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Fazenda Santa Vitória: Super acessível entre o Rio e São Paulo, o hotel tem camas cheirosas, cachoeiras e um dos melhores cafés da manhã do Brasil

A Fazenda Santa Vitória é uma antiga fazenda de café, não tão suntuosa quanto outras antigas fazendas cafeeiras (principalmente as do lado fluminense do Vale do Paraíba), mas tem tudo o que se pode esperar de um bom hotel no campo, com destaque para a gastronomia. Imagem: Shoichi Iwashita

Um café da manhã excepcional, dos melhores que já provei no Brasil, não foi em um hotel luxuoso de São Paulo ou do Rio, mas em uma fazenda no coração do Vale do Paraíba, esse corredor espremido entre a Serra de Mantiqueira e a Serra do Mar que é, desde o Brasil Império, o maior produtor de café do mundo (a diferença, naquela época, é que o café era a principal atividade econômica do país).

E a Fazenda Santa Vitória, justamente entre as duas maiores capitais brasileiras e facilmente acessível pela Rodovia Presidente Dutra (a apenas dois quilômetros da BR-116), foi uma dessas fazendas de café, fundada em 1850 (são 3h15 de viagem de carro de São Paulo e 2h45 do Rio).

Convertida recentemente em uma elegante hospedaria, a fazenda não é tão suntuosa como outras fazendas cafeeiras, principalmente as do Vale do Paraíba fluminense, mas ocupa uma área com mais de mil hectares e tem ótima infraestrutura (heliponto homologado, quadra de tênis, bicicletas, sauna seca e caldário aquecidos a lenha, piscina, haras, salão de jogos, horta orgânica) e um conjunto belíssimo de quedas d’água, com rio e pequenas cachoeiras, mais confortavelmente acessível de carro ou a cavalo a partir da casa principal; são três quilômetros de distância (de bicicleta, talvez você tenha de atravessar um córrego e molhe os pés).

Com quartos sem número e sem-chave-mas-com-tramelas (e sem TV, sem frigobar e sem wi-fi, só disponíveis na casa principal; foi a primeira vez em anos que dormi sem pegar no celular, e confesso que foi libertador), a sensação é a de se hospedar na fazenda de amigos.

São apenas 13 suítes. Sete delas estão na Sede (onde me hospedei), a edificação histórica com grandes janelas e portas rústicas de época, e chão de ladrilho hidráulico italiano no largo corredor. Já na construção anexa, intitulada Quintal, você encontra mais quatro suítes com decoração contemporânea e quintaizinhos privativos com gramado e rede. E ainda tem as duas Casas de Montanha, cada uma com duas suítes e cozinha completa (incluindo um fogão a lenha), que proporciona mais privacidade, já que está a 800 metros ladeira acima da sede, e, justamente por isso, oferece vista linda para a propriedade com a Serra da Mantiqueira ao fundo (mas vai ter de descer para comer, e tem de ser de carro; não é muito do paulistano andar quase um quilômetro para tomar café da manhã, ainda mais enfrentando uma subida na volta).

A entrada da sede tem uma agradável varanda. Imagem: Shoichi Iwashita

Assim como os quartos, a cama é espaçosa (os criados-mudos poderiam tem uma superfície maior), o enxoval é de qualidade, e os lençóis são levemente perfumados. Imagem: Shoichi Iwashita

A três quilômetros da casa principal, mas ainda dentro da fazenda, o rio e as cachoeiras são lindos, e uma delícia para nadar. Tem até pedras que parecem banheiras naturais. Imagem: Shoichi Iwashita

OS DESTAQUES DA FAZENDA SANTA VITÓRIA: A GASTRONOMIA E O SERVIÇO

Mas, tirando a qualidade do chuveiro e a pequena área da ducha no banheiro do meu quarto (até entendo porque estava em uma das suítes da sede histórica), e a piscina cuja água esverdeada me desencorajou a entrar, o grande destaque da Fazenda Santa Vitória é a gastronomia, comandada pela cozinheira Mariza, há mais de 30 anos trabalhando na fazenda, desde quando era apenas familiar, com a consultoria do chef Pedro Siqueira, do restaurante Puro, um dos nossos endereços favoritos do Rio de Janeiro. (Também achei interessante encontrar na cama lençóis levemente perfumados; no entanto, nunca tinha visto isso antes e fiquei pensando se pode ter gente que tenha problemas quanto a isso).

Quanto ao serviço, espere encontrar funcionários com sorrisos nos rostos, que são a segunda ou terceira geração de funcionários que sempre trabalharam-trabalham e ainda moram na fazenda (eles até se casam entre eles, é muito bonitinho). E é para não precisar aumentar a equipe e garantir o tempo de descanso e manutenção da propriedade que a Fazenda Santa Vitória só recebe hóspedes de quinta a domingo; com exceção dos meses de julho e janeiro, quando abre todos os dias. 

No café da manhã, ovos fresquíssimos de galinhas caipiras criadas soltas (olha a cor) e cogumelos da fazenda vizinha. Imagem: Shoichi Iwashita

Depois do almoço, pudim delicioso. Imagem: Shoichi Iwashita

No sistema de pensão completa, são sempre duas opções de entrada, duas de prato e duas de sobremesa, em receitas com a consultoria do chef Pedro Siqueira, utilizando apenas ingredientes regionais. Imagem: Shoichi Iwashita

RECEITA PARA UM CAFÉ DA MANHÃ INESQUECÍVEL

A Fazenda Santa Vitória não produz mais café e, hoje, além de hotel, é uma fazenda produtora de leite. E todos os queijos, o iogurte, o doce de leite (com pouquíssimo açúcar, uma delicadeza só) são produzidos na casa com o leite das vacas da fazenda, sem qualquer aditivo químico; o que influencia completamente no sabor (já a manteiga é feita por um senhor de 80 anos de idade). Não só. Além dos ovos fresquíssimos e frutas e legumes e cogumelos que vêm de propriedades próximas (já as folhas e até a pimenta-do-reino vêm da horta orgânica da fazenda), são de produção própria os pães, o waffle de pão de queijo feito na hora (imperdível), a granola perfeita com lascas de coco e as elegantíssimas geleias de pera com lavanda, laranja com cardamomo, e a minha preferida: a de mexiriquinha do mato, uma fruta rara e pequena encontrada na região. É simplesmente a versão caipira do café da manhã com a excelência de um hôtel Palace francês. (É sempre bom lembrar que, aqui na Simonde, não basta mais ser gostoso, caro e elegantemente apresentado; a gente quer saber a origem dos ingredientes, se são orgânicos ou envenenados, se são locais ou vêm de avião, se provêm de comércio justo.)

QUANTO CUSTA SE HOSPEDAR NA FAZENDA SANTA VITÓRIA?

São quatro salas na sede, que convidam à leitura e ao uso do celular por conta do wi-fi.  Imagem: Shoichi Iwashita

Janelas rústicas e enormes que se equilibram com o alto pé-direito das suítes da Sede. Imagem: Shoichi Iwashita

O banheiro conta com amenities e toalhas Trousseau. Só o box é bem apertado e o chuveiro, sem muita pressão. Imagem: Shoichi Iwashita

Apesar dos azulejos azul-claros, a água da piscina estava muito esverdeada. Não tive coragem de entrar. Imagem: Shoichi Iwashita

A fazenda opera com regime de pensão completa, com todas as refeições e atividades inclusas. Para as suítes da Sede, calcule a partir de R$ 1.400 por dia para duas pessoas; para as suítes Quintal, a partir de R$ 1.500; e para as Casas da Montanha, R$ 2.100 por casal.

RESERVAS:

{Faça a sua reserva para a Fazenda Santa Vitória ligando para 55 11 / 3147-1563, passando uma mensagem por whatsapp para 55 11 / 99784-2568, ou clicando aqui}

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Shoichi Iwashita

Compulsivo por informação e colecionador de moleskines com anotações de viagens e restaurantes, Shoichi Iwashita se dedica a compartilhar seu repertório através das matérias que escreve para a Simonde e revistas como Robb Report Brasil, TOP Destinos, The Traveller, Luxury Travel e Unquiet.

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