quitutes e as tortas doces preparadas com capricho pela mãe, a Márcia, e a clientela majoritariamente coreana, já que no Bom Retiro estão muitos dos negócios da comunidade.
Os cafés fecham cedo, ou às 17h ou às 18h, mas adoro combinar o Um Coffee Co. quando vou assistir a um concerto na Sala São Paulo ou vou à Pinacoteca (são 15 minutos a pé, reto-toda-vida pela José Paulino).
Um Cooffe Co. Bom Retiro: Rua Júlio Conceição, 553. Telefone: 11 3229-3988. Segunda a sexta, das 8h às 17h; sábado das 9h às 17h; fecha domingos e feriados. Um Coffee Co. Itaim: Rua Iaiá, 62, entre a João Cachoeira e a Clodomiro Amazonas. Telefone: 11 3567-8767. Segunda a sexta, das 8h às 18h; sábado, das 10h às 16h; fecha domingos e feriados. {Para acessar o site, clique aqui.}
URBE {Paulista / Consolação} Atendimento na mesa, pagamento no caixa e fecha meia-noite : )
Com um cardápio extenso demais para uma cozinha minúscula (o tostex é até bom, mas muito pão para pouco recheio, e evite comer o cheesecake no pote, um horror), o Urbe melhorou bastante a oferta de cafés desde a primeira edição desse guia.
A duas quadras da Avenida Paulista e do metrô Consolação, são três ambientes: 1. um deck externo elevado bastante agradável (quando você não é interrompido várias vezes ao longo da visita pelas garotas vendendo chaveiros ou fotos para ajudar com o custos do intercâmbio); 2. o salão interno com mesas e sofás, mesa comunitária, bancos altos no balcão do bar, que é um pouco escuro demais mesmo estando o maior Sol lá fora e bem ruidoso se estiver lotado; e 3. o mezanino, onde está o banheiro.
Mas o café vale a pena. São quatro tipos de grãos intitulados de Urbe 01 a Urbe 04. Os 01 e 02 são Catuaís vermelhos de duas fazendas distintas de Alta Mogiana (estado de São Paulo), e podem ser provados em todos os métodos, do espresso à prensa francesa. Já os mais especiais 03 e 04, um Catuaí amarelo e um Catuaí 81, respectivamente, só são servidos coados com Kalita ou pelo método Clever. Sempre tomo o 04 coado com a Kalita (R$ 15).
Urbe: Rua Antônio Carlos, 404, quase esquina com a Augusta, Consolação. Telefone: 11 3262-3943. Segunda-feira, das 12h à meia-noite; terça a quinta, das 10h à meia-noite; sexta-feira, das 10h às 2h da manhã; e domingo, das 9h às 23h30.
THE LITTLE COFFEE SHOP [Pinheiros] Balcão, na rua, no-frills
O espresso, você vai tomar num copinho de papel, em pé, na calçada. O Little Coffee Shop, do tamanho de uma cabine de elevador, é o MENOR café de São Paulo (talvez do mundo): um balcãozinho de um metro, que oferece além de café muito bem tirado (coado ou espresso, com grãos vindos de Minas Gerais e torrados no Coffee Lab), fatias de bolo (muda todos os dias), cookies e amêndoas caramelizadas. Para quem está passando pela rua e precisa de uma dose espressa de cafeína durante a semana (não abre aos sábados e domingos). É o espresso mais barato do nosso guia: R$ 3. Rua Lisboa, 357A, Pinheiros, 11 2385-5430. De segunda a sexta, das 12h às 17h30.
SANTO GRÃO [Jardins e Itaim] Pedidos e serviço na mesa
Dos cafés, é o mais elegante e confortável. Poltronas de couro e veludo, mesas na altura correta, vitrine para ver e ser visto na Oscar Freire e, no salão interno, pé-direito alto com grandes janelas que dá para uma rua tranquila (meu lugar preferido). Mas pode ficar barulhento quando lotado à noite, já que fecha à 1h ou 2h da manhã, dependendo do dia. Na xícara, você pode escolher para o seu espresso, coado (Hario) e prensa francesa o blend da casa, o Sul de Minas, o Cerrado de Minas, além do orgânico e descafeinado. Também tem cafés especiais de vez em quando: foi aqui que eu provei o café baiano de Piatã (o município mais alto da Bahia, na Chapada Diamantina, premiado há vários anos como o melhor café do Brasil), a R$ 19 o espresso. Quanto às comidinhas: porções pequenas e caras. Café espresso: R$ 5,40. Rua Oscar Freire, 413, na esquina com a Rua Rio Preto, 11 3062-9294. Segunda, das 9h à 1h da manhã; terça a quinta, das 7h30 à 1h; sexta, das 7h30 às 2h da manhã; sábado, das 8h às 2h; e domingo, das 8h à meia-noite.
OCTAVIO CAFÉ [Faria Lima] Pedidos e serviço na mesa
Num dos metros quadrados mais caros da capital paulista, na busy-business Faria Lima, o Octavio é grandioso e confortável: o prédio circular foi desenhado para ser o café, tem estacionamento subterrâneo com serviço de manobrista e todos os grãos vêm da fazenda própria, em Alta Mogiana no Estado de São Paulo. Mas, apesar dos vários métodos de extração — é o café com o maior número de opções: café turco, moka, coado, aeropress, chemex, French press, syphon — que você pode experimentar, não há opções de grãos: para o espresso, eles usam o blend da casa, um Bourbon vermelho, e para os outros métodos eles preparam o café com os grãos do pacote que estiver aberto, que pode ser um Bourbon amarelo ou vermelho. Tudo é preparado no bar e o café já vem na xícara (ou no bule) para a mesa. Tem um cardápio de comidinhas e pratos extenso, mas bastante caro pelo que oferece (prefira os cafés e, no máximo, um belisquete), mas você faz o pedido e é servido na mesa. Cafés entre R$ 6 (espresso) e R$ 20 (syphon). Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2996, pertinho da Cidade Jardim, 11 3074-0110. Segunda a sexta, das 7h30 às 21h30; sábados e domingos, das 9h às 22h.
CAFÉ FLORESTA [Centro] Balcão, no-frills
Há quase 40 anos — intacto — no Copan, esta unidade que nos faz voltar no tempo pertence a uma das mais antigas empresas exportadoras de café de São Paulo (nascida em Santos) e prepara um ótimo espresso para ser tomado no balcão, no térreo do prédio mais emblemático da cidade. Sempre que vou comer no Bar da Dona Onça ou no La Central, é aqui que venho terminar a refeição. O espresso custa R$ 3,50 e o Floresta é a última loja a fechar no Copan. Avenida Ipiranga, 200, loja 21, no Edifício Copan, 11 3259-8416. Segunda a sábado, das 6h30 à 0h30; domingo, das 8h à 0h30.
SUPLICY CAFÉS ESPECIAIS [Jardins] Pedidos no balcão, servem na mesa
A máquina de espresso do Suplicy é rosa; e é linda. E é na matriz, na Alameda Lorena, onde é torrado o café que vai para as outras quatro lojas na cidade. Os grãos são comprados direto de produtores do interior de São Paulo e para o espresso, você tem duas opções de grãos: o torra clara e o torra média, ambos 100% arábica, que são os blends da casa. Para o coado e a prensa francesa, além das torras clara e média, você também tem as opções de torra escura e um microlote de café Icatú amarelo. Mas o café coado não é feito na hora, fica numa garrafa térmica e é servido conforme pedido (se você achar que o café não está nas melhores condições, pode pedir para fazer um novo). Cafés entre R$ 5,50 (espresso) a R$ 12 (prensa francesa). Alameda Lorena, 1430, quase esquina com a Padre João Manuel, não tem telefone. Segunda a sexta, das 7h30 às 21h; sábados e domingos, das 8h30 às 21h.
TORRA CLARA [Pinheiros] Pedidos no balcão, servem na mesa
Só aqui eu encontrei o Naked Espresso (R$ 8), uma das técnicas mais lindas de extração de café que, tirado no balcão num copo de vidro, é visível para o cliente. Sem os bicos de extração que levam o café da máquina para a xícara, a gente consegue enxergar toda a cremosidade do espresso (dizem que o barista através deste método consegue identificar os erros e saber, só pela cor e pela cremosidade, se o café está bom ou não). Do ladinho do metrô Sumaré, o Torra Clara é pequeno, charmoso (tijolos aparentes, aquelas lâmpadas de filamento que estão hoje por toda a parte) e algumas mesinhas não muito confortáveis que, de tão próximas, parecem uma só, comunitária. Tem wi-fi, tomadas e um ótimo nanolote de Bourbon amarelo em torra claríssima do Wolff Café, que vale a pena experimentar. Cafés entre R$ 5 (espresso) e R$ 18 (grão especial por chemex). Rua Oscar Freire 2286, lado Sumaré, quase esquina com a Galeno de Almeida 11 3297-8486. Segunda a sexta, das 8h às 18h30; sábados, das 10h às 15h.
Shoichi Iwashita, parabéns pela lista. Você chegou a visitar o Beluga e o Isso é Café, do Mirante 9 de Julho? Vale a pena conferir, pois essas cafeterias são sensacionais! Abraço,
Oi, Thiago, eu conheço só o Isso É Café e o texto já está aqui para incluir neste guia! Café muito bom mesmo, no nível dos que estão aqui, e o único na região da Paulista, o que é ótimo! Já o Beluga – junto com o Por um Punhado de Dólares – está na minha lista para conhecer! Se conhecer mais algum outro, me fala! :- ) Um abraço e obrigado pelo comentário!
Adorei a lista, mas vim trazer uns que conheço que são igualmente bons (talvez não o Preto Café, que é meio inconsistente. Mas tem uma proposta interessante)
https://foursquare.com/v/preto-café/5569dca9498eb674bbcc7d6c
https://foursquare.com/v/urbe-café-bar/4eb322e193ad2f4d37072b7d
https://foursquare.com/v/alice-café/53495fa6498ea75b67e79dab
https://foursquare.com/v/kaya-kafé/5502ff79498e514f471e056e
https://foursquare.com/v/kof–king-of-the-fork/53936cc6498e1d03a73b117a
https://foursquare.com/v/o-café/54de287e498ee741d08cf02c